quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Feijão verde, cadê você?

Hoje eu estava com muita vontade de comer feijão verde no almoço... Mesmo estando com as panturrilhas (minhas batatas das pernas se sentem muito chiques com esse nomes que lembra "salsaparrilha", que é uma palavra que eu escutava lá em casa, quando era pequena...), eu saí pelas redondezas em busca de um menino que estivesse vendendo meu feijãozinho já debulhado...
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Lá em casa, não lembro de feijão verde ser comprado assim quase pronto... Papai comprava as vagens amarradas em feixes e nós passávamos um bom tempo debulhando-as e expulsando as lagartas que vinham escondidas em algumas delas... Eu gostava da "farra da debulha", mas não gostava nada de ser convocada para a "varrição" da sujeira que ficava no "terraço da cozinha"...
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Nunca fui amiga de vassouras... quer dizer, até gostaria de ter uma daquelas voadoras... usadas pelas bruxas... Aliás, houve um período em minha vida em que assumi meu lado bruxa... na época, fantasiava ter uma vassoura voadora que me levava aonde eu queria estar... Na verdade, minha imaginação aliada à tecnologia substituíam a vassoura que nunca tive... nem vassoura, nem tapete mágico pobreza total!!
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Agora... o uso mais corriqueiro das vasouras, varrer o chão, sempre foi uma tarefa deplorável da qual eu fugi... Acho que minhas mãos são inábeis para vassouras e violões... Todas as vezes que tento usar um desses instrumentos, tão distintos, acabo com as mãos machucadas...
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Bem, cá estou já tão distante do meu feijão verde... que, por sinal, também esteve muito longe de mim... percorri boa parte do bairro, se encontrar sequer um saquinho disponível para venda... Se eu quisesse comprar quiabos seria bem diferente, mas não dá para substituir um pelo outro... Voltei para casa com vontade de comer frango na cerveja... melhor assim, já preparei nosso almoço e escrevo aqui enquanto Erick não chega da faculdade...
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Eu sempre gostei de cozinhar, de misturar ingredientes e ver o resultado... Meu filho é um ótimo "cobaia" para minhas experiências culinárias... Raramente ele pede que eu não faça mais determinado prato, mas, como eu nunca consigo repetir uma receita exatamente como fiz uma vez, eu acabo fazendo alguma variação que ele consegue comer "na boa".
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Guardei minha vontade de comer feijão verde para sábado. Vou procurá-lo mais longe de casa!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

De pés no chão!

Ontem eu estive na universidade para tentar conseguir a documentação que a Petrobras acha suficiente para provar que Erick é universitário e que tem, portanto, direito a continuar como meu dependente na AMS.
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Gente, essa novela tem me tirado do sério... hoje teve mais um capítulo, mas nem vou comentar, para não aumentar minha raiva e meu nível de estresse...
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Prefiro falar dos encontros que tive ontem à tarde, na faculdade, enquanto aguardava para ser atendida na Secretaria Geral de Cursos. Como encontrei minhas coleguinhas "na hora do recreio", conversamos muito "miolo de pote"... ;-)
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Da admiração ao sapatinho bonito, mas muito pequeno para um pé como o meu (número 38!), usado por Verônica, passamos a falar sobre calçados em geral. Eu lembrei logo que meus pés adoram estar descalços... um vício que eles adquiriram quando ainda eram obrigados a usar meias soquete com sapatos tipo "boneca"...
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Aqueles sapatos eu adotei como meus com meus prediletos para sempre! Com ligeiras modificações, é o calçado do meu dia-a-dia. Mas as meias eu dispensei tão logo deixaram de me ser cobradas.
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Uma das grandes vantagens de ter vivido boa parte da infância na praia é ter crescido com os pés (literalmente) no chão! Não lembro direito, mas acho que nunca usava chinelos em casa... (na foto ao lado, meus "pezinhos" para cima. na praia do Gunga, em Alagoas)
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Nas minhas lembranças, meu primeiro chinelo foi uma "japonesa" (engraçado como elas mudaram de nacionalidade e hoje são "havaianas"...) vermelha, mas eu já era grandinha.. talvez já tivesse atingido uma idade de dois dígitos! Antes delas, lembro que gostava de usar meus sapatos como chinelos (lá em casa, esse uso era chamado "achichelar os sapatos" e era muito coibido!), quando não dava para estar descalça...
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Bem, viver sem sapatos era muito bom, mas trazia alguns contratempos...
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Quando a gente morava no Gonçalo, um dos lugares prediletos para brincarmos era a "igrejinha", uma capela abandonada que havia na nossa rua, pouco antes do início da "mata". Acontece que o local também era muito usado pelas cabras da vizinhança (que deixavam o chão coberto de cocô... um cocozinho muito bonitinho, bem parecido com as "olivas" que colhíamos no convento dos capuchinhos, no Cabo Branco...
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Na foto acima, a setinha vermelha aponta para a nossa casa... a cruzinha amarela marca a "igrejinha", era 1957 e nossa "mata" já começava a dar lugar ao enorme loteamento que hoje é Manaíra...

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Mais raramente, a vaca Boneca e sua companheiras também iam àquela igrejinha e deixavam suas marcas fecais (essas nem um pouco bonitas!)... Bem, nós éramos mesmo moleques do mato e não nos importávamos muito se o ambiente estava limpo!
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Ao lado da igrejinha, havia muitas fruteiras. Era a "antessala" da nossa deliciosa mata de cajus e araçás! Passei muitas tardes por ali...
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E ali eu conheci aquelas enormes "formigas de roça", cujas "mordidas" pareciam querer arrancar pedaços de nossos corpinhos; as terríveis "lagartas de fogo", que eu achava lindas, mesmo conhecendo a dor que causavam; e os "bichos de pé"... esses eram meus grandes inimigos ali!
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Acho que não se passava uma semana sem que mamãe tivesse que fazer uma "operação" em um de nós, para extrair aqueles bichinhos que adoravam morar em nossas unhas dos pés...
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Como papai sabia que certamente teríamos contraído alguns vermes por ali, nos dava um "purgante" enjoativo para beber, vez por outra... eu detestava beber aquilo, mas não havia como escapar!!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cosme e Damião

Gente, ontem foi um dia cheio de significados!!
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Como "postei" aqui muito cedo, antes de sair de casa ou de ler as notícias do dia, não falei sobre isso, mas falo agora...
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Ontem foi o dia dos gêmeos Cosme e Damião... foi o Dia do Idoso... do médico cirurgião... da doação de órgãos!
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Antes de vir morar aqui em Salvador, eu não havia visto nenhuma especial pública em 27 de setembro... Aqui em Salvador, esse é um dia de "caruru de preceito"... Um dia em que muita gente oferece caruru completo (gente, é muita comida! E cada item tem um significado específico. Um dia vou aprender mais sobre o assunto... Por enquanto, eu só entendo de comer o caruru! ;-)
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Sei que uma parte do caruru deve ser servido para crianças (acho que para doze crianças... e acho que elas representam os orixás meninos, os "ibejis"... mas meus conhecimentos religiosos são mesmo próximos do zero...), que sempre se coloca um quiabo inteiro e que aquele que "for premiado" com o tal quiabo fica obrigado a oferecer um caruru no ano seguinte, na mesma data... Eu nunca fui "sorteada"! ;-)
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Durante esse tempo em que moro aqui, vi nascer, e se firmar, o costume da distribuição de doces entre as crianças... Eu conheci esse costume no Rio, nos anos 70. Naquela época, não havia isso aqui! Acho que os fabricantes de balas cuidaram de implantar a "tradição". Hoje, no dia de "Cosminho" Salvador acorda cheia de crianças espalhadas pelas esquinas, pedindo doces (ou dinheiro, ou qualquer outra coisa!)... crianças de todos os tamanhos...
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Bem, a comemoração do dia dos santos parece mesmo vir do sincretismo com o candomblé... Como nessa religião os gêmeos teriam um irmãozinho (Doum), está explicada a homenagem às crianças...
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A dupla também tem a ver com a Medicina (eram médicos) e, parece que também pode ser relacionada aos transplantes... Em um afresco pintado por Fra Angélico, eles teriam sido representados fazendo um transplante de perna!!
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Meu irmão Felipe é transplantado (recebeu um rim de Bartolomeu) e eu sou fã incondicional dessa técnica! Espero que depois de minha morte eu possa ajudar pessoas a viver com os órgãos que puderem ser aproveitados para transplante. O que não puder ser utilizado por outra pessoa, quero que seja cremado!
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Bem, eu só não entendi ainda qual a relação dos médicos gêmeos com os idosos... ;-) Nunca vi santos tão ecléticos, mas sei que aprendi a gostar deles!
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Quando eu era pequena "cosme-damião" significava polícia! Era como se chamavam as duplas de policiais que passavam de farda "cáqui" e capatete branco...

domingo, 27 de setembro de 2009

De cachimbos e cachimbeiros...

Domingo, pé de cachimbo... ou será "domingo pede cachimbo"?
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Hoje é domingo
Pé de cachimbo
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo.
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Eu não conheci essa musiquinha (ou parlenda?) quando criança... Não lembro se aprendi isso com algum sobrinho, ou se foi com Erick... Mas só hoje me ocorreu que o tal "pé de cachimbo" é meio estranho...
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Mamãe falava em gente que era "pé de valsa" e que papai era "pé de chumbo", ela me explicou a razão e eu entendi direitinho... mas o tal "pé de cachimbo" me apareceu depois que eu já não tinha mamãe para me explicar nada...
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Bem, cachimbo, na minha vida apareceu muito precocemente...
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Quando eu era guria, a única pessoa que fumava (pelo menos abertamente) lá em casa era Sóstenes, que até nos fornecia (à "pirralhada") o papel das carteiras de Hollywood e de Continental (sem filtro, argh!!), que nas nossas mãos viravam cédulas de dinheiro...
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O papel laminado que protegia os cigarros também era reciclado por mamãe, que, depois de colocá-lo de molho em água e separá-lo cuidadosamente do papel branco que ficava do lado oposto, juntava-o a uma bola (que para mim era enorme) que fazia com todo o papel-alumínio que lhe chegava às mãos... nunca lhe perguntei para que serviria aquela "bola" pesada e meio disforme... além, é claro, de machucar pezinhos delicados... ;-)
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Bem, apesar de ter visto Sóstenes fumando e sendo repreendido por papai desde muito cedo, acho que a primeira fumante com quem convivi foi Zulmira, nossa lavadeira e minha "assessora para assuntos aleatórios". Eu adorava ficar do lado dela, enquanto ela passava ferro na roupa... Ela, ao contrário da maioria das pessoas lá de casa, conversava muito comigo!
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Além de conversar, eu gostava de ver ela acender o cachimbo nas brasas do ferro de engomar... Não gostava do cheiro do cachimbo e tinha nojo daquilo que a fazia cuspir muito enquanto fumava, mas achava bonito o cachimbo e o processo de acendê-lo.
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Na época, eu acho que tive um cachimbinho de fazer bolhas de sabão... Não tenho certeza se ela existiu fisicamente, mas existe entre minhas lembranças e faz bolhas enormes... muito coloridas e que voam muito alto, sem estourar nos galhos e folhas da goiabeira que ficava em frente ao "quarto do engomado"... Era Zulmira que me preparava o sabão para as bolhas...
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Voltando ao cachimbo, não ao de Zulmira, do qual eu não tenho saudades! Lembro que meu irmão Carlos fumou cachimbo quando ainda morava lá em casa... Era um cachimbo bonito como o de Sherlock Holmes (mais bonito ainda, era lindo!) e abastecido por um fumo de aroma delicioso, que vinha em envelopes coloridos que dariam belas e preciosas cédulas, se eu ainda fosse criança...
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Uma de minhas lembranças relativas ao cachimbo de Carlos remete a uma lavagem com conhaque, mas não tenho certeza disso...
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O fumo que Zulmira usava vinha de uma daqueles rolos feios que ficavam sobre os balcões das "bodegas" no Mercado... (eu tinha nojo daquilo: parecia cocô de cachorro!) Era ela mesma que picava seu fumo com uma faquinha suja, antes de encher seu cachimbo, que acho que também era comprado na feira...
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Acho que domingo realmente pede um cachimbo daqueles dos de Carlos... nem que seja só o aroma daquele fumo queimando...

sábado, 26 de setembro de 2009

E tem carrossel de cavalinhos, porque hoje é sábado!

Hoje é sábado e eu estou aqui, como se fosse outro dia qualquer... O dia da semana não tem a mínima importância, quando estou com minhas recordações
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Eu aproveitei o dia de hoje para acordar naturalmente, sem o chamado do despertador. Abri os olhos às 7:45h. Há muito eu não acordava assim... nem tão tarde!
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Havia pensado em ir à praia, mas para isso eu teria que ter acordado bem mais cedo. Fica para a próxima semana. Já prevejo que amanhã não haverá tempo para esse projeto que venho protelando já há algum tempo...
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Assisti a novela e pude ver um carrossel de cavalinhos que me lembrou aqueles que me deixavam tão feliz durante a Festa das Neves, quando eu era pirralha...
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O carrossel erra meu brinquedo predileto! Eu não lembro da época em que eu ainda não podia cavalgar um deles. Na minha memória, apareço correndo para pegar um cavalinho desocupado, algumas vezes sendo "atropelada" por um menino maior que me deixava "sobrando" e eu tinha que me conformar em girar sentada naqueles bancos humilhantes...
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Os bancos do carrossel, ainda que fossem bonitos (não como os do brinquedo que apareceu na novela hoje, em algum lugar de Paris...), não eram o lugar ideal para uma criança esperta ocupar em um carrossel...
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Os cavalinhos que estão na minha memória não são tão "psicodélicos" como os da figura que ilustra esta lembrança, mas também são bem coloridos... Eu gostava de escolher minha cavalgadura pela cor... queria sempre os cor-de-rosa...
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Parece que os meninos, pelo menos os maiores e mais ágeis do que eu, não gostavam muito daquela cor... Eu só tinha a agradecer pela não-preferência deles!
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Lembro de mamãe girando conosco no carrossel. Quando levava um dos menorezinhos, ela mesma ia sentada no banco ou segurando o pequeno montado em um cavalinho... Com Paulinho, fui eu que muitas vezes assumi o papel de acompanhante... Bem que dava vontade de montar em um daqueles cavalos coloridos, mas a responsabilidade de cuidar do irmãozinho era coisa que eu levava muito a sério!
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Acho que foi quando Martinho era pequeno que mamãe caiu em um daqueles carrosséis... Ela nos colocou no carrossel e ficou do lado de fora, esperando a "rodada"... De repente, ela percebeu que seu pequeno não estava em segurança e correu para ajudá-lo... Naquele momento, o brinquedo começou a girar... Ela, que estava segurando em uma das barras para subir no corressel, foi derrubada e caiu com as pernas sob o brinquedo que foi parado imediatamente...
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Acho que ela só sofreu alguns arranhões... lembro que pediu que não comentássemos em casa... papai poderia não gostar de saber e até poderia nos proibir de ir ao parque... Ela gostava daqueles brinquedos da Festa tanto quanto nós!
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Quanto a papai, acho que ele não gostava... pelo menos na época em que eu era menina... talvez ele tenha levado os mais velhos para brincar em parques... ou talvez não... eu não lembro de ver pais com os filhos na Festa das Neves... via mesmo era muitas mães!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Amigo de infância

Jorginho é meu amigo de infância. Foi em finais de 1977, quando eu já estava com 26 anos, que nos conhecemos, mas isso não muda nada: nossa amizade é mesmo do tipo "de infância"!
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A afinidade que existe entre nós só seria maior se ele gostasse de dançar... Mas aí talvez ficasse chato, pois eu poderia me apaixonar por ele e, quem sabe, nossa amizade fosse contaminada por sentimentos que nós dois deploramos, como ciúme e posse...
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Jorginho foi meu colega de trabalho, ainda que nunca tenhamos sido parceiros em projeto algum. Enquanto eu era analista de desenvolvimento de sistemas de informação (acho bonito esse nome... muito melhor do que o velho "analista de processamento de dados", do tempo em que comecei na profissão...), ele era analista de pesquisa operacional (basicamente, desenvolvia modelos matemáticos para otimização de processos...).
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O pessoal da "p.o." sempre foi a elite da nossa equipe e eu admirava muito aqueles pequenos gênios... Como a maioria deles era oriunda do Recife, foi muito natural a amizade que surgiu entre mim e toda a equipe, só que Jorginho e Godói (os solteiros do grupo) logo se tornaram meus melhores amigos na Empresa.
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Formamos uma espécie de família pernambucana aqui na Bahia... Nosso "irmão mais velho", Jabes, nos acolhia em casa e seus filhos nos consideravam tios. Jorginho e Godói eram os irmãos que eu não tinha aqui... com a vantagem de se interessarem em me conhecer os gostos (meus irmãos verdadeiros achavam que me conheciam, pois uns me viram nascer, outros cresceram comigo...), em me chamarem para sair, me olharem como adulta.
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Com Jorginho eu ia (e vou, até hoje) principalmente a programas culturais, como teatro, cinema, balé... Godói era companhia, preferencialmente, para a praia, o bar, e a dança (esse sim, adorava dançar, como eu!)... Com ambos, eu frequentava a casa de Jabes, onde jogávamos WAR, buraco e sei-lá-mais-o-quê (e onde fazíamos festas muito animadas, que sempre acabavam em frevo rasgado!) e, mais tarde, a de Abilene, como passávamos dias deliciosos rindo, bebendo e brincando na piscina e comendo as delícias que só ela (entre nós) sabe cozinhar...
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Foram "os meninos" que cuidaram de mim e que me ajudaram muito quando Erick nasceu... Era com eles que eu contava para fazer minha feira, levar Erick à emergência médica (quando ele precisava), enfim, essas coisinhas que a família faz pra gente...
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Godói foi embora para Recife e desde dezembro que perdi o contato com ele...
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Jorginho continua muito presente na minha vida e eu espero que ele não me abandone também!!
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Hoje, depois de assistir aula, resolver alguns pequenos problemas (e não conseguir resolver outros), fui à bilheteria do TCA comprar ingressos para ir com ele ver a Spok Frevo Orquestra (http://www.youtube.com/watch?v=g57IiOZsdLg) no próximo domingo. Ao chegar em casa, encontrei um pacote da Saraiva... pensei logo que seria "arte" dele... e estava certa... Ele me mandou o dvd Carioca ao Vivo, de Chico Buarque...
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Jorginho nunca erra, quando me dá um presente! (ao contrário de meus irmãos mais velhos... dois deles, por não me conhecerem direito, até já me deram réguas de cálculo de presente!!) ;-)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Não gosto de leite!

Quando eu era menina, era obrigada a beber leite todos os dias... pela manhã e à noite... Havia uma vigilância muito grande em relação a ingestão daquela bebida que nunca me atraiu. Acho que já comentei aqui: todos os dias eu tentava sair da mesa sem usar a xícara e era chamada de volta para beber aquele leite morno (quente eu não suportaria!) com Nescau (pelo menos havia o Nescau, para amenizar o gosto ruim...). No dia em que não me chamaram (geralmente era papai que chamava) eu me senti livre daquela penitência.
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Ao mesmo tempo em que beber leite era uma obrigação (quase um castigo) para mim, era um grande prazer para meus irmãos... Lembro que Maria Sônia bebia leite quente e puro... aquilo me revirava o estômago!
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E ainda havia a opção da coalhada (que papai tomava no lugar do leite) que tinha um gosto diferente, mas não menos ruim... Eu ficava com o café! Só quando surgiu o iogurte industrializado, já na minha idade adulta, eu comecei a beber uma bebida láctea...
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Lembro que meus pais contavam maravilhas sobre dormir na fazenda, acordar cedinho e ir ao curral beber leite "no pé da vaca" (eu sempre achei muito nojenta essa história, pois vaca tinha pés muito sujos, pisava em lama e no próprio cocô!)...
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Como falei anteriormente, em toda minha vida, eu fui "ao sertão" muito poucas vezes e a frequência de minhas visitas às fazendas de lá é ainda mais insignificante... Mas um dia eu fui tive oportunidade de vivenciar aquela maravilhosa aventura... Estávamos na casa de Tia Lilia e fomos a Santa Clara (a fazenda dela) bem cedinho... a ideia era que o café da manhã fosse lá... e isso incluía o leite no curral...
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Lembro que era ano "de fartura" no sertão, que havia chovido muito e a paisagem era verdinha. Lembro que fomos para a fazenda, como sempre, em um jipe que nossa tia contratava (meu pai já havia vendido o nosso) perto do mercado.
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A "viagem" foi uma verdadeira aventura... tivemos que atravessar um riacho (outras vezes, quando não havia chovido o suficiente, eu já tinha ido por lá sem aquele riacho), passar em barreiras enlameadas que faziam o jipe andar meio de lado... Uma autêntica trilha de "rally"!
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Chegamos lá diretamente para o curral, uma vez que estávamos sendo esperados para o banquete... Gente, sentir o cheiro e olhar para aquele copo de leite espumoso (nojento!) e fedido que deram para meu pobre irmãozinho beber (tive muita pena de Paulinho naquela hora! Mas o pior é que ele só pediu para colocar Nescau...) foi o bastante para passar minha fome ou vontade de comer algo! Sei que devem ter me achado "metida a besta", mas saí de lá sem sentir o gosto do famoso "leite no pé da vaca"!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Lembranças geladas, ainda que não tão frescas...

Hoje é o Dia do Sorvete!! Esse eu não conhecia, mas adorei saber que existe... para mim, é muito melhor que o Dia da Pizza!!
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Minhas primeiras lembranças doces e geladas são da sorveteria de tio Zé... Ou melhor, de tio Zé ter uma sorveteria (não lembro de tê-la visitado ou mesmo avistado ao longe)... Lembro de Maria Sônia pintando plaquinhas indicativas dos sabores dos sorvetes em pedaços de cartolina branca...
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E lembro de uma "barruada" (uma trombada!) que dei em Felipe... Estávamos brincando, correndo ao redor de casa quando sofremos um "baita" encontrão... Lembro do enorme galo que me subiu imediatamente e de como eu chorei com a dor... mas lembro que depois mamãe mandou que Sóstenes fosse buscar picolés na sorveteria de tia Zé (acho que a sorveteria ficava em Jaguaribe, não sei como os picolés não derreteram, pois não haviam inventado o "isopor", muito menos o "isonor", como chamávamos...) para as vítimas do acidente... No final, eu acabei adorando aquela pancada! ;-)
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Naquela época, passava lá por casa um sorveteiro com sua carrocinha, anunciando seu produto através de uma buzina de borracha... O carrinho (azul!) era de madeira e bem menos sofisticado ou enfeitado que os que vemos agora pelas ruas...
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Dentro daquele carrinho azul, não faço ideia de "como", duas latas grandes cheias de sorvete (cada uma de um sabor diferente)... Próximo aos "braços" da carrocinha, havia uma portinhola que aberta, revelava dois compartimentos: um cheio de "casquinhos" (que eram de dois tamanhos: os pequenos, brancos, sem graça e sem sabor; e médios, de cor parecida com os casquinhos atuais e de sabor agradável) e um outro para guardar o dinheiro... As bolas de sorvete eram servidas com colheres apropriadas, nunca mais de duas no mesmo casquinho!
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Ganhar um sorvete daqueles era motivo de muita alegria para mim! Da mesma época, me chegam as lembranças dos sorvetes do Armazém do Norte e de minha vontade de conhecer a Sorveteria Paquetá.
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Paralelamente, vislumbro outra lembrança também saborosa... lembrança dos picolés e das tentativas de sorvete caseiro, que mamãe fazia vez por outra... Lembro que um dia Marcelo assumiu a "fabricação" dos nossos "sorvetes" de abacaxi... ele introduziu claras em neve, na receita de mamãe... e também bateu as "pedras de sorvete" no liquidificador em busca de uma cremosidade que eu não vi... Mas o sabor daqueles "abafa-bancas" era sempre delicioso!
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Isto é... desde que a fruta usada não fosse o abacate ou a mangaba... duas frutas que nunca me atraíram! O abacate, pelo sabor, que não tem nada de refrescante nem de doce (duas qualidades que busco nas frutas que consumo!). E a mangaba pelo cheiro enjoativo que sempre me dá nauséas e me impede de apreciar o sabor...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Primavera!!

Chegou a Primavera!! Eu nem vi... estava na aula de Pilates... ainda bem que tinha muita gente esperando por ela, que deve ter sido bem recebida!!
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Quando eu era pequena sempre esperava que uma prima chamada Vera aparecesse lá em casa... Mamãe sempre falava que a Primavera chegava em setembro... eu queria que ela viesse para o meu aniversário e me trouxesse algum presente!!
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Aliás, esse ano eu até posso considerar que ela chegou como eu esperava antigamente, pois além das begônias que Américo deixou aqui no prédio logo cedo, ganhei rosas de Jorginho... "Minha casa" (que tem muito verde) está bastante florida!! Só falta brotar outra "florzinha-que-não-sei-o-nome" no vasinho que mantenho na janela da área de serviço...
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É uma daquelas plantinhas cujas sementinhas são vendidas em envelopes nos supermercados... Eu comprei quando vim morar aqui, em março do ano passado. O envelope era ilustrado com um buquê bem cheia e muito colorido... Achei que não custava tentar... Semeei em um vaso de tamanho médio e ela já floresceu duas vezes... cada floração foi de apenas uma flor, mas sempre uma flor encantadora, com a qual posso conversar durante uma semana!
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As flores sempre me encantaram... quando morávamos em Recife, nossa casa (era alugada, mas, na época, era nossa!) tinha um jardim muito rico em flores, apesar de não ser tão grande, pois quase toda a área era ladrilhada e só havia canteiro ao longo dos muros...
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Havia um pé de muguet, que para nós era "mimo-do-céu", que dava lindos cachos cor-de-rosa e brancos (ou seriam dois pés emaranhados?), que eram constantemente pedidos por pessoas que queriam usá-los em buquês de noivas. Também havia vários pés de um trepadeira amarela que conhecíamos como "dedal-da-rainha", que estavam sempre floridos.
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Alem dessas, lembro de umas flores (acho que também era trepadeira) estranhas que chamávamos "flores-de-madeira" e que eram muito usadas em arranjos natalinos pela família toda... Se não me falha a memória, essas foram, inclusive, objeto de uma proposta de compra por uma floricultura (que parece que costumava comprá-las à dona da casa, d. Yolanda)... não lembro se mamãe as vendeu...
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Naquele jardim também conheci uma flor da qual eu não gostava muito... Era chamada, pelo menos por nós, "camarão"... Hoje em dia já não a considero feia, mas era assim que eu achava naquela época... feinha e sem perfume... totalmente sem graça, quando comparada às companheiras de jardim...
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Eu não a achava bonita, achava que parecia comigo...
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A pose da foto foi na frente do enorme pinheiro que havia na frente da casa... Nela estou com meus irmãos: Bartolomeu, Felipe, Fernando (ajoelhado) e Martinho (de costas, acho que estava mostrando algo a Bartolomeu...)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Cidade Pomar

Hoje é o Dia da Árvore... eis aqui um dia que conheço desde pequena... Como já disse aqui, plantei, em conjunto com meus colegas e com minha professora (d. Gracilda) de Jardim de Infância, uma árvore em 21/09/1956... E assim se passaram 53 anos!! ;-)
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Espero que ela tenha crescido forte e robusta, que tenha dado sombra, belas flores e bons frutos, pelo menos durante alguns anos, pois acho difícil que ainda sobreviva, uma vez que deve ter sido plantada no terreno reservado ao complexo Escola Modelo / Lyceu / Escola de Professores e hoje já não há tantas árvores ali...
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Mas aquela região era mesmo muito arborizada... aliás, toda minha pequena João Pessoa o era! Lembro que até ganhou o título de segunda cidade mais verde do mundo... Título que motivou o orgulho dos pessoenses por muito tempo! Como a cidade cresceu e se expandiu, como todas, movida pela especulação imobiliária, ruas arborizadas passaram a não ter tanta importância... As árvores só estão presentes mesmo naquela região entre a Lagoa, cujo bambuzal já não é tão denso, e a Praça da Independência (se estendendo pela Bica, é claro!)... pelo menos é como tenho visto, nas últimas vezes em que tenho visitado minha terra (confesso que essa impressão não é tão precisa, pois eu tenho circulado pouco pela "cidade"...)
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Viver numa cidade cheia de ipês (que nós chamávamos "paus-d`arco") era um privilégio!! Não lembro qual era a época do ano em que ficavam floridas todas aquelas árvores da rua da avenida Getúlio Vargas, quando eu estudava no Lyceu... A gente pisava em um verdadeiro tapete de flores roxas ou amarelas (lá na frente do colégio predominavam as amarelas...). Fazíamos colares como os havaianos, enfiando flores uma no cálice da outra... Como usávamos as flores caída, logo murchavam, mas era muito bonito assim mesmo!
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Talvez eu tenha participado da plantação de um pezinho de pau-d`arco... ou mesmo de um jambeiro, outra árvore muito comum nas ruas daquela região da cidade, ou de uma mangueira...
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As Coremas era a rua dos jambeiros... Na verdade, as árvores ainda estão lá, só não sei se ainda dão aqueles deliciosos e carnudos jambos que catávamos no chão (que minha mãe não soubesse que eu comia "jambo do chão"!) ou mesmo que ganhávamos de colegas que os colhiam sei lá como... acho que atiravam pedras... Subir naquelas árvores era impraticável e ninguém dispunha (na rua) de instrumento para colheita (isto é, uma vara comprida com um saquinho, uma cestinha ou mesmo uma lata presa na ponta)...
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A João Machado era a rua das mangueiras... as mangas-espadas daqueles pés eram mais doces e mais suculentas do que qualquer uma que pudesse ser comprada na feira!
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Até mesmo pequenos arbustos havia espalhados pela cidade... lembro que a Praça da Independência era cercada de pés de groselha, que eu colhia para chupar, quando ia em direção às Lourdinas...
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Hoje, se as frutas ainda existem, devem ser colhidas pelos meninos que as vendem nas "sinaleiras"... Não sei se ainda teriam o mesmo sabor que tinham nos melhores anos que vivi em João Pessoa (entre 1966 e 1968, ano que nem terminou...)

domingo, 20 de setembro de 2009

Festejando!

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Meu aniversário... Sempre planejo comemorar, um dia, essa data à altura... Com uma festa de arromba, num local tão bonito quanto o La Tertulia (onde celebramos o centenário de nascimento de papai) ou como aquele onde aconteceu o baile de formatura de Thaciana... Se bem que isso não é mesmo tão importante... O que importa mesmo é que a festa seja muito alegre e dançante!! E que acabe em frevo e ciranda, como as melhores festas da minha vida!

.Acho que farei a festa nos meus 100 anos (não está tão distante, essa data... são só mais 42 anos...)!! Como continuo mantendo laços de amizade com jovens da faixa dos vinte, acho que vou convidar muita gente "sex(y/agenária)" para o evento... ;-) Claro que pretendo ter a presença de gente da minha faixa etária também... não gosto de exclusividade, quero comemorar meus cem anos, também, com quem conheceu o mundo antes da internet!!
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Minha primeira festa de aniversário de que tenho lembrança foi em Recife... quando completei 22 anos...
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Naquela época meus irmãos que foram meus contemporâneos de universidade já estavam formados, e casados, e eu morava com amigas em um apartamento na Ilha do Leite. A festa foi para comemorar não só o meu aniversário, como também o de Ely, namorado de minha colega de apartamento Fátima...
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Foi uma festa de estudantes sem grana, mas foi muito animada, pois ali moravam estudantes de Engenharia, Odontologia, Economia, Arquitetura e Medicina... O apartamento ficou pequeno (já era pequeno, mas encolheu ainda mais!) para tanta gente e eu nem lembro quem compareceu... Só lembro que estava muito alegre e que Fátima comentou com Ely que eu havia "bebido todas"... ele, que na qualidade de meu "irmão mais velho" (já que eu não tinha irmão nenhum ali e ele tinha duas ou três irmãs, além da namorada e as irmãs dela) andara me observando, disse que eu bebera sim, toda a Fanta a que tinha direito... ;-)
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Eu, realmente, não costumo beber e quando o faço, se passo do limite aceitável pelo meu organismo, "coloco tudo para fora" e caio no sono... Claro que bebo um pouco, mas prefiro conversar e dançar a beber!!
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Acabo de lembrar de meu aniversário de 18 anos!! Eu já morava em Recife, mas fui passar a data com a família em João Pessoa. Carlos e Maria fizeram uma feijoada para mim, na casa da Pedro II e nossa farra foi na garagem... Lembro que bebi cerveja (que nunca foi minha bebida predileta) e que a empregada lá de casa usou (pelo menos disse que usou!) papel de jornal como tira-gosto... ela disse que daquele jeito não ficava bêbada nem com "bafo de cachaça"... nunca ousei experimentar a receita dela!! ;-)
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Bem, hoje de manhã, quando eu estava em meu processo dominical de ingestão de medicamentos pré-desjejum, o porteiro interfonou dizendo que havia uma encomenda para mim na portaria. Eram flores que alguém havia deixado lá (mas que ele não disse quem, nem eu perguntei, pois esperava que tivesse algum cartãozinho..) ;-)
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Mais tarde Américo ligou e perguntou se eu as havia recebido... Meu orientador é muito atencioso!!
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Erick foi ao cinema comigo e depois fomos almoçar juntos no próprio shopping, pois ele vai ter prova amanhã e precisa estudar, já que sairemos novamente no final da tarde, para encontrar os amigos no Caminho de Casa (barzinho aconchegante que tem aqui por perto...)
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Antes de vir "bater meu ponto" aqui, dei uma olhada no e-mail e no Orkut... amanhã começo a responder as mensagens que recebi, com calma... O bom de fazer aniversário é manter esse contato com todo mundo!!

sábado, 19 de setembro de 2009

Preciso estudar!!

Estou contente!! Depois de ser questionada por Aninha sobre a participação de Lolita Rodrigues como apresentadora de um programa de TV semanal em Recife, fui investigar e acabei encontrando informações (inclusive uma dissertação de mestrado) que confirmaram que, naquela caso, minha memória não estava usando sua capacidade criativa...

É gratificante, para algum prestes a completar 58 anos, constatar que ainda seu nível se confusão entre a fantasia e a realidade ainda não extrapolou o aceitável!! ;-)
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Escrever aqui tem sido mesmo um exercício constante para manter a boa forma dos meus "bits" de memória. Espero que eles também comecem a guardar com mais cuidado informações úteis como o local onde deixei os óculos ou onde estacionei o carro em shoppings ou supermercados... ;-)
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Essa semana eu vou dar mais uma paradinha com o blog, pois tenho que preparar o resumo de um trabalho para apresentar no Seminário de Pesquisa da UFBA (até quarta-feira); uma "aula" para ser apresentada na próxima sexta-feira e o anteprojeto para a seleção do Mestrado, que começa no dia o1/10...
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Eu estava até quietinha, sem falar na seleção, aproveitando que meu orientador anda muito envolvido com a preparação de uma temporada que irá passar na França, a partir de novembro, mas hoje ele me repassou uma mensagem de uma professora francesa que ele me apresentou na época do ROSAE e que participa de um projeto de investigação de etimologia de bantuísmos brasileiros... Ela me convidou para ir a Rondônia conhecer o trabalho dela e hoje cobrou escreveu a Américo perguntando se eu ainda tinha aquele interesse...
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Eu tenho interesse, sim, mas preciso passar na seleção, para justificar minha participação, se for o caso... Portanto, tenho que estudar!!
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Essa coisa de precisar estudar, me lembra a época em que fui morar em Recife para cursar o terceiro colegial e me preparar para o vestibular... Eu fiquei morando no quitinete que tínhamos lá, cuja finalidade era exatamente nossa moradia enquanto estudantes...
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Papai comprara o apartamento quando voltamos para João Pessoa e lá já haviam morado Marcelo e Carlos. Quando cheguei lá, ainda estavam Bartolomeu e Felipe, mas logo Bartolomeu casou, saiu e eu fiquei só com Felipe.
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Na realidade, na época da preparação para o vestibular eu ficava mesmo era sozinha o dia quase todo e o melhor a fazer ali era mesmo estudar. O apartamento era minúsculo e tinha duas janelas que davam para uma parede... Também podíamos ver a janela de outro apartamento vizinho, onde funcionava um consultório odontológico. Se esticasse a cabeça pela janela e olhasse para cima, eu conseguia ver o céu... Ainda bem que nunca tive claustrofobia! ;-)
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Não sei se já comentei sobre isso... quando eu estava estudando e Bartolomeu chegava, me mandava largar os livros para não ficar maluca... quando Felipe chegava e eu estava fazendo alguma outra coisa (nem posso imaginar o que havia para eu fazer ali, além de estudar, preparar o almoço e lavar as poucas louças, que ele não gostava de lavar...), me dizia que daquele jeito eu não passaria e me mandava estudar... Eu ficava meio maluca!!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Você Faz o Show

Estou assistindo a nova novela "das oito"... Há pouco vi passarem os créditos iniciais e notei o nome de Lolita Rodrigues entre as atrizes convidadas...
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O nome de Lolita me é conhecido desde aquela época em que comecei a ver TV... ainda como "televizinha" (engraçado é que pegávamos o jipe e rodávamos cerca de oito quilômetros para exercemos a função de televizinhos dos primos de meus pais...).
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A Lolita Rodrigues era apresentadora – junto com um cara chamado Fernando Castelão, de quem nunca mais ouvi falar – de um programa de auditório chamado Você Faz o Show... Naquela época esse era um dos melhores programas para as noites de domingo e ainda levava a vantagem de ser para toda a família... Se bem que eu sempre dormia durante o programa e voltava para casa de péssimo humor, pois fora acordada para ser transportada de volta... afinal, para ser carregada no colo eu já era grande...
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Foi nessa época que li em algum lugar que existiria uma fase na minha vida que mereceria receber o nome de "idade ingrata"... Seria ainda mais ingrata do que aquela, em que ora eu era pequena (por exemplo, para ouvir e entender algumas conversas dos adultos, especialmente as piadas...), ora era grande o suficiente para ajudar nas tarefas domésticas Ou mesmo grande demais para ser levada no colo...

Bem, voltando à Lolita, era ela linda (eu achava!) e tocava castanholas quando cantava músicas espanholas... Eu adoraria ter um par de castanholas e aprender a dançar aquelas músicas... usando aquelas roupas (que eu imaginava serem muito coloridas, quando as via em preto-e-branco... o vermelho seria a cor predominante!), aquele xale, aquele cabelo preso por um pente (mil vezes mais bonito do que as "marrafas" decoradas de fita de veludo e vidrilhos, que eu não tinha, mas via nas cabeças de algumas moças...) e adornados por uma rosa vermelha!

Meu gosto por saias rodadas e roupas coloridas (à moda cigana) me acompanha desde criança!

Em relação ao programa de auditório, eu lembro que ele durou muitos anos e que eu continuei gostando de assisti-lo por muito tempo. Uma coisa que acabo de lembrar é que as cortinas eram abertas quando o programa começava e que no encerramento os apresentadores e outros casais dançavam (pelo menos está registrado assim na minha memória!)... eu adoraria aprender a dançar!

Minha mãe gostava de dançar, sempre a ouvi comentar sobre isso (talvez o fato de papai "não se completar" tivesse a ver com o fato de que ele não dançava...). Lembro que ela ensinava alguns passos de dança a meus irmãos, quando eles começavam a sair para festas e a namorar... A mim, nada disso foi ensinado... Que inveja daqueles "meninos"!

Um dia, não sei através de que meio, recebi uma foto autografada por Lolita Rodrigues, que foi parar no meu "álbum de artistas"... a foto era oferecida a mim, mas não fora eu a pedir!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

TV à tarde

Ontem à tarde, depois do almoço, eu assisti um filme na TV... Atualmente, isso é um feito muito raro, pois o sono sempre "me pega", quando tento ver televisão nesse horário...
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No entanto, o filme que ia passar no TCM (canal cuja especialidade são filmes e seriados antigos) era justamente um dos que assisti – em João Pessoa, no cine Plaza – na companhia de meus pais... Com mamãe eu fui a muitos filmes, mas com papai assisti apenas dois... O nome do filme, em português, é Amor na Tarde. Trata-se de uma comédia romântica da qual eu só lembrava que era protagonizada por Gary Cooper e Audrey Hepburn e que tinha Fascinação em sua trilha sonora...
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Pois é, assisti o filme quase todo sem dormir!
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Sessões vespertinas de cinema na TV me remetem ao tempo em que vivíamos em Recife, na casa da rua da Amizade (Reife e suas ruas de nomes poéticos... ruas que um dia até inspiraram Manoel Bandeira... ).
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Lembro que quando papai comprou nossa TV, a programação só tinha início às sete da noite... Era esse o horário dos programas infantis, como o Teatrinho, patrocinado pelos brinquedos Estrela... Assisti muitas peças infantis naquela época... E o patrocinador sempre fazia uns sorteios de brinquedos... Eu e Felipe, incentivados por mamãe, participávamos sempre que podíamos...
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Filmes à tarde, na TV, eu acho que foi novidade que começou em 1962... Lembro que eu chegava do colégio e corria para sentar na frente da televisão, comendo pão com goiabada (eu adorava!)... Lembro também que quando alguém morria, num daqueles filmes, sempre aparecia uma janela se abrindo e uma cortina fina e branca esvoaçando ao vento...
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Aquela parecia ser uma cena clássica e me levou a idealizar a morte como uma passagem por uma janela ampla e enfeitada com cortina de "voile" branco...
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No TCM ainda é possivel se assistir aos filmes que eu assisti naquelas matinês lá de casa... E olha que eram filmes antigos, mesmo em 1962...
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Também foi no TCM que eu assisti no ano passado, por um bom tempo, a uma série que Bartolomeu assistia quando a gente morava em Recife, no início dos anos 60... Suspense, de Hitchcock... A série também passava à tarde (aos sábados e domingos) e muitas vezes eu acabava dormindo justamente na hora do desfecho do episódio... Eu ficava "doente" com aquilo!!
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Quando tiraram o seriado da programação, eu escrevi para eles protestando, mas eles disseram que havia outras boas opções na programação e que não havia previsão de reapresentarem minha série predileta... Fiquei triste, pois aquela foi uma série que durou cerca de quatro anos e eu acho que não assisti nem um décimo dos episódios... pelo menos não os vi inteiros!! ;-)
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Bem, na época em que Bartolomeu assistia aquela série, eu ficava muito assustada... a casa em que morávamos era muito antiga e lembrava algumas das cenas dos crimes apresentados... E, para piorar a situação, o piso da escada rangia e as passadas dadas no andar de cima soavam assustadoras para aquela pirralha medrosa que vez por outra ousava ficar na saleta da TV até mais tarde...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Temporada de caça

O ano letivo ameaça acabar e as escolas iniciam uma verdadeira guerra publicitária em busca de novos alunos... Não sei... acho que sempre fui meio refratária a produtos e serviços que usam desses artifícios para atingir seu alvo... Em mim, o efeito, quase sempre, é oposto ao desejado...
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Lembro de quando Erick era pequeno e o Colégio Aplicação estava sendo inaugurado com uma enorme campanha publicitária, que envolvia até matéria de várias páginas em revistas de grande circulação, o que ainda não era comum aqui em Salvador no início dos anos 90. Minha rejeição por aquela escola foi muito grande!
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Na realidade, devo ter algum problema psicológico, pois sempre acabo rejeitando o que é muito "badalado"...
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Bem, mas falar em escola é algo que me agrada... Afinal, minha vida escolar começou bastante precocemente (se considerarmos os anos 50, pois nos dias de hoje a coisa é diferente...) e parece que não vai acabar tão cedo...
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Em meu primeiro ano na Escola Modelo (acho que foi 1956...), mais ou menos nessa época, eu lembro que tivemos uma festa para celebrar a primavera... É incrível, pois até "carro alegórico" teve (lembro do desfile dos carros, mas não lembro onde aconteceu... deve ter sido naquela área que era ocupada pela EME, pelo Lyceu e pela escola de Professores...).
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Eu fiquei morrendo de inveja das meninas que se fantasiaram e desfilaram em cima dos carros (eu conhecia a "Mulher Rendeira", que era filha de um primo de meus pais, e a "Chapeuzinho Vermelho", que era minha coleguinha de sala...), mas participei da banda de música que se apresentou sobre um palco, como se vê na foto...
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Eu apareço à direita da foto, na fileira de trás, sou a primeira menina... Estou prestando muita atenção ao maestro (de fraque e com jeito de mandão... parece maior que todos nós!), para não errar o momento de tocar meu triângulo...
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Além dessa festa, que foi noturna, também plantamos, toda a turma junta, uma árvore... não sei se a festa foi meus no "dia da árvore" ou dia seguinte, só sei que gostei muito daquilo tudo e mais ainda de ter ganho esta foto! É... eu tenho um filho, escrevo um blog e ajudei a plantar uma árvore... como não sou homem, até que não estou "mal na foto"... ;-)
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Os instrumentos que tocávamos eram: "pauzinhos", triângulo, pratos, copos, bombo (ou tambor) e um outro que não aparece na foto, mas que eu lembro que havia disponível por lá... Era uma espécie de chocalho feito com tampinhas de refrigerante (elas eram desmanchadas às marteladas, transformando-se em discos semi-planos) enfiadas em um arame e presas a um cabo... Eu gostava daquele instrumento!
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Não lembro da música que tocamos nem de termos ensaiado nada...
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Olhando a foto, fico pensando onde estão estas crianças... quem são elas...
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Bem, essa lembrança me veio a propósito das propagandas que vi hoje pela manhã, de colégios e escolas infantis, cada uma anunciando suas vantagens pedagógicas... Tomara que elas proporcionem às suas crianças momentos que elas relembrem 53 anos depois e sintam saudades!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Um defeito de fabricação, um trauma!

Na hora do almoço, gosto de escutar um programa da Rádio Educadora (Multicultura) que me atualiza sobre o que está acontecendo na cena cultural de Salvador. Hoje eu escutei que estrearia uma peça chamada O Homem que Perdeu o Pinto.
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A princípio, achei que se tratasse de uma comédia com título de duplo sentido e que, na verdade, seria apresentada alguma coisa sobre um granjeiro que vendesse pintos na feira e que os perdesse no caminho... algo parecido com uma historinha que eu li em um livro escolar de uma menininha que ia vender ovos na feira e os quebrou no caminho, destruindo o castelo de sonhos que ela construía a partir do que esperava ganhar com a venda dos ovos...
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A peça que vai estrear hoje aqui trata mesmo de um homem que perdeu o pênis. Pelo que ouvi no Multicultura, ele vai a uma festa de Santo Antônio e ao voltar para casa descobre que perdeu o pinto...
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No instante em que ouvi a explicação, disse para Erick que já tinha assunto para postar aqui hoje... Expliquei a ele que quando eu era pequena, naquele mundo masculino em que fui criada, eu esperei muito que meu pinto crescesse...
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Eu nunca vira minha mãe ou mesmo minha irmã sem roupas (também não conhecia a nudez de nenhum adulto do sexo masculino, mas isso não vem ao caso), mas via meus irmãos menores (e os anjinhos que estavam nos altares das igrejas) e ouvia falar que os maiores também tinham pinto... Só eu não tinha um e não podia fazer xixi em pé sem molhar minhas pernas...
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Eu era realmente muito inferior a eles, fraca, chorona, tudo porque não me crescera um pinto... Talvez meu problema de incontinência urinária noturna fosse devido ao fato daquele "defeito de fabricação" que eu tazia comigo e do qual eu morria de vergonha... Minha genitália não tinha nome... era, na realidade, uma ausência...
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Não sei até que idade eu pensei que aquele problema seria resolvido quando eu crescesse... eu tinha esperança de ser uma pessoa inteira quando ficasse do tamanho de minha irmã, mas demorava muito a chegar o dia em que eu seria grande!
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Um dia, é claro, descobri que meninas são diferentes de meninos... acho que foi a lavadeira lá de casa, Zulmira, que me falou algo sobre eu ser "rachadinha"... Era muito azar eu já ter nascido quebrada!
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Hoje, quando eu contei esse meu drama a Erick, ele achou engraçado... Acho que ele não faz ideia do que é ser meio invisível e estar sempre só, no meio de tanta gente, como era minha realidade lá em casa...
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Agora imaginem que um dia aquela menininha desinformada menstruou pela primeira vez... Ainda não consegui elaborar as lembranças que tenho daquela época em que eu achava que tinha uma coisa muito errada comigo, pois vez por outra eu sangrava... Como naquela época eu já lera um livro demoníaco chamado "Confessai-vos Bem", eu imaginava que era o diabo que fazia com que eu sangrasse, ainda que eu nunca tivesse mastigado hóstia alguma!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Leoa "pega jacaré"?

Hoje eu deveria ter retomado minha rotina de caminhadas para reverter o processo (não-autorizado, indevido e clandestino!) de recuperação de quilos eliminados...
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Como tive que "correr" o bairro todo em busca de um caixa eletrônico do Banco do Brasil cuja impressora estivesse funcionando (precisava escanear e enviar os comprovantes de pagamento de pedidos de alguns livros que fizera aos sebos) e depois fazer o almoço, acabei deixando meu exercício para amanhã... Não gosto de deixar certas coisas "para amanhã"!
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Mais uma vez, voltarei a falar sobre a Tambaú de minha infância...
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Naquela época em que moramos no Gonçalo, pudemos desfrutar de uma praia quase que particular... (já falei sobre isso? Bem, pelo menos já pensei em falar...)
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Poucas eram as casas (em geral, de veraneio) daquela região. Não havia praticamente casa nenhuma além da "igrejinha"... lembro que havia um casebre onde morava um carvoeiro que fazia carvão ao lado de sua casa... Não tínhamos mais fogão a carvão, mas acho que ele nos vendia carvão para ser usado em um fogareiro de barro onde se assava carne de sol na brasa (sobre o fogareiro era colocada uma grelha)... Papai gostava muito daquele prato, principalmente se tivesse uma camada de gordura, que depois de assada ficava meio transparente... Eu achava lindo, mas a gordura me causava nojo... pior do que aquilo, só o "tutano" que papai extraía dos ossos (acho que era quando comia carneiro) e comia com muito gosto... Eu morria de nojo daquilo!
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Pois é... do jeito que eu rejeito gorduras, deveria ser bem magrinha... ;-)
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Voltando à praia...
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Lembro que naquela época já havia uma estreita "pista" asfaltada que foi "engolida" pela maré quando morávamos lá... A pista era muito mal feita... acho que era apenas asfalto sobre a areia! O mar cavou tudo por baixo e nós, quando brincávamos de "bandido e mocinho", nos escondíamos sob a camada de asfalto... (não, não tínhamos juízo nem noção de perigo, mas a camada era tão fina que talvez nem não machucasse tanto, se caísse sobre nós...)
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Naquela época eu passava as manhãs inteiras à beira-mar, não nos faltava diversão ali! Os banhos de mar eram animados, os meninos gostavam de "pegar jacaré" (mamãe também gostava) mas eu preferia ficar fora da região onde as ondas quebravam... minhas experiências com jacaré eram trágicas... eu sempre acabava me sentindo dentro de um liquidificador, com os cabelos entranhados de uma areia grossa cuja posterior retirada me era penosa...
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Se minha "juba" sempre foi farta e difícil de ser domada, imagine (ou observe na foto...) como era há 50 anos...
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Eu vivia na praia, não havia shampoo (às vezes, mamãe lavava meus cabelos com Sabão Aristolino, uma coisa terrível, pois quando caía nos olhos ardia como se fosse uma brasa queimando...), creme para desembaraçar, para pentear... No máximo, havia Óleo Palmolive, para amenizar a situação...
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Na realidade, eu fugia de quem quisesse lavar meus cabelos ou me pentear... Foi nessa época, sob uma aliança do sol com os hormônios da puberdade, que meus lindos cachichos se rebelaram para sempre!
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Para poder ficar "no fundo", longe do perigo das ondas quebrando, eu usava boia de câmara de ar ou mesmo a ajuda de algum "cavalete" (pedaço de pau de jangada que a gente encontrava na beira mar e resgatava, guardando para nosso uso).
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A praia particular nos permitia até ter palhoça privativa construída na areia e trampolim dentro do mar...
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Quando eu era menorzinha, lembro que havia um trampolim muito bem feito (tinha até escada e plataforma, fixa, para os saltos!), que não era "nosso" e que depois foi feito um novo (acho que esse era nosso, sim, ou de nosso vizinho, o que seria a mesma coisa...) bem mais simplezinho e perigoso. Acho que nunca subi naquilo!
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Anos depois, aquele "trampolim" virou "o toco" que assustava e ameaçava a todos que tomavam banho de mar ali... lembro das tentativas de se "arrancar o toco", mas não era fácil... ele sobreviveu ameaçando e provocando acidentes até a época em que eu ia lá com Erick pequeno...
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Como éramos mal-educados!!

domingo, 13 de setembro de 2009

Na sombra das gameleiras

Atualmente, uma das primeiras coisas em que penso, ao acordar, é no tema que abordarei aqui naquele dia... Em geral, acabo esquecendo a ideia original e escrevendo sobre alguma outra bobagem... Um dos problemas que essa minha falta de organização (eu já pensei em anotar o tema, mas sempre fui muito improvisadora mesmo...) acarreta é a provável repetição de assunto...
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Aninha já me falou que isso não é problema, desde que eu conte novamente a mesma versão... ;-)
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Hoje, lendo o maravilhoso A Soma dos Dias, de Isabel Allende, sinto-me autorizada até a mudar a versão... Como diz a autora, o que vale é que é contado, é não o que realmente aconteceu... e a gente sempre pode contar de um modo diferente... focalizando um ou outro aspecto da lembrança...
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Bem, desde o início eu alertei sobre a criatividade atribuída à minha memória!
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Erick está lendo o livro de seu "tio Bartô" e tem vindo constantemente a mim, perguntar sobre divergências entre o que Bartolomeu registrou no livro e o que ele me escutou falar desde pequeno... (ele sempre mostrou muito interesse pela família, provavelmente porque seu convívio com os tios e primos sempre foi limitado ás férias escolares...)
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O mesmo fato, contado por narradores diferentes, muitas vezes parece ser outro fato... Acho que são "instantâneos" tirados com câmeras diferentes, de diferentes ângulos!
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Das lembranças que trouxe da viagem de João Pessoa, gostaria de falar sobre a "gameleira"... Essa árvore frondosa e de tronco enorme que oferece uma sombra generosa à calçadinha de Tambaú já teve a companhia de algumas "irmãs", lembro que eram "as gameleiras", no plural!
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Lembro também que foi ao bater na raiz de uma delas que papai virou o jipe numa noite (acho que era noite de Natal...), voltando de uma visita á um de seus primos prediletos (o único deles que eu gostava de visitar: Luiz, cuja mulher era minha madrinha Bezinha). Em seu livro, Bartolomeu diz que a virada aconteceu em 1963, mas eu acho que foi em dezembro de 1960, antes de mudarmos para o Recife...
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Como Bartolomeu vasculhou os livros contábeis de papai, deve ter razão, mas eu ainda acho que em 63 Fernando já era muito grande para estar no colo de mamãe... enfim, como ele era tratado com muito "dengo", por causa do tratamento que fazia para a dilatação do esôfago queimado, é possível que estivesse mesmo no colo e Martinho atrás, comigo...
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Voltando à gameleira, fiquei cismada com esse nome... Sempre chamei o fruto que caía dela de "castanhola", achei que deveria ser, então, "castanholeira"... Resolvi investigar e vi que o nome é devido à aplicação da madeira da árvore (fabricação de gamelas) e não a seus frutos. Aqui na Bahia a situação é bem mais regular... a árvore é chamada amendoeira e o fruto é a amêndoa...
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Aqui, aliás, aprendi que aquela frutinha travosa era comestível... Nunca me passara pela cabeça comê-la! Eu até "catava" algumas, mas era para usar nas brincadeiras de "(a)cademia" ou "pedrinha"...
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Pergunto-me agora se os frutos eram mesmo da gameleira, pois as fotos das "castanholeiras", que também vi no "Google imagens", não correspondem exatamente àquelas árvores imensas...
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Se eu rejeitava as castanholas, como compensação, comia uma frutinha de paladar duvidoso (era salobra) que brotava em arbusto á beira-mar (no Bessa) chamada "guajiru" (não lembro se já mencionei isso por aqui...). Há uns cinco anos, conheci um médico de Recife que foi criado em Goiana e que me contou que em cada guajiru mora um "tapuru" (bichicho que dá em fruta podre e que aqui na Bahia é chamado de "morotó"), que se eu comi guajiru, comi tapuru... (argh!!) ;-)

sábado, 12 de setembro de 2009

Remexendo baús

Durante o período em que estive em João Pessoa, pude conversar muito com meus irmãos sobre os costumes "lá de casa"... Eu, particularmente, senti vontade de rever objetos que me eram familiares na infância...

Em um dos meus passeios por lá, encontrei em um shopping uma canga indiana que não pude deixar de comprar... ela guarda uma semelhança enorme com um tecido que mamãe guardava entre suas preciosidades e que me atraía terrivelmente. Era um tecido de algodão fino (como minha canga), de fundo bege e com uma estampa floral muito colorida (também como minha canga!).

Mamãe dizia que aquele pano havia sido outrora, uma fantasia que ela usara em um carnaval em Santa Luzia. Eu sonhava em também poder usar uma saia linda como aquela, mas só podia admirar o tecido... Maria Sônia disse que brincou muito com ele. Eu não tive essa liberdade. O conteúdo daquele baú vermelho me convidava todos os dias a ser remexido (lá também ficavam as "camisolas de batizado", que havíamos usado e que também eram muito lindas!), mas a ordem materna contrariava tal convite...

Comprei minha canga (cuja cor predominante é o azul, e não o bege...), que será transformada em saia ainda este mês!

Há algum tempo eu não toco na minha máquina de costura, mas essa sempre foi uma atividade que me deu muito prazer. Quando eu era estudante de engenharia, costumava costurar quase toda minha roupa (costurei inclusive o vestido que usei na colação de grau!). Para isso, eu comprava revistas que traziam moldes e "metia a cara"...

Nunca fiz curso de corte e costura. Esse foi outro assunto que conversei com Maria Sônia... Ela foi educada para o casamento, para ser dona de casa... Cursou o "pedagógico" e ao sair dele foi encaminhada a cursos de costura, trabalhos manuais, datilografia... Eu nunca fiz esses cursos! Mas costurava com a ajuda de um tal de Gil Brandão, que desenhava os moldes para a revista que eu usava...

Conversando com Maria Sônia, ela lembrou que mamãe comprava uma revista de moda chamada Fon-Fon (acho que o nome é mais adequado a revista automobilística, mais especificamente, de colecionadores carros velhos!)... eu também lembro dessa revista! Pude encontrá-la, com a ajuda do meu grande aliado Google, em um blog muito legal onde, inclusive, constatar que aquele Gil Brandão já desenhava vestidos desde a minha infância, ou mesmo antes dela. O endereço do blog é: http://revistaantigaportuguesa.blogspot.com/search/label/Fon%20Fon

Gente... ali eu vi vestidos bem parecidos com os que eu lembro ter usado!! Acho que eram costurados por Maria Augusta e, quando era o caso, bordados por mamãe... Quando menina, meus vestidos sempre eram franzidos na cintura e tinham laços nas costas... eu só não usava as tranças... acho que meus cabelos nunca desceram abaixo dos ombros...