terça-feira, 30 de junho de 2009

Escrevendo

Escrever aqui tem sido um exercício diário muito interessante para mim. Sempre gostei de escrever. Aliás, sempre gostei de fazer muitas coisas que não faço direito, mas que me dão prazer: escrever, dançar, cozinhar, costurar, bordar... Gosto da sensação de ter conseguido realizar algo eu mesma...

Quando me iniciei nas leituras, havia muito o que ler lá em casa...

Havia aqueles livrões maravilhosos de contos de fadas, que devem ter sido comprados para meus irmãos mais velhos, mas que resistiram bravamente ao longo de décadas e que me deliciaram não só pela leitura, mas pela possibilidade de colorir as ilustrações... Algumas já estavam coloridas. As mais bonitas levavam a assinatura (invisível, mas inconfundível) de Maria Sônia, a irmã com as mãos mais hábeis na execução de quaisquer trabalhos manuais que alguém já teve!

Ah!! Como esquecer isso?! Antes dos livros textuais, passávamos por uma fase preparatória e também fundamental: a "leitura" do "álbum de figuras" de mamãe!! Quantas saudades daquele ábum!! Onde terá ido parar? Lembro de tê-lo folheado com meu irmão Paulinho... Que fim terá levado? Aquele álbum permitiu que minha imagimação infantil "lesse" inúmeras histórias... algumas muito alegres, outras bem tristes... mas todas fantásticas!! Mamãe foi, talvez até sem pretender, uma ótima professora!!

Bem, voltando às letras... quando eu já dominava a escrita também já preferia outros livros... Era uma coleção de clássico da literatura infantilm da editora Melhoramentos. O formato dos livros era reduzido e a capa azul trazia uma ilustração colorida. Um de meus irmãos, se não me engano, Marcelo, juntou os vários livrinhos lá de casa em dois ou três volumes encadernados (houve uma época em que os maiores aprenderam a encadernar livros com papai e houve uma grande restauração de nossa biblioteca infanto-juvenil...) que eu devorava...

Eu lia muito... chorava ainda mais (acho que na época eu chorava escondida, tinha vergonha...)... Lembro que a vendedora de fósforos e o patinho feio quase me matam de tanto chorar!!

Depois da leitura, eu costumava escrever... naquele tempo, se perguntavam o que eu queria ser quando crescesse eu dizia: professora, escritora, desenhista e pintora! (pense numa pirralhinha pretensiosa!!)

Aqui vai uma foto dessa pirralhinha com seus ídolos da época... pena que não coube todo mundo direito na foto... ;-)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Carpe diem

Ultimamente se tem usado estas palavras de um modo muito amplo... às vezes até assustador!

Hoje cedo eu vi na TV imagens muito feias de um acidente que acabou repentinamente com quatro vidas muito jovens. O acidente aconteceu na madrugada de ontem, em uma estrada no perímetro urbano de Juazeiro.

Ao ver a cena, pensei no quão frágil é a vida e no quão tênue é a linha que separa a emoção da dor e do nada... Lembrei do instante em que me descobri viva, depois de ter tido o carro batido em novembro de 2007, foi tudo muito rápido... e, no nosso caso, saímos todos ilesos. Lembro que pensei: O que está acontecendo? Preciso ir para casa, Erick já deve ter chegado...

Aqueles meninos, que traziam no carro uma garrafa de vodca, não tiveram tempo de completar seus últimos pensamentos...

Algumas horas depos de ter visto o acidente na TV, recebi uma ligação de uma amiga comunicando que um daqueles meninos era filho de uma colega de trabalho da Petrobras. Uma menina que conheci quando ela ainda era estudante e estagiava conosco e que depois, já próximo à minha aposentadoria, veio a ser minha companheira de equipe.

As lágrimas que derramei ao pensar na dor dela, com certeza, não podem dar a dimensão daquela dor.

Lembro de como foi doloroso para minha mãe a separação definitiva de seu filho adolescente. Foi muito duro para todos nós, enfrentar a falta de Martinho, mas para mamãe a dor, com certeza era mais profunda, partia do útero...

Não quero falar da morte de Martinho ainda, gostaria de lançar minhas memórias de um modo mais próximo da cronologia real...

Acho que hoje não surgirá nada mais ameno para postar. A não ser uma foto de meu irmão menos parecido com os outros e que teve tão pouco tempo para aproveitar a vida.

domingo, 28 de junho de 2009

São Pedro

Quando eu era menina e morávamos na praia (naquele longínquo pedaço de Tambaú que conhecíamos com Enseada do Gonçalo, mas que hoje é Manaíra...), o dia de São Pedro era "dia santo" e feriado... Parece que Pedro perdeu terreno frente a João, que hoje detém o feriado... e de "dia santo" nunca mais ouvi falar... talvez ainda se existam e eu desconheça...

Pois é, São Pedro era motivo de uma procissão marítima, lá em Tambaú. Era uma coisa muito bonita, mas acho que só vi uma vez. As jangadas enfeitadas e depois os pescadores entrando na igreja com uma miniatura de barco e levando para o altar para ser abençoada.

A gente morava muito longe da igreja "de assistir missa" (tinha uma outra "a igrejinha", que ficava na nossa rua, mais era desativada e servia mesmo de palco para nossas brincadeiras de moleques de praia) e eu acho que não íamos à missa com tanta frequência como quando morávamos "na cidade".

A missa que se seguiu à procissão de São Pedro ficou na minha memória pela beleza dos pescadores descalços, calças no meio das canelas e chapéus nas mãos, entrando na igrejasegurando o barco-andor... Sempre que penso nela, quando escuto minha cunhada Odinete falar "a missa foi linda"...

Bem, mas São Pedro me traz outras lembranças: havia festa nesse dia também! Sempre guardávamos uma parte dos fogos que papai comprava para soltarmos na véspera do São Pedro...

Falo estas coisas porque nos últimos dias tem havido uma intensa queima de fogos na pracinha em frente ao prédio onde moro, mas hoje não ouvi nenhum barulhinho de traque de massa... nem uma bombinha... fiquei com pena do pobre Pedro!

Acho que a queima de fogos, assim como quase todos os nossos costumes atuais, são ditados unicamente pelo mercado. Os fogos, assim como as festas com forró, já não estão muito ligadas aos santos... Em breve, quem sabe, teremos, como no sudeste, as festas juninas e as "julinas" e os santos serão deixados em seus altares quietinhos.

Bem, hoje eu ilustrarei minha lembrança com uma foto em que estou com meu irmão Felipe. Estamos vestidos de matutos (e não de caipiras!!) para a festa da Escola Modelo. Eu era do Jardim de Infância e aquele foi meu primeiro ano de escola.

Lembro que a Felipe, que já era do segundo ano, até ensinaram a fazer balão... que ainda não era algo tão perigoso e nocivo! Aliás, se não me falha a memória, o balão que fizemos lá em casa não subiu... ;-)

Sobre nossa caracterização, acho que meu vestido foi feito por mamãe. Eu achei lindo!! Depois ele foi recustomizado e usado normalmente (coisa que aprendi muito bem a fazer com meus pais: reciclar!!).

A foto não revela, mas eu fui maquiada pela primeira vez nesse dia... me colocaram "rouge" e baton (acho que era o máximo de "pintura" que se usava lá em casa... Tinha também "pó compacto", mas acho que esse não me passaram...). A "maquiagem" de Felipe está mais visível, mas eu lembro que aquele bigode e aquelas costeletas foram difíceis de serem pintadas com (segundo o registro de minha memória...) rolha queimada!!

sábado, 27 de junho de 2009

Não é um pé de milho, sou eu!!

Trabalhos domésticos

Hoje estou exausta, acho que tudo que eu precisava hoje era me sentir assim, totalmente sem forças físicas... cansada de fazer trabalhor braçais que me ocuparam a mente e que não me deixaram pensar em tristeza ou frustração...

Fui limpar a casa da praia com uma faxineira (ótima!) e estive ocupada o dia inteiro. A casa ficou deliciosa. Adoro pisar descalça em chão limpo!!

Isso me traz de volta a lembrança daquela varanda de ladrilhos vermelhos sextavados onde deitei e rolei tantas vezes...

E lembro a folia que era lavar a casa (eu só não gostava de torcer os panos de chão, como não tinha força nas mãos, era uma tarefa muito difícil! Aliás, eu gostava de ver como papai espremia o pano e deixava-o praticamente seco...).

A manutenção daquela casa enorme em que passaei a infância (parecia ainda maior, aos olhos daquela pirralhinha de menos de um metro...), absorvia muita mão-de-obra!

A masculina era usada na lavagem da casa (salas e quartos com pisos de mosaicos coloridos), no enceramento dos quartos (alguns tinham pisos cobertos de tacos), no corte do gramado e no transporte das compras feitas na feira (praticamente vizinha de nossa casa!).

A feminina não era dispensada da lavagem da casa nem do enceramento (se bem que esse era disputado pelos meninos, que, acho eu, aproveitavam a enceradeira elétrica para brincar de dirigir carros...), mas era a grande e única responsável por varrer a casa diariamente (tarefa que deploro até hoje) e pelas funções de ajudante de cozinha (que incluiam pisar os temperos; descascar e cortar legumes; catar feijão e arroz; ajudar no preparo de bolos; arrumar a mesa antes e depois das refeições; e a odiosa lavagem de louças e panelas...).

Os meninos só eram chamados a colaborar no preparo de comidas juninas (isto é, na moagem do milho).

Eu, na realidade, não achava tão ruim ser ajudante de cozinha... Comecei muito cedo na função e fazia quase tudo com muito gosto! Acho que meu talento para a coisa foi reconhecido, pois aos 12 anos assumi a posição de boleira titular (só era substituída nas ocasiões mais formais..).

As lembranças de hoje merecem uma foto no quintal lá de casa... ;-)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Não é um jarro, sou eu!!

Procissão de formigas

Bem, são dois os principais motivadores da minha iniciativa de gerar este blog: meu filho querido, que tanto gosta de ouvir as maluquices que lhe conto sobre minha infância, e meu irmão escritor de memórias, que me fez trazer à tona tanta coisa que estava bem guardada...

Não sei se vou persistir escrevendo, mas farei isso sempre que uma lembrança estiver incomodando meu juízo!

Minha memória mais remota...

Estou sentada no chão, de cerâmica vermelha sextavada, no terraço de nossa casa da Pedro II...

Observo as formigas que passam carregando folhinhas picadas que pegaram no jardim e entram em um buraquinho que existe entre as peças da cerâmica...

Não há mais nada no mundo, só eu que olho e as formigas que trabalham...

Elas são pretas, de cintura fina e algumas, para mim, usam lenços brancos nas cabecinhas... Depois me disseram que seriam os filhotes...

Será? Eu pensava que elas participavam em um tipo de procissão...