sábado, 31 de outubro de 2009

De olho no céu

Hoje eu passei o dia "de olho" no céu... um céu extravagante, que não economizou nos tons de cinza com os quais se cobriu o dia inteiro... Foi do mais clarinho, quase transparente (aderente à moda nude), ou mais escuro e fechado, quase roxo... Eu, que pretendia fazer uma caminhada no calçadão da praia, tive que me resignar com a esteira, na academia do prédio...
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Quando veio a noite, no entanto, o céu resolveu surpreender, se não a todos, pelo menos a mim... despiu toda aquela pesada roupagem que usou durante o dia e se mostrou completamente limpo. Despudorado, ele ainda ostentava, como uma jóia solitária, uma bela lua cheia!
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Lua cheia me lembra Tambaú. A Tambaú de minha infância, uma praia bem pouco iluminada, onde era muito mais fácil observar estrelas ou o nosso satélite brilhante e prateado. Naquele céu escuro, era muito bonito ver estrelas cadentes (meteoritos? Fosse lá o que fosse, eu tinha medo que aquilo caísse perto lá de casa!) ou mesmo raios de relâmpagos distantes (quando os relâmpagos eram próximos, eu não achava bonito... corria para a cama de mamãe!) em direção ao alto mar.
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Quando ainda morávamos na casa antiga, muitas vezes nos reuníamos em frente de casa depois do "jantar" (nunca tivemos o costume de jantar, lá em casa. Nossa refeição noturna era mesmo uma ceia típica do sertão, mas a chamávamos de jantar) sentados ao redor de mamãe.
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Não lembro de papai, nessas rodas. Ele nunca foi muito sociável mesmo...
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Lembro de uma época em que nosso vizinho da direita (inquilino de Dr. Severino), era Dr. Morais. Ele era muito alegre e tocava violão. Participava das nossas rodas e mamãe cantava aquelas músicas que eu dizia não gostar, mas que na verdade achava muito bonitas (principalmente quando cantadas por ela!).
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Acho que essas lembranças são de finais de 1960. Na época, papai já vendera a "casinha" para Robson e nossa vizinhança era bem animada. Não lembro se os adultos da casa de Robson participavam da rodinha liderada por mamãe, mas as meninas (Antonieta e Nevinha, minhas amigas) sempre estavam por lá. Além delas, a filha mais velha de Dr. Morais (Flávia, mais ou menos de minha idade) também frequentava aquelas reuniões.
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As noites de lua cheia, naquele verão, pediam sempre uma rodinha musical... Mas. na verdade, eu ficava pouco tempo por lá. Nós, a pirralhada, logo arranjávamos uma atividade mais movimentada, algo que nos fizesse correr (não entendo porque hoje tem tanta criança que não gosta de correr... eu adorava!!).
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Também lembro de algumas, poucas, vezes em que meus irmãos participaram de pescarias em noites de lua cheia. Não lembro qual dos vizinhos tinha rede de arrastão, mas lembro de ficar na beira-mar esperando a rede sair para catar piabas no meio dos sargaços... A maré sempre muito baixa e a água do mar bem morninha... minha vontade era cair na água, mas eu não tinha permissão e tinha que disfarçar, se quisesse mergulhar...
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A gente sempre ia com mamãe ver a lua "nascer"... Aprendi com ela que cada dia a lua nasce diferente... e era mesmo diferente o caminho prateado que ela desenhava no mar cada vez que surgia no horizonte e começava a subir devagarzinho... Às vezes mamãe conseguia levar papai para assistir ao espetáculo, mas ele não demorava por lá...
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Assim como assistíamos a lua nascer todos os dias em que ela vinha ao escurecer (lua cheia), podíamos assistir também, um pouco antes, como se fosse a sessão anterior à do nascimento da lua, ao pôr do sol. Era só olharmos em direção à mata... O sol sempre caía lá por trás dos cajueiros... talvez na lama no rio... onde às vezes íamos pegar caranguejos de casco azulado... (na verdade, só fui uma vez, não achei graça na aventura enlameada)
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Foi de tanto assistir ao pôr do sol em Tambaú, que quando eu fui estudar pintura, já aos 15 anos, tinha essa cena como minha principal inspiração... Haja céu avermelhado!! ;-)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quebrando o jejum...e tentando entrar em forma...

Quando eu era pirralha, ouvia falar em jejum e não entendia exatamente o que significava.
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Lá em casa, falavam que jejum era ficar sem comer, mas papai continuava exigindo que eu ingerisse o tal leite morno... Acho que eu preferiria pão e água... ;-)
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Os pedintes, no entanto, passavam pedindo "um jejum"... No caso, pediam comida... lembro que eu associava jejum a farinha e bacalhau... duas coisas que eu não suportava, por causa do cheiro...
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Sempre rejeitei alimentos cujos aromas me fossem desagradáveis. No rol dos rejeitados estavam , e estão, algumas "delícias" apreciadíssimas pelos meus irmãos, como mangaba e fígado... Quando vim morar na Bahia, incluí o jenipapo na minha "lista negra" alimentar...
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Bem, hoje em dia, o jejum de que mais ouço falar, como ouvinte passiva de noticiários e resenhas esportivas, é o futebolísticos... Volta e meia acontece um "jejum de gols" ou uma "quebra de jejum", no mundo da bola...
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Hoje eu também resolvi quebrar meu jejum... Um jejum de posts... ;-)
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Decidi parar de escrever aqui para concluir o anteprojeto e o memorial para a seleção para o Mestrado. Consegui acabar tudo e fazer minha inscrição na quarta-feira.
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Devia continuar sem perder tempo escrevendo bobagens, pois tenho uma vasta lista de livros para ler até a data do exame... Sei que não devo me confiar apenas nas orações dos franciscanos colegas de meu amigo Alex (que além de ser seminarista deve ter muito prestígio nos céus, pouis é um amor de menino!). Bem, mas como ainda não sei se meu anteprojeto será aprovado... Aqui estou de volta!! ;-)
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Retornarei a meu vício aos pouquinhos, em doses homeopáticas, como convém aos que estavam em jejum... Na realidade, acho que nunca fui uma viciada exagerada... Ou nunca fui sequer uma viciada... parece que sou meio refratária a vícios...
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Bem, hoje tive aula. Foi a última que Américo nos deu esse ano, pois viaja para temporada parisiense no próximo domingo. No intervalo da aula, que acabou abreviando seu final, servimos um lanche para homenageá-lo e acho que ele até gostou de como tudo aconteceu, ainda que nos tenha advertido que não gosta de despedidas...
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Nos próximos quatro meses, seremos orientados via Skype... O que talvez represente uma maior proximidade, um acesso mais fácil a nosso mestre, que não terá que, esperamos, se envolver em assuntos administrativos... ;-)
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Minhas lembranças infantis ficam meio assustadas quando se deparam sozinhas com a vida contemporânea... tenho que cuidar sempre muito bem delas, explicando-lhes que ainda continuamos no planeta Terra, mas uma Terra que parece ter acelerado tanto seu movimento de rotação que muita coisa saiu do lugar...
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Enquanto escrevo aqui, a TV está ligada e acaba de mostrar a chegada de Papai Noel em um shopping daqui de Salvador... Parece que a crise econômica antecipa o Natal... Na quarta-feira eu fui ao tal shopping e pude constatar que a metade das lojas de lá já apresentavam decoração natalina... a outra metade anunciava o halloween...
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A menininha que mora em mim não conhece halloween... até conheceu o Dia das Bruxas, nas revistas de Luluzinha, mas aquilo nunca lhe disse respeito... e ela nunca entendeu aquelas velas acesas dentro de jerimuns com caretas recortadas... Se pelo menos fosse no São João... ai, ai, viu? ;-)
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Bem, vou comemorar o dia das bruxas a meu modo... considerando que sou, como toda mulher, uma bruxinha também... Bruxinha aprendiz, ainda meio incompetente, mas...

sábado, 17 de outubro de 2009

Espera angustiante

Mal acabo de decidir "dar um tempo" aqui e já me vejo de volta...
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Acabo de receber uma ligação de Erick comunicando que foi assaltado e que está bem. Foi na frente do prédio de Mari e só lhe levaram a carteira e o celular. Ele pediu que eu providenciasse os bloqueios necessários e foi à delegacia registrar a queixa.
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Enquanto isso, espero aqui ansiosa para tê-lo em casa e constatar que realmente está tudo bem com ele e com Mari.
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Já fiz os bloqueios e agora não tenho mais com quem conversar... para uma pessoa que não consegue ficar calada muito tempo, essa espera é por demais angustiante...
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Eu já havia ido dormir, acho que mal adormecera, quando o telefone, o fixo, tocou... estranhei que ele estivesse ligando para aquele número e entendi logo que algo errado estava acontecendo, mas demorei um pouco até coordenar as ideias e as ações e tomar as providências que ele pediu.
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Liguei o computador e vim escrever aqui para tentar fazer o tempo passar mais rápido, mas parece que ele se arrasta... Já fiquei na janela olhando para ver se o carro dele aparecia na esquina... já levantei para ver se era a chegada dele que fizera com que a lâmpada do hall acendesse...
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Não adianta voltar para a cama, só conseguirei aquietar meu coração quando ouvir o barulho da chave dele na fechadura aqui do apartamento...
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A mim me resta fazer como mamãe, que chamava os filhos que estavam fora, pedindo que chegassem logo... quando a saudade lhe apertava muito o coração...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Dois alto"...

... ou seria "dois auto"?? Hoje escutei uma criança gritando isso aqui no prédio... Ela estava no playground com os amiguinhos, provavelmente brincado de "picula"...
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Eu conheço a expressão desde o tempo em que Erick era pequeno, mas não antes disso... É usada na picula (pega-pega) quando a criança sente o perigo eminente de ser tocado pelo perseguidor, que está muito mais perto dela do que aquele local que lhe confere imunidade... eu não lembro agora como se chama esse lugar aqui na Bahia...
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Quando eu brincava de "pega", tinha a possibilidade de pedir licença ao "pegador" (ô palavrinha que mudou de sentido!!), se via que estava difícil alcançar a "mancha"... Mas não lembro qual era a palavra que usávamos para isso...
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O que importa é que "dois alto" é um pedido de trégua, de licença... e eu vou pedir dois alto aqui até ter minha documentação da a seleção para o Mestrado toda pronta e aprovada pelo orientador mais exigente que já tive... (não importa se foi o único... é muito rigorosos!!)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pessoinha complicada!

Apresentei meu trabalho no SEPESQ hoje. Estou livre!! Não gosto de apresentações orais, nunca gostei. Acho ótimo escrever a já nem ligo muito se alguém lê o que escrevi, mas falar em público continua me angustiando muito!!
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Américo disse que isso é normal, mas que depois eu me acostumo... Será que isso acontecerá antes dos meus 70 anos?? ;-)
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Acho que ainda é reflexo do meu "complexo de invisibilidade"... me acostumei a ser invisível e não gosto que todos fiquem me olhando ao mesmo tempo... Cada maluco tem sua mania, né não? ;-) Só não sei como poderei (um dia, quem sabe) ser professora com essa minha mania! ;-)
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Bem, eu devia começar a escrever o anteprojeto (e ainda tenho que elaborar também um memorial... seleção para Mestrado dá trabalho!!) hoje, mas estou muito cansada para fazer qualquer texto que me exija maior coerência...
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Tenho acordado muito cedo e dormido menos do que precisaria, desde que mudou nossa rotina doméstica (por causa do estágio de Erick em uma empresa que fica a 50 km aqui de casa...).
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Enquanto me acostumo com essa minha nova condição de mãe de alguém com quem já não posso mais fazer minhas refeições diárias (sim, até a semana passada fazíamos juntos as três refeições principais dos dias de semana...), estranho e tento me adaptar ao "ninho vazio" em que se transforma nosso apartamento durante o dia...
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Bem, espero aproveitar meu tempo para voltar a praticar caminhadas... nem que seja só no simulador que comprei como presente pelo meu aniversário... Hoje "caminhei" meia hora nele...
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É engraçado... fui criada em uma família enorme e sempre almejei ter mais espaço só para mim em casa... hoje fico meio melancólica quando estou sozinha no apartamento...
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Quando eu fui estudar em colégio de freiras, aprendi com minhas colegas a enfeitar meu "caderno de casa"... As meninas usavam muitas decalcomanias para isso. Eu também cheguei a comprá-las, mas lembro que em geral eu mesma desenhava umas florezinhas na parte superior das folhas... e ainda tinha uma mania de colar um santinho na página inicial de cada caderno...
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De santinhos eu lembro que até tive uma boa coleção... Se não me falha a memória, no Maria Auxiliadora as freiras tinham uma espécie de lojinha que vendia lindos santinhos...
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Como podem notar, eu trouxe a mania da ilustração aqui para esse "caderno"... Não sossego se não encontrar um motivo para colocar uma figurinha aqui...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ciclos: início e fim

Hoje eu acordei muito cedo... Como seria o primeiro dia em que Erick deveria estar em Camaçari às sete e meia e como eu queria preparar o café dele, havia colocado meu celular para despertar às cinco e quinze e para tornar a me chamar cinco minutos depois, mas acabei acordando, assustadíssima, às cinco...
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Depois de um dia escuro com o de ontem, estranhei muito toda aquela claridade precoce e pensei que já seriam seis horas e que estávamos todos atrasados... Mas o horário estava certo e o dia já havia clareado há algum tempo... (estamos prontos para o início do horário de verão, que não funciona aqui...)
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Minha expectativa em relação a esse primeiro estágio de Erick deve ser devido ao fato de que eu nunca "experienciei" nada parecido...
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Durante meu período de estudante de Engenharia, o máximo de "atividade profissionalizante" que tive foram os curso de "processamento de dados" que fiz na IBM e na Burroughs. Mas esses cursos eram dados sem qualquer vínculo entre as partes...
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Minha primeira experiência profissional, assim, aconteceu mesmo quando eu passei no concurso para a Petrobras. Ainda assim, meu início de carreira foi uma espécie de prolongamento da vida universitária...
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Claro que a responsabilidade e as obrigações eram bem maiores, afinal, éramos pagos enquanto nos preparávamos para nossa futuras funções na Empresa. Mas eu não tive um primeiro dia só meu lá... foi um primeiro dia de um grupo de mais de vinte jovens, quase todos inexperientes, cheios de sonhos e dispostos a vestir aquela camisa linda que, desde sempre, tanto orgulho nos causava...
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De lá para cá, não foi só a logomarca que mudou. Muitas vezes me é difícil reconhecer na atual, a Empresa em que trabalhei, mas não foi só ela que mudou... mudou o mundo e mudei eu!
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Bem, de meu primeiro dia de "trabalho" (na realidade, foi o primeiro dia de uma semana de aclimatação dos novos funcionários), o que mais me marcou foi a volta para casa...
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Era uma segunda-feira, dia três de fevereiro de 1975, e eu estava, provisoriamente, morando no apartamento de Felipe, que ficava relativamente perto do Setor de Ensino onde eu passei meus primeiros nove meses de Petrobras. Saí de meu primeiro dia de aula às 17 horas, mas quando cheguei em Brotas já escurecera.
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Naquela época a Pituba (ou o Itaigara de hoje) era um deserto por onde passavam pouquíssimos ônibus da linha "Pituba-Comércio via Brotas", que era o único meio que eu tinha para ir e voltar para meu local de trabalho. Ônibus com horário "quase certo", mas bastante raro...
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Devo ter chegado ao conjunto onde Felipe morava por volta das seis horas da tarde... Estava escuro e as luzes estavam acesas em quase todos os apartamentos. Da janela do apartamento de Felipe vinha apenas uma claridade bruxuleante de vela, o que me fez pensar faltara energia e que Socorro não sabia manipular o disjuntor.
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A campainha, no entanto, soou quando pressionei o botão. Quem me abriu a porta foi uma amiga de Socorro (não lembro direito o nome dela... seria Nilda?) que estava passando uns dias por lá. Socorro apareceu chorando e nem foi preciso falar... na véspera nós já havíamos sido avisados por telegrama de papai, que Martinho estava paraplégico e inconsciente e que não havia mais esperança de sobrevida para ele...
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A morte de meu irmãozinho coincide exatamente com o início de minha vida profissional...
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Aquele dia marcou o fim do período de mais de três meses em que ele talvez tenha lutado pelo direito de participar da loucura do mundo dos adultos, mundo no qual eu penetrava muito lenta e timidamente...
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Espero que não haja nenhum fato triste a fazer contraponto à iniciação de Erick no mundo "adulto" e que ele goste bastante de todos os papéis que nele tiver desempenhar. Competência para isso eu sei que ele tem!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dar ou estar presente?

Hoje eu acordei tarde... ainda mais tarde do que ontem... Que bom que existem os feriados!!
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Quando eu era criança, não lembro de ter a liberdade de dormir até tarde... também, acho que, como ia dormir muito cedo, eu não tinha mesmo sono depois que o sol raiava...
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Em pleno Dia das Crianças, inicialmente acordei às sete horas. O tempo estava fechado e o prédio em silêncio... nenhum gritinho de criança brincando no playground...
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Talvez já tenha sido inaugurado o "espaço kids" que estava sendo montado no mesmo pavimento e as crianças estejam confinadas por lá, ou talvez tenham saído todas para as casas dos avós (um dia desses vi uma plaquinha à venda em uma lojinha de artesanato, que dizia: "cama da vovó, pula-pula dos netinhos"... Achei muito interessante... quem sabe eu venha a comprar uma dessas daqui a uns poucos anos, quando meu sonho de ser avó for concretizado?) ;-)
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Bem, aproveitando o silêncio e a falta do chamado do sol, resolvi dar mais uma cochiladazinha... afinal, não temos crianças muito pequenas aqui em casa... e Erick ainda dormia, aproveitando o último dia da semana em que poderia dormir até depois das 5:30h... Ele começa a estagiar em Camaçari amanhã!
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Em relação ao Dia das Crianças, recentemente ouvi a história de sua origem... Como era de se esperar, essa data tão voltada para o comércio foi uma criação dos Brinquedos Estrela...
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Ou melhor, a data foi criada por decreto governamental em 1924, mas só começou a ser comemorada em 1955, a partir de uma campanha da Estrela, que foi tão bem sucedida que as demais marcas de brinquedo resolveram aderir, no ano seguinte... O resultado nós vemos hoje... o dia virou mais uma data de comprar brinquedos... quase uma obrigação... uma coisa meio chata!
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Eu não lembro de se comemorar essa data lá em casa... Quando eu tinha 22 anos, já bem perto de sair da faculdade de Engenharia (estava no quarto ano), ganhei meu primeiro presente do Dia das Crianças... uma camiseta Hering infantil, com estampa de gatinhos azuis... (gente, até meus 25 anos, eu pesava 44 quilos e vestia camisetas infantis normalmente... )
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Eu havia saído com mamãe para comprar presentes para Paulinho (que já fez parte dessa geração ganhadora de presentes nas datas certas) e acabei vendo a camiseta que achei muito fofinha... Naquele dia mamãe estava "cheia da grana" e me comprou a camiseta! Mas Fernando e Martinho, que já eram grandinhos, também foram contemplados com presentinhos...
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Aqui em casa, mesmo sem grande entusiasmo, sempre comemorei o dia com um presentinho para Erick... Mas depois de um certo tempo, decidimos juntos que um só presente ao ano era suficiente para marcar as datas comemorativas do último trimestre... já que o aniversário dele e o Natal concorrem com o Dia das Crianças... ;-)
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Vou aproveitar o feriado de hoje e passear um pouco com minha menininha interna, nem que seja pelo mundinho onde ela vive... Minha companhia, com certeza, a fará feliz... ainda que eu não a costume abandonar por aí, procuro tê-la sempre comigo!

domingo, 11 de outubro de 2009

Doce de vampiro?

Dia cinzento... dia ensopado... dia de preguiça... dia de aconchego... dia de isolamento... dia de encontros (comigo mesma)... dia de pensar na vida... dia de ler ficção... dia de telefonar para a família e para os amigos distantes... dia de escutar nossas músicas preferidas... dia de procurar um filme antigo na TV... dia de escrever muita bobagem... Quem sabe, dia de ficar na rede!
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Eu havia planejado ir à praia hoje, esperava fazer uma caminhada à beira-mar e com isso marcar meu retorno às atividades físicas ao ar livre. Desde ontem, no entanto, meu plano esteve sob forte ameaça... O tempo aqui "fechou"... O sábado foi "abafado" e mesmo à noite foi de muito calor.
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Apesar do elevado calor atmosférico, eventualmente amenizado por um ou outro "sopro" do vento que anunciava a proximidade de um dia de muita chuva, minha noite foi muito agradável, na casa de Américo, que ofereceu a Ana Maria (professora da universidade francesa onde ele fará um "pos doc" nos próximos quatro meses) um daqueles jantares que ele gosta de oferecer aos amigos...
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Véspera de dia feioso e melancólico (isto é, um dia que parece estar com cólicas)... Noite de papos variados e inesperados... regados a bons vinhos... acompanhados comida feita com esmero e carinho (nada como ser amiga de quem curte cozinhar e receber os amigos! Se a o jantar estava delicioso, o que dizer daquela maravilhosa torta de morangos com a qual Silvana quase nos matou, a Mauro e a mim? Deve ter engordados uns dois quilos!)...
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Depois do jantar e da sobremesa, café e música! Pobre Américo... tentar acompanhar um grupo "não tão afinado" não deve ser tarefa trivial... mas ele sempre consegue... ;-) Ao final, Ana ainda nos brindou, recitando alguns de seus poemas.
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Ana, embora professora da universidade Paris 13, é bem nordestina, como eu... Ainda na tarde da sexta-feira, pude conversar com ela sobre seu percurso de vida e descobrimos que ambas temos origens na Seridó nordestino... Seu pai era de Currais Novos, cidade que fica próxima à Santa Luzia...
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É engraçado como, mesmo tendo ido tão pouco ao sertão, minha porção sertaneja se manifesta em mim com tanta frequência... Pelo sotaque de Ana, eu já desconfiara que suas raízes não estavam tão longe das minhas... Apesar de viver na França há 42 anos, ela - como eu que estou na Bahia há quase 34 - não perdeu por completo as marcas da língua falada em sua casa...
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Pois bem, aproveitei a oportunidade para ver se havia encontrado alguém que conhecesse o doce predileto de minha mãe e que não fosse da minha família... E aconteceu!
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Sempre que cito essa sobremesa, as pessoas, enojadas, perguntam se não seria doce de vampiro... Mas... Ana conhece chouriço!!
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Eu fico feliz, pois parece que mesmo "por lá" já não se consome mais (que deve ser ultra-calórico e cheio de colesterol, deve!) aquele doce artesanal feito com sangue e banha de porco com castanha de caju, rapadura, farinha de mandioca e especiarias, de cujo sabor aprendi a gostar ao longo da infância...
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Lembro do tempo em que só gostava das castanhas que vinham enfeitando... Pouco a pouco, fui me acostumando com aquele gosto pesado e forte e hoje sinto vontade de voltar a degustar um pouco daquele doce tão raro e de sabor tão peculiar...
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Chouriço é mais um dos doces sabores que habitam minha memória gustativa...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Grilos: haverá como evitá-los?

Sexta-feira... antevéspera da próxima quarta, quando terei que apresentar meu trabalho e entregar o artigo para publicação...
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Ainda não estou com tudo pronto... Terei que acender uma vela à Nossa Senhora dos Workshops... ;-)
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Minha noite de hoje, no entanto, foi bastante produtiva... Os slides da apresentação estão prontos e o artigo, enfim, consegui reduzir ao tamanho estipulado... Agora só falta o pior... Conseguir falar tudo em 15 minutos... Não vou poder fazer o que pretendia, que era ler o artigo... fica faltando minutos... ;-(
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Vou ter que providenciar um resumo texto condensado!! De todo jeito, mandei o artigo para Américo opinar. Hoje ele já me havia dito que em oito páginas havia texto para mais de 15 minutos... eu que não acreditei... ;-)
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Bem, novamente pensei em não escrever aqui hoje, mas vício é coisa séria... ;-)
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Há pouco, eu fui surpreendida pela queda, aqui junto aos meus pés, de um inseto que, a julgar pelo barulho da queda, não era tão pequeno... Lembrei imediatamente dos ataques, frequentes, de besouros rola-bosta que aconteciam lá na casa do Gonçalo, especialmente nas noites de inverno...
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Eu tinha um misto de medo e nojo daqueles bichos pretos que, quando nos atingiam pareciam pedras... Além disso, os bichos exalavam um cheiro muito desagradável! Aliás, não só eles, mas toda a bicharada miúda que insistia nas visitas noturnas à nossa casa naquela época... As tanajuras também me inspiravam repulsa. O melhor a fazer naquelas noites era correr para cama, ficar quietinha no escuro e bem cobertinha...
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Em relação ao meu visitante alado de hoje, como continuo sem ser grande amiga de insetos, primeiramente tomei um "baita susto" e em seguida fui buscar minha arma mortífera vermelha a lata de inseticida! (que Sirlene havia guardado tão bem, que eu demorei "horas" para localizar no fundo de uma prateleira no armário da área de serviço...)
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Com minha arma em punho, ataquei os possíveis esconderijos do bicho até que o encontrei, já bêbado e moribundo... Era um grilo enorme! Não imagino de onde tenha vindo, mas como já encontrei outros animaizinhos aqui, já não acho tão incrível assim...
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Meu ataque final a ele, prefiro considerar, então, um ato de piedade para lhe abrevia a morte...
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Quando a gente morava na Pedro II, havia muitos grilos na grama... mas eram grilinhos bonitinhos, verdinhos e de aparência inocente... aliás, pareciam filhotes do Grilo Falante, que eu conhecera no cinema e cuja companhia sempre me pareceu muito útil, enquanto conselheiro e protetor de pessoinhas inexperientes...
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Os grilinhos verdes da nossa grama eu gostava de "caçar" e vê-los escapar das minhas mãos... e também de vê-los pular entre os galhos das roseiras, sem se deixar capturar pelas teias das terríveis, apesar de belíssimas, aranhas do jardim...
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Apesar de minha amizade com esses pequenos habitantes dos gramados lá de casa, eu sempre corria dos gafanhotos maiores, que meus irmãos pegavam para fazer lá as brincadeiras masculinas deles...


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O pão nosso de cada dia

Não lembro desde quando o pão faz parte de minha dieta... Provavelmente, desde quando eu era essa linda uma bebezinha careca e meio carrancuda , em Campina Grande...
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Lembro que quando os bebés lá de casa começavam apresentavam os primeiros sinais do primeiro dentinho, quando começavam a coçar as gengivas com as mãozinhas, mamãe sempre lhe oferecia pedaços de pão francês...
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O pão, como não podia ser mordido e mastigado, era lambido e babado... ;-) Virava mesmo uma "papa" muito nojenta! Mas acho que ali começava nosso gosto pelo pão...
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É, não conheço quem não goste muito de pão "lá em casa"! Como os pães que papai comprava, quando eu era menina, era meio grandinho para ser consumido por uma única pessoa, lembro que aprendemos desde cedo a, literalmente, repartir o pão.
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Alguns de nós gostávamos mais do "bico", outros do meio... Eu acho que sempre gostei de qualquer pedaço! Lembro que Maria Sônia não gostava do miolo e que eu achava aquilo um desperdício (de sabor!). Devia haver mais alguém que desprezava o miolo do pão às vezes, pois lembro que às vezes mamãe amassava a porção de miolo rejeitada e a usava para modelar bichinhos... Não ficavam tão bem feitos, mas ou gostava de vê-los...
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Acho que já falei que na Pedro II, quando eu era pirralha, o pão chegava lá em casa nos cestos (metálicos e azuis... muitas coisas antigas, na minha memória são metálicas e azuis... Será coincidência? Será imagem guardada ou criada? Bem, isso não interessa agora... ). Em Tambaú, quando fomos morar no Gonçalo, não lembro como ou onde o pão era comprado. Em Recife, provavelmente papai ia à padaria... Só não lembro qual...
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A primeira padaria que aparece com nome e endereço, na minha memória é a Padaria Flor da Neves, em João Pessoa... Lembro que o pão de lá era tão gostoso que papai ia comprar o pão de jipe... às vezes eu ia com ele, levando Paulinho para "passear"... Na realidade, meu interesse era nos deliciosos pães doces que papai comprava para a gente, quando pedíamos...
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Os meus prediletos sempre foram os "confeitados" com coco... E eu sempre deixava a parte do coco para comer no final... como se fosse a "sobremesa do pão"... ;-)
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Recentemente, encontrei aqui uma padaria chamada Flor do Parque... é engraçado essa associação de pão com flor... Vez por outra vejo padaria com nome de "Flor" de algum bairro ou localidade... E também é engraçado como eu acabo achando que o pão que elas vendem é melhor que o das outras padaria... ;-)
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Hoje, a bem da verdade, eu não devia escrever aqui... Preciso finalizar minha apresentação, e o artigo a ser publicado, do Sepesq...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"Não tem mosquito"?

Moro bem distante do "chão"... o décimo andar do meu prédio corresponde ao décimo-quinto, pois temos cinco andares de garagem... Assim, seria possível imaginar que o Aedes aegypti não teria oportunidade de nos fazer visitas, uma vez que sua autonomia vertical de voo seria de dois metros...
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Um dia, eu estava no hall de entrada no condomínio esperando uma carona que me levaria para a faculdade, quando chegou uma garota vestindo a camiseta amarela da campanha de combate à dengue. A menina falou para o porteiro que já havia concluído o trabalho dela, tendo visitado todas as unidades dos três edifícios do condomínio...
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Eu estranhei a conversa, pois não havia recebido aquela visita, que era até frequente no meu antigo endereço... Interpelei a garota dizendo que ela não fora no meu apartamento e obtive a explicação: a visita ficava restrita aos andares inferiores (até o segundo andar), pois acima deles não haveria risco de se encontrar o mosquito...
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Bem, acho que os mosquitos "pitubanos" são diferentes dos parentes... talvez sejam superalimentados, talvez mais audaciosos, mas, com certeza, aqui eles voam mais alto e eu já tive oportunidade de matar alguns "à tapa"...
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Sempre que consigo sucesso em minhas investidas "musqui-assassinas", eu examino o "cadáver" com minha lupa para verificar se usam aquelas meias listradas que até podem parecer as da Emília, mas que me metem um certo medo, pois podem representar uma temporada em cama de hospital, coisa que abomino!
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Visitas de equipes de combate a endemias estão presentes em minha vida desde os anos 50...
Aliás, eu conheci a palavra quando depuseram uma plaqueta na parede de nossa casa no Gonçalo... Era uma plaqueta metálica vermelha, com, se não me falha a memória, as letras CEM, que significariam algo como "controle de endemias e malária"...
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A mata, o rio, as fossas domésticas (nem sempre bem cuidadas) e a proximidade de pequenos estábulos, faziam da região um ótimo habitat para mosquitos e insetos de várias espécies... Lembro que tínhamos muito medo de "impaludismo", pois conhecíamos pessoas que haviam contraído a doença...
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Para afugentar as muriçocas que invadiam nossa casa ao entardecer, a gente chegava mesmo a coletar cocô de vacas para queimar ao redor da casa... Para tentar impedir que a invasão, fechávamos as janelas quando a tarde começava a cair... Mas elas sempre davam um jeitinho de entrar... e até achavam escondirijos seguros para permanecerem em casa durante o dia...
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Não lembro de usarmos mosquiteiros, acho que mamãe não gostava deles... além da incineração fecal, lembro de combatermos os insetos com Flit, um venenos muito fedorento que papai usava, principalmente embaixo de nossas camas... Maria Sônia detestava aquilo e lembro de brigas delas com papai por causa daquele costume não muito agradável ao olfato... nem à saúde, como pudemos constatar mais tarde...
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Outra lembrança que tenho é de tentarmos expulsar as bichinhas malvadas que ficavam sob as camas, abanando ferozmente um lençol velho... Tudo aquilo era muito ineficaz...
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E eu devia ter alguma alergia às picadas daqueles insetos, pois minhas pernas estavam sempre cobertas de feridas... As picadas coçavam muito... Não adiantavam os "carões" e os "muxicões" que eu recebia para não me coçar... Eu não conseguia evitar, coçava o local até ferir! (e depois, sofria ainda mais, com as aplicações de Elixir Sanativo!)
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Na época também havia quem queimasse em casa um tipo de "incenso" chamado Espiral Sentinela... Conheci esse na casa de vovô Gentil, em Recife... o cheiro lembrava o do cocô de vaca... e a fumaça era escura... Não lembro de ter sido usado lá em casa...
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Em compensação, quando apareceram os matadores elétricos de insetos, papai aderiu, com grande apoio de mamãe, a outro veneno... o Fulminset... Confesso que também uso, vez por outra (principalmente em Praias do Flamengo!), um desses veneninhos básicos... só procuro fazê-lo antes de usar o ambiente...
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Bem, toda essa bicharada entrou aqui hoje depois que consegui matar um mosquito que voava no meu quarto... mas que não usava as meias listradas!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lembranças acima de qualquer dieta

Revendo o que escrevi ontem, percebo que os temas, tanto a doçura, quanto o aperto, são recorrentes em minhas lembranças e que voltarei sempre a eles.
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Como doces lembranças não vão me deixar mais gordinha (o que implicaria roupas apertadas, coisa que eu não suporto!), hoje vou escolher continuar com minha memória completamente açucarada...
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Não sei... deve ser a proximidade do Dia das Crianças que me está deixando com toda essa saudade dos doces que experimentei vida a fora...
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Do "alfenim" (que encontrei aqui na Bahia disfarçado de "alfelis", "alfelô" e até "alferes"...), ou seja aquelas deliciosas balas "puxa-puxa" em que mamãe transformava, vez por outra, as já deliciosas rapaduras que papai trazia da feira e que eram guardadas dentro do latão de farinha...
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Era maravilhoso enfiar a mão naquela lata azul enorme e "pescar" uma rapadura enorme para mamãe derreter e fazer balas para serem devoradas num piscar de olhos... ou num estalar da língua no palato...
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As latas azuis eram de biscoitos e bolachas cream-crackers (acho que da marca Confiança, cuja confeitaria viemos a frequentar mais tarde, quando moramos em Recife, na minha infância). Lá em casa, aquelas latas, quando esvaziavam, viravam armazenadores ideais para mantimentos na dispensa da numerosíssima família... Aqueles depósitos eram tão hermeticamente fechados, que para abri-los era preciso usar algo, como uma chave de fendas, à guisa de alavanca!
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Não lembro daquelas latas monstruosas cheias de biscoitos ou bolachas, mas lembro de umas menores, ainda enormes, se comparadas às embalagens domésticas atuais... Acho que semanalmente papai comprava uma daquelas latas de "biscoitos sortidos" Confiança ou Pilar (não lembro se a marca era uma só...).
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Eram muitos os tipos de biscoitos que vinham nas latas (latas que depois viraram caixas e que mais tarde foram reduzidas a embalagens de um quilo, para depois sumirem do mercado...) e cada um de nós tinha sua preferência... Se bem que os biscoitos "champanhe", que eram poucos, eram disputadíssimos... e é claro que Fernando sempre ganhava mais do que os outros...
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Nós íamos consumindo os mais saborosos até que só sobravam os compridinhos de maisena... Eu gostava de uns que tinham o desenho de uma esfinge... Não que eles fossem mais gostosos, eu gostava porque me permitiam ser comidos aos pedacinhos... recortando-os cuidadosamente com minhas mãozinhas hábeis!! ;-)
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Engraçado que os de chocolate não eram disputados... se bem que não eram recheados... talvez isso fizesse a diferença... O advento e a popularização dos biscoitos recheados mudou muito o paladar infantil... Eu jamais trocaria um belo cacho de pitombas ou de roletes de cana por um pacote de biscoitos!! ;-)
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Mas... se a proposta fosse trocar as frutas por um prato de alfenins... nesse caso acho que eu toparia!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Entre a doçura e o aperto

Segunda-feira, dia de cair na real: faltam nove dias para o SEPESQ, minha apresentação será logo no primeiro horário (8:00h) e o texto ainda não está pronto; as inscrições para a seleção para o Mestrado estão abertas durante o mês inteiro e eu preciso fazer o anteprojeto; o semestre está acabando e preciso escrever a monografia da disciplina que estou cursando...
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As três atividades acima são, ou deveriam ser, minhas prioridades, mas ando sem inspiração...
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Por enquanto vou escrevendo minha bobagens aqui...
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Com a onda de euforia gerada pela escolha do rio como sede das Olipíadas de 2016, me surgiram algumas lembranças olímpicas...
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Lembrei de uma coleção de figurinhas sobre os esportes olímpicos que saiu nas embalagens do "chiclete-bola" Ping Pong... Em cada unidade, vinha o boneco Bolão representando um atleta de um esporte diferente... foi ali que aprendi que existiam esportes como "canoagem" e "turfe"... Antes do advento da TV, o chiclete também já foi fonte de cultura para algumas crianças! ;-)
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A lembrança pode ser dividida em várias... e provavelmente me perderei entre os pedacinhos dela...
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Primeiro, lembro daquele chiclete cor-de-rosa (tutti frutti, um sabor horroroso!) ou verde (hortelã, meu preferido...) sempre com aquela cor meio esbranquiçada, como se tivesse sido polvilhado com goma... afinal, era "goma de mascar"... Como eu achava aquela goma muito grande, às vezes mascava apenas a metade, dividindo irmamente a guloseima com um dos "meninos"...
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Lá em casa, o uso daquilo era condenado... lembro que só muito raramente eu usava um daqueles, e nunca me era oferecido pelos meus pais... Mamãe dizia que era muito perigoso mascar chiclete (e, de acordo com fatos que vi recentemente, parece que pode ser mesmo...).
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Nem mesmo os que não faziam bolas (os da caixinha amarela!) nossos pais nos davam, apesar mamãe sempre nos comprar balas (principalmente umas de mel, outras de menta e as gasosas, além de umas compridinhas de frutas... todas deliciosas!) numa loja maravilhosa que havia na ladeira que leva para o comércio... (gente, esqueço os nomes das ruas de João Pessoa com muita facilidade... são muitos nomes de homens estranhos!)
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Os chicletes a gente comprava meio escondido, com os trocados que recebia de "mesada"...
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Não tenho certeza se eu recebia mesada como meus irmãos... Acho que depois de muito "encher o saco" de papai ele começou a me dar um dinheirinho também... "Os meninos" é que tinham sorte: além de ganhar mesada de papai, ainda recebiam dinheiro de presente de vovó Xixica e de tia Lilia, quando elas iam lá em casa
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Para mim, levavam peças de "bico para enfeitar as calcinhas"... Pra que diabos eu queria bico ou calcinha enfeitada de bico??!! Acreditem... eu tinha tantas peças de bico, que se as usasse para o fim ao qual seriam destinadas, até hoje eu usaria calcinhas "bunda-rica"... Mas um dia, já grandinha, vendi algumas daquelas peças a minha irmã... Se bem que nunca vi nenhuma calcinha dela enfeitada com aqueles bicos!!
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Aliás, a roupa íntima de minha irmã era muito diferente da minha... suas calças ajudavam a modelar o corpo, mesmo sendo de algodão, sem elástico algum. Nunca cheguei a usar lingerie daquele tipo... quando cresci, a malha e as calcinhas compradas prontas já haviam dominado o mercado...
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Não usei aquelas calças, que tinham cós reforçado e eram ajustadas ao corpo com pequenos botões e nem usei "califon"... quando ganhei meu primeiro sutiã, já era esse o nome da peça... que eu sempre abominei!
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Foi quando Paulinho nasceu, que descobriram que meus seios já cabiam em um sutiã "menina-moça" e me compraram um na Alagoana... Até que era bem bonitinho e, no começo, eu queria usar o tempo todo, até para dormir... Depois passei a me sentir amarrada por aquilo e comecei a me rebelar contra seu uso... Ao lado, um "modelito" que devia torturar bastante... desses "pontudos" eu não cheguei a usar!! ;-)
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Bem, mascar um Ping Pong, sem nunca ter conseguido fazer uma bola "decente", acabou me levando para bem longe do assunto que eu pensei abordar hoje... (alguma novidade nisso?) ;-)
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Só me resta tentar me concentrar nos textos que preciso escrever!

domingo, 4 de outubro de 2009

À mesa

O restaurante onde almoçamos ontem me trouxe muitas lembranças. Como eu estava na companhia de pessoas queridas, mas que não fazem parte, pelo menos diretamente, de tais lembranças, guardei-as para lhes dar um tratamento mais adequado aqui... com os botões e as teclas do meu computador...
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O aspecto rústico do restaurante me remete à simplicidade das casas onde morei com meus pais e para as casas de meus avós, que pouco frequentei, quando menina (se bem que quando fui morar em Recife, já adolescente para fazer faculdade, virei frequentadora assídua da casa de meus avós maternos...)
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Acho que o pátio arborizado e os bancos de madeira poderiam ser compostos com peças extraídas de uma ou outra das casas por onde andaram Lucinha, a "pirralha Lúcia ou mesmo Tutica...
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Em nenhuma dessas casas, encontrei ambientes ao ar livre para refeições, mas em algumas delas vi quintais enormes, que talvez nem fossem tão grandes assim... Também não havia móveis tão pesados e rústicos, mas algo neles, talvez o verniz de memória que os revestia, os deixava com o mesmo tom escuro e sólido da mobília (de pouca mobilidade, devido ao peso!) do aconchegante restaurante que ontem foi nosso oásis...
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A figura do oásis entra na história não para matar nossa sede, pois todas estávamos munidas de garrafinhas de água; ou nossa fome, que aplacamos com deliciosos cookies de café... mas para nos lembrar que, para chegarmos à praia (cujo aspecto, não conhecíamos exatamente, pois a maré já subira bastante e as imagens que havíamos visto na internet eram de preamar...), teríamos que vencer alvas dunas, cujas areias , àquela hora, deviam estar escaldantes...
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Os bancos do restaurante me lembraram muito um que havia lá em casa, parecido com o da foto ao lado... Não lembro da presença daquele banco na Pedro II, quando nossas refeições eram feitas na copa... No Gonçalo, no entanto, ele estava sempre lá... Acho que um dia o colocaram, talvez por engano, no caminhão da mudança, de volta, depois do veraneio...
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Também não lembro daquele banco ter sido comprado na feira ou em qualquer outro lugar... ele simplesmente existia na casa da praia... sempre teve aquele aspecto de velhice e de espaço quase infinitamente expansível... Acho que nosso banco foi oriundo de quando a casa da praia ainda era de vovô...
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Além do banco, também havia lá em casa una tamboretes eternos, pelo menos para mim, pois sempre foram velhos... Eram de madeira com assento de couro curtido e durante muito tempo um deles me foi destinado (um dos dois pequenos, ao "tamboretão" eu nunca tive direito... era sempre para os menores e eu não consigo lembrar do tempo em que fui "menor"...) ;-)
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O uso daquele velho banco foi uma solução inevitável para a falta de cadeiras e de espaço à mesa de refeições, quando a família começou a se expandir do mesmo modo... Claro que acabou sendo superado e as refeições familiares (em datas onde a população da casa crescia além de sua capacidade sustentável) sendo expandidas por toda a casa...
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Aquelas ocasiões eram especialmente gratas a nossos pais. Pena que eles nunca tiveram oportunidade de reunir a família inteira... Lamentavelmente, na maioria das vezes, eu era uma das figuras ausentes...

sábado, 3 de outubro de 2009

Diogo, cadê você?

Sábado de sol e praia! Como já saímos relativamente tarde e como nosso destino era bastante afastado, resolvemos deixar a praia do Diogo para outro encontro... é, combinamos de sair juntas outras vezes!
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Nosso banho de mar foi transferido (e antecipado, só chagaríamos naquela praia paradisíaca, com a qual sonhei, perto do meio-dia...) para a Praia do Forte. Que lugarzinho charmoso e agradável! Fazia algum tempo que eu não andava por lá e achei bem mais sofisticado do que em 2002 (quando já o era bastante!).
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Deixamos o carro em um estacionamento que está em reforma (provavelmente para ser privatizado, o que significa ser pago, até o próximo verão...) e fomos procurar uma "piscina de adultos" (denominação interessante dada por Jorginho, que encontramos lá por acaso, às enormes poças balneáveis formadas à beira-mar).
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Nossa busca não foi demorada, logo encontramos o que precisávamos... sim, àquela altura eu já cairia até mesmo em piscina infantil!
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Sobre o encontro inesperado com Jorginho, foi Márcia que o viu e que chamou por ele, que não ouviu seus "gritos baixos"... Eu gritei forte e ele não teve como escapar de nós... Nós o convidamos para nos acompanhar no banho de mar e no almoço, que seria uma moqueca de pitu seria em Diogo (a 15 km dali), em um restaurante muito bem recomendado. Ele recusou os dois convites mas pediu que eu ligasse para ele, quando fôssemos almoçar.
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De molho naquelas águas mornas, sob um sol meio fraco e conversando sobre cabelos, física quântica, profecia mais e, principalmente sobre filhos, rapidamente se passaram duas horas e nós começamos nosso caminho pra a sonhada moqueca de pitu...
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Ainda no carro, eu soube que o restaurante no qual almoçaríamos servia essa delícia, que eu comera pela última vez em Ilhéus, nos idos de 1980... A perspectiva de saborear aquele prato que me era inesquecível ajudou a minimizar a frustração de não ir correr na beira mar de Diogo... nem de subir as dunas que eu vira na internet e que me fizeram lembrar meus livros de Geografia do ginásio...
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O caminho que nos levou até o aprazível restaurante que aparece na foto ao lado não é lá muito bom nem sinalizado, mas encontramos um garotinho muito simpático que nos ensinou todas as "direitas e as esquerdas", bem como todas as ladeiras, que teríamos que pegar até chegar ao orelhão de onde avistaríamos o Sombra da Mangueira. Com um guia como aquele menino, que não esquece de se posicionar na direção certa e de apontar corretamente cada indicação que cita, nem eu consigo me perder!
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O restaurante é mesmo muito bonito, mas a comida não é excepcional, como nos haviam falado... é apenas "honesta", como alguém classificou a cozinha de um restaurante popular do Rio Vermelho, na época do nosso Congresso.
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Bem, nosso passeio foi muito agradável e temos vários outros pensados para um futuro, espero, próximo!
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Não posso deixar de registrar o que encontramos hoje na Paralela...
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Na ida, um enorme e estranho engarrafamento que descobrimos ser motivado pos filas para abastecimento com álcool sem impostos... Gente... havia tantos carros naquelas filas, nos dois sentidos da avenida, que, com certeza, não haveria combustível para um quarto deles! E pensar que aquilo acontecia justamente em um posto que tem fama de vender combustível "batizado"...
Uma loucura!
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Na volta, encontramos centenas de pessoas vestidas de branco espalhadas ao longo da avenida segurando bandeiras com a palavrinha PAZ... Estranhei não ter ouvido falar que aconteceria aquela, tão oportuna e tão bem localizada, manifestação...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Viajando em barquinhos de papel

A aula foi boa... parece que todos gostaram... Seria ótimo se toda classe fosse de, no máximo 12 pessoas!! ;-)
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O tempo melhorou, o sol apareceu e parece que nosso "encontro" com Diogo vai ser ótimo!!
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Lá no Rio, as pessoas comemoram a escolha da cidade como sede das Olipíadas de 2016... que bom!! Espero que o evento seja um sucesso e que um dia possamos ver tanta coesão e tanta emoção motivadas por motivos, se não mais nobres, pelo menos menos individualistas...
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Aliás, eu nem posso criticar o individualismo alheio... Fico aqui tão concentrada em mim mesma... E sem culpa ou vontade de falar de coisas que não estejam diretamente ligadas a mim...
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Como o barquinho de papel que vi na TV hoje... Gente... tenho visto muita coisa na TV... deve ter algo errado comigo, né não? ;-)
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Bem, na verdade, eu escuto a TV muito mais do que presto atenção às imagens que ela insiste em me mostrar... Principalmente na hora dos telejornais, cujas imagens, em geral, são bastante deprimentes...
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Mas hoje eu vi uma cena que me chamou a atenção... acho que foi em uma pista de corrida de Fórmula Um... Chovia muito, a pista estava alagada e alguém fez um barquinho de papel e colocou para navegar no "rio" que se formara ali... Infelizmente, logo apareceu um homem fardado que retirou o barquinho, o amassou sem piedade e levou para o lixo...
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Homens de fardas, muitas vezes, são terrivelmente cruéis com tudo que pode (ainda que nem sempre deva...) ser amassado!
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Quando criança, eu adorava fazer brinquedinhos de papel... até hoje eu gosto! Vez por outra me pego fazendo "estrelas de xerife" com remalinas de formulários contínuos que me caem nas mãos...
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Meus irmãos faziam aviõezinhos lindos, que voavam que era uma beleza, enquanto os meus sempre caíam de bico a poucos metros de onde eu os jogava... não sei se o problema era de fabricação ou de utilização, mas sei que sempre fui uma "aeronauta" incompetente...
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Em compensação, meus barquinhos sempre foram muito bem-acabados (às vezes eu até os coloria) e resistentes... Lembro que colocava barquinhos para navegar na água que se acumulava na sarjeta, quando moravámos em Recife... Eles acabavam afundando depois de se chocarem com enormes oitis que sempre caíam sob a chuva... Mas conseguiam fazer viagens relativamente longas, antes dos naufrágios...
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Já adulta, na época da Universidade, um dia fui passear pelo Capiberibe com meus colegas numa "lancha coletivo" da CTU... Era um passeio turístico, apesar de bem mais modesto que os atuais roteiros que lá são feitos de catamarã (e que eu adoro!)... não sei se aquelas lanchas funcionaram por muito tempo...
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Naquele dia, estávamos meio cansados de estudar para alguma prova... Estávamos estudando lá no apartamento em que eu morava, que ficava perto do rio, e o passeio de lancha era novidade... resolvemos nos dar um recreio, largamos o estudo e fomos passear!
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A lancha estava quase vazia, éramos praticamente os únicos passageiros e pudemos brincar como crianças... lembro que várias páginas do caderno que eu levava viraram barquinhos que navegaram ao lado da lancha (não imagino a razão de ter levado o caderno... será que houve alguma intenção implícita e inconsciente?)... Dentro de cada um deles, eu depositei um sonho... um desejo... Lembro que desejei que nossa amizade não acabasse afundando como aqueles barquinhos frágeis...
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Acho que aquela mágica funcionou! Até hoje mantenho contato com meus colegas de faculdade, em especial com as meninas... Não sei exatamente todos que estavam comigo naquela tarde, mas lembro da companhia de Graça... será que ela lembra?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vida mansa

Eu não esperava ter tempo de escrever algo aqui hoje... Tinha uma aula para preparar e não imaginava que conseguiria concluir a tarefa, que já se arrastava por mais de uma semana, na tarde de hoje...
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É engraçado como existe um momento certo para a gente fazer as coisas... Algo que parece muito difícil em dado momento, pode ser feito com facilidade um pouco mais tarde...
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Sou bastante "íntima" do assunto sobre o qual vou falar amanhã... tenho lidado com ele há algum tempo e recentemente com mais intensidade, mas preparar o material para a apresentação foi uma tarefa demorada...
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Bem, parece que meu próximo fim de semana será de preguiça... Que maravilha!!
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Hoje recebi uma mensagem de minha amiga Cleide, convidando para passarmos o sábado em uma praia do Litoral Norte com outra amiga nossa, Márcia. Já respondi aceitando o convite e sei que vai ser um dia muito agradável, pois o lugar é muito bonito e a companhia muito legal.
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Cleide foi minha companheira de apartamento quando vim morar aqui em Salvador. Dividimos o mesmo endereço por cerca de três anos. Durante um longo período, depois que nos separamos, ficamos afastadas. Na foto ao lado, estamos, nós duas, estudando para alguma prova... a garrafa de vinho estava vazia... usei apenas para "fazer pose"... ;-)
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Apesar de continuarmos trabalhando na mesma empresa e no mesmo prédio, cada uma seguiu um rumo bem diferente.
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Foi depois do nascimento de Erick que eu comecei a me reaproximar de amigos que estavam distante, apesar de serem meus companheiros de trabalho.
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O nome da praia que visitaremos é Diogo. Erick já acampou por lá com os amigos, quando foi a um show em Sauípe (Diogo é vizinha da Costa de Sauípe) e disse que o lugar é mesmo muito lindo. Pelo que vi na internet, realmente vou gostar muito de lá!
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As fotos que vi, me remeteram àquela praia deserta em que cresci... A menininha que mora em mim está pronta para passear!!
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Claro que não vai levar seu baldinho esmaltado de vermelho, nem sua bola azul, muito menos sua peteca... Certamente não vai vestir aqueles maiôzinhos de algodão estampado feitos por mamãe... Também não vai encontrar por lá nenhum irmão mais velho cujos ombros possam ser usados à guisa de trampolim... Com certeza não me negarei a fazer castelos de areia para ela... Talvez até me convença a pular "cademia" à beira mar...
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Bem, vou torcer para que o tempo esteja bom e que a maré seja baixa pela manhã... nunca gostei muito de maré alta nem de banho de mar à tarde...