sábado, 26 de junho de 2010

Um ano... o tempo voa!!

Quando comecei a escrever aqui, tinha intenção de fazer disso um hábito, mas desconfiava muito de que seria, no início, um vício que depois seria abandonado ou substituído por outro... (afinal, nunca fui fiel a vício algum, se um dia os tive...)
.
Hoje estou aqui preparando minha centésima vigésima sexta postagem... Retomando o hábito depois de um período de "descanso"... ;-)
.
.
--------------------->>> LONGA PAUSA <<< ---------------------
.
.
Por que tenho tanta dificuldade em retomar hábitos ainda que me sejam prazerosos, depois de um período de abstenção?? Comecei a escrever este texto (quer dizer, escrevi o primeiro e brevíssimo parágrafo...) há nove dias!!
.
Bem, neste período assisti a muitos jogos da Copa (não só os jogos do Brasil), estive tão envolvida com isso, que cheguei até a planejar a reforma de uma camisa amarela para usar na "final"... ;-)
.
Lembro da primeira vez em que vi o Brasil perder uma Copa do Mundo... Foi a de 66 e eu tinha 14 anos... ~
.
Na época, ainda não acompanhávamos os jogos pela TV. Se já havia transmissão direta para o Brasil (ou se essa transmissão chegava ao Nordeste), na TV lá de casa, definitivamente seria impossível assistir a jogo de futebol...
.
Com a qualidade da imagem que recebíamos através daquele robusto televisor Standard Electric auxiliado por aquela imensa e instável antena externa (que não respeitava o velho telhado de nossa casa da Pedro II e que, frequentemente, exigia que papai subisse para acalmá-la...), veríamos, no mínimo 50 pessoas e duas bolas em um campo envolto em forte nevoeiro... ;-)
.
Era um horror, a imagem que recebíamos diretamente das emissoras de televisão recifenses, antes de instalarem retransmissoras em território paraibano... Hoje, diante da imagem perfeita da TV digital, fica difícil imaginar que sentávamos todos diante do aparelho que nos oferecia aqueles borrões maravilhosos!! ;-)
.
Acho que só em 1970 pudemos assistir os jogos da Copa ao vivo, pela TV... E acho que em 1974 já foi a cores... Alguém começou a pisar no acelerador da evolução tecnológica da área...
.
Bem, voltando à Copa de 66... Lembro que os jogos eram à tarde e que só "os meninos" e papai (um pouco) acompanhavam aquela transmissão radiofônica complicadíssima!! A maioria de nós limitava-se a gritar GOL, quando ocorria algum... Mas meus irmãos mais velhos ficavam com os ouvidos colados no rádio enorme que havia na sala lá de casa, segurando a cabeça com a mão na testa e prontos para esmurrar o ar com a outra mão... Eu temia chegar perto, naquelas horas, pois facilmente seria vitimada por um daqueles socos... Ninguém podia dar um pio, para eles não perderem nada do que o locutor embolava na transmissão... (eu achava que o latim da Missa era mais fácil que o português das transmissões futebolísticas do rádio...)
.
Lembro que, para a maioria de nós, foi muito triste perder para Portugal e que que torci para que os lusitanos fossem derrotados em seguida... Bem lembro mais da alegria pela derrota deles do que da tristeza de me sentir perdedora... Acho que, foi uma das poucas vezes na minha vida que torci contra... Eu não era "pró" os ingleses, mas contra os portugueses que haviam destruído uma de minhas ilusões inexplicadas...
.
Como sempre, na época da Copa estávamos cuidando das "comidas de milho" enquanto Portugal perdia para a Inglaterra e me deixava mais conformada. Tia Iná, minha tia materna mais velha, estava lá em casa e ajudava a mexer a canjica, mas me irritava ao torcer por Portugal... Naquela época, eu acho que Cristina namorava um português chamado Américo e ela torcia pelo "cunhado"...
.
Lembro que ela mexia a canjica repetindo um "mantra": "que os ingleses fiquem tontos... que caiam todos...", Silenciosa, eu torcia para que ela se queimasse com os pingos da canjica borbulhante!! Ela ainda retirou a colher da panela e saiu pelo terraço da cozinha girando a colher e insistindo no "feitiço" que tentava fazer... Acho que naquele dia ela perdeu toda a credibilidade que eu ainda lhe depositava...
.
Eu tinha um respeito temeroso por aquela tia que se dizia leitora de mãos... Ela adorava ler as mãos de todos que apareciam por perto e sempre conseguia ver nas entrelinhas de nossas palmas romances com estrangeiros (em geral, nobres!) e muitas viagens... Ela nunca foi minha tia predileta... era muito diferente de minha mãe!!
.
Trazendo a bola de volta para o campo, para concluir a jogada... Hoje eu consigo assistir os jogos pela TV, acho até muito interessante, mas meus comentários, quando feitos na frente de Erick, não são muito bem aceitos... ;-) Como filho, ele não me manda calar a boca, mas acho que desliga o "canal receptor" e não os escuta... ;-)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Enchentes

Já comentei aqui sobre o medo que eu sentia de terremotos e "macaréus", no entanto, eu só tinha notícias distantes daqueles tipos de catástrofes.
.
A primeira catástrofe de que tive notícias e que estava próxima de mim, foi o "arrombamento" do Orós... Também foi em O Cruzeiro que vi as fotos dos desabrigados, do açude arrombado e, eu acho, de casas destruídas...
.
Fiquei sabendo que o Orós ficava no sertão... Àquela altura eu já estava meio grandinha e já sabia que o sertão era lugar de seca... Já vira retirantes espalhados pela cidade a pedir esmolas, em 1958... Não sabia que por lá também podia acontecer inundações...
.
No ano seguinte, fomos morar em Recife e pude ser, praticamente, vizinha das enchentes... Lembro de ter ido um dia com Francisca e, eu acho, com Felipe, ver o rio (muito mais cheio do que eu costumava ver) passar sob a Ponte do Derbi carregando colchões, cadeiras e outros objetos que trazia das casas de cidades que inundara... Aquele rio sempre fora um vizinho muito lindo (sou apaixonada por ele até hoje!), mas naquela ocasião me pareceu assustador!!
.
Lá mesmo em Recife havia regiões que alagavam, mas nós morávamos longe delas...
.
Foi em 1970, quando já estudava Engenharia, pude sentir o que era uma enchente recifense... mas não foi "cheia de rio", aquela enchente foi resultante de um temporal muito violento que alagou a cidade em poucas horas...
.
Lembro que estava na Faculdade à tarde fazendo aula prática de Física em um laboratório escurecido por cortinas pretas nas janelas fechadas (lembro de um monte de coisas sobre essas aulas práticas de Física... mas não falarei sobre isso agora, senão esqueço meu tema, como costumo fazer...).
.
Quando saímos do laboratório, o dia também já estava bastante escuro (lá em Recife o dia escurece muito cedo, como em João Pessoa...) e eu desci rapidamente, para tentar pegar o ônibus que me tiraria da Cidade Universitária para o ponto da Caxangá, em frente ao Barão de Lucena, onde eu pegaria um ônibus para o Centro.
.
No pátio em frente à cantina da Escola, no entanto, havia muita gente e muita agitação... O pessoal falava que estávamos ilhados, que a cidade estava alagada (quem não conhece a vida sem o telefone celular e sem a internet sem fio, deve achar estranho falos como os que conto por aqui...) e que não haveria ônibus para nos apanhar ali... Eu fui logo tratando de procurar Felipe, que também deveria estar na Escola àquela hora, mas nenhum dos colegas dele sabiam me dizer onde ele andava...
.
Bem, quando o nosso ônibus (o menorzinho dos dois que faziam nosso transporte para a Caxangá) chegou, eu tratei de me enfiar nele de qualquer modo, ali era que eu não passaria a noite! (se não me falha a memória, àquela altura já não havia energia e a escuridão nunca me foi muito atraente, muito menos com uma trilha sonora sob a responsabilidade das rãs daquela várzea...)
.
O ônibus seguiu superlotado... depois de um tempo que pareceu enorme, nos deixou (abandonou? Lembro que insistimos muito, em vão, para que o motorista nos levasse até mais adiante, onde achávamos que a situação estaria mais tranquila...) em uma Caxangá cheia d'água... por onde só uns poucos ônibus (os que tinham o escapamento na parte superior) e caminhões trafegavam... Como tenho um anjo-da-guarda muito zeloso, consegui embarcar em um daqueles ônibus apinhados de fugitivos da enchente...
.
A viagem até a Conde da Boa Vista, meu destino, foi longa e muito atribulada... Nosso ônibus resgatava todos que pedissem por ajuda... Em uma das paradas, subiu uma mulher que gritava dizendo que havia uma cobra agarrada à perna dela... A mulher foi puxada para dentro do ônibus pelos passageiros que estava perto da porta , que foi fechada rapidamente... não vi nenhuma cobra, se havia uma, ficou por lá... (afortunadamente!)
.
Bem, não faço ideia da duração da viagem, mas cheguei ao meu destino depois de muito tempo... Quando desci do ônibus, no entanto, tive que atravessar, não uma rua, mas um rio... Havia água à altura de minha cintura, na Conde da Boa Vista... para atravessar, venci ondas provocadas por "ônibus-lanchas" que "navegavam" por ali...
.
Enfim, cheguei ao edifício onde morávamos... Encontrei o porteiro e perguntei logo por Felipe, que ele disse que já chegara e subira (para mim foi um alívio saber que meu irmão estava a salvo)... Claro que o elevador não funcionava... tive que subir as escadas escuras, tateando e morrendo de medo... em medo muito maior que o cansaço de toda aquela aventura...
.
Quando cheguei ao nosso apartamento, bati na porta, pois minha chave estava dentro da bolsa (que devia estar ensopada, mas eu não registrei esse detalhe) e tudo ali era muito escuro... Felipe veio atender a porta, de pijama, certo tempo, pois já estava dormindo... Quando lhe perguntei se não estava preocupado comigo, ele foi sincero em responder que não, o que me deixou muito revoltada!!
.
Essa foi a única vez em que estive em uma enchente e essa lembrança sempre me vem à mente quando tenho notícia sobre inundações...
.
A enchente atual, dos rios de Alagoas e Pernambuco, com certeza é muito mais grave do que a que vivenciei... Mesmo tendo, dois dias depois, ido para João Pessoa e encontrado Goiana alagada, com as casas cobertas de água até os telhados e sem de suas pontes da BR-101 (havia um desvio, devido à queda da ponte, que aumentou minha viagem de duas para seis horas...)... Quando a água baixou, as casas continuavam lá... com suas paredes marcadas indicando a altura que a água do rio atingira... Dessa vez, a fúria dos rios derrubou as casas... Uma coisa muito triste!!



quinta-feira, 24 de junho de 2010

Bombas e traques

Desde ontem, na pracinha aqui em frente do prédio onde moro, intensificaram-se os pipocos, estalos e apitos dos fogos queimados pela criançada (e pela marmanjada) da redondeza... Devido aos jogos da Copa, a prática já vinha ocorrendo há alguns dias, mas a comemoração do São João tinha que ser marcada por mais fumaça e por maiores estrondos... Se bem que eu desconfio que os novos jogos irão provocar ainda mais pólvora queimada na pracinha...
.
Como a praça fica ao pé de duas ladeiras e arrodeada por prédios altos e envidraçados e como os "petardos" são explodidos dentro de um quadrilátero formado por quadro bancos de concreto e, acredito eu, cobertos por algo como uma lata, os tiros são tão assustadores que devem estremecer as vidraças dos apartamentos de andares mais baixos e estourar os típanos de bêbes e, principalmente, dos cachorrinhos de pequeno porte que frequentam a pracinha... Eles gritam ainda mais do que o habitual...
.
Eu sempre gostei das festas juninas, mas faz muito tempo que abomino esse costume da queima de fogos barulhentos...
.
Quando eu era pirralha, meus irmãos mais velhos, no período junino, faziam um "bazar de São João" para angariar uns trocados... Com caixotes de sabão (é... o sabão era em barras, em geral manchadas, e vinha para o mercado acondicionado em caixotes de madeira...), eles faziam uma espécie de pequena estante, cheia de pequenos compartimentos...
.
Colando papel de seda colorido, eles deixavam a estantezinha muito bem decorada (pensando bem, agora, elas pareciam santuários...), pronta para ser recheada de caixas de "bombas chilenas", de traques e de "cobrinhas-elétricas"; pacotes de "bombas de 3 tiros"; maços de "estrelinhas", de "chuveiros", de "pistolas", de "mijões" e de "busca-pés"; rolos de "espanta-coiós"... E até mesmo, uma vez ou outra, com um vulcão...
.
Não tenho certeza se esses eram, exatamente, os nomes dos fogos, mas é assim que ficaram na minha memória... Eu achava lindos os bazares... Gostaria de usá-los como casinha para minhas duas bonecas, mas nunca tive essa chance... Não sei que destino tinham os caixotinhos enfeitados, depois do São João... aliás, também não sei quem comprava aqueles fogos, que, eu acho, eram adquiridos com o dinheirinho que os meninos arrecadavam de umas vendas corriqueiras que faziam...
.
"Os grandes" repartiam entre si a venda de latas, garrafas, jornais e revistas... acho que cada um se encarregava de um "artigo"... Se não me falha a memória, quando Marcelo saiu para estudar no Recife, Felipe entrou na partilha... Depois que os outros foram saindo, acho que foram entrando Fernando e Martinho... eu nunca fui chamada a participar daquele negócio, que parece que era exclusividade masculina, como muitas outras coisas naquela minha casa onde os "meninos" eram uma maioria que sempre me esmagou...
.
Lembro do carroceiro indo lá em casa levar o material que eles vendiam... Outras vezes vinha um comprador de menos porte, que trazia apenas um par de balaios nos ombros... Também não tenho ideia da finalidade daquela compra, só sei que "os meninos" limpavam a garagem bem animadinhos, pensando no retorno financeiro... ;-)
.
Bem, como sempre, eu desviei o rumo da conversa... ou fui levada de lembrança em lembrança, para outro lado...
.
Voltando aos fogos: um dia uma daquelas cobrinhas doidas voou em minha direção e se alojou em minha "juba"... Foi assim que desisti delas... Não lembro de ter sido queimada, mas não esqueço do cheiro horroroso que permaneceu por um bom tempo em minhas narinas... do cabelo queimado... Em outra oportunidade, soltando uma estrelinha, tive o pé queimado pela "gota" escaldante que caía delas quando terminavam de queimar... Naquela época, mamãe tinha sempre à mão um tudo de Picrato... Era nossa salvação!!
.
Bem, espero que a pirralhada da pracinha não sofra as queimaduras que sofri... Mas acho que se acontecer com elas, certamente também perderão o interesse por essa "brincadeira" tão sem graça... Sem contar que aqui não se pode ter uma daquelas fogueiras imensas e extremamente fumacentas, que não conseguiam queimar inteiras em um só noite, ainda que fossem acesas um pouco antes do escurecer...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Aniversários...

Quando já se viveu quase 59 anos, é natural que cada dia do ano seja marcado por algum acontecimento de nossa vida, seja um fato cheio de alegria e cor, seja algo doloroso e sombrio... A exatos 19 anos eu fiquei órfã de pai...

.
Na ocasião, eu estava de férias em João Pessoa. Não sei exatamente a razão de ter ficado na casa de Fernando, ao invés de, como era meu costume, me hospedar na casa de papai... Talvez tenha sido pelo fato de ele estar vivendo uma "segunda lua-de-mel", depois que Cristina resolveu voltar a viver com ele...
.
Naquela semana, papai estivera internado com crise de angina... imagino que deva ter sentido dores muito fortes, para chegar ao ponto de pedir para ser levado ao hospital... Ele, como a maioria dos homens, não gostava de mostrar fraqueza alguma, especialmente, diante de uma simples doencinha...
.
Não lembro quantos dias ele ficou hospitalizado, mas eu pude acompanhá-lo uma noite no hospital... Ele acordou no meio da noite e rapidamente saiu do quarto para o corredor... queria ir ao banheiro e não percebeu, naquele momento, que não estava em casa... Saiu dali, eu acho, na manhã seguinte.
.
Enquanto isso, nós estávamos animados, preparando a ida para o São João de Santa Luzia...
.
No dia 22 pela manhã, fui "à cidade" para fazer compras relativas à festa junina. Lembro que estava no interior das Lojas Americanas (da Lagoa) para comprar chapéu de palha para Erick. Quando ouvi uma série de tiros que pareciam ser na frente da loja...
.
As pessoas corriam e falavam assustadas, coisas desconexas... Eu também comecei a correr em direção ao fundo da loja. Havia entendido que o estabelecimento estava sendo assaltado e que havia bandidos atirando em todos que apareciam pela frente... Corri com as outras pessoas assustadas até encontrarmos um muro enorme, impossível de ser escalado... (acredito que se fosse mais baixo eu teria tentado pular!)
.
Na realidade, o que estava acontecendo era a explosão de algumas das barracas de venda de fogos, que funcionavam "nos bambus" sem a mínima segurança...
.
Assim que pude, saí dali e peguei meu ônibus para os Bancários... Mal cheguei na casa de Fernando, no entanto, recebemos um telefonema de Cristina dizendo que papai tivera um mal súbito e caíra dentro do box do banheiro... Ela conseguira socorrê-lo com a ajuda de uns surfistas que passavam em frente "lá de casa". Ele estava desacordado e ela apavorada...
.
Corremos todos para lá. Encontramos papai gelado, deitado em sua cama... Lembro que Erick passou a mãozinha em seu rosto e disse que o avô estava frio...
.
Tentamos conseguir uma ambulância para levá-lo para o hospital, mas, com o acidente dos fogos na Lagoa, não conseguimos...
.
Marcelo tomou a frente e colocou papai em seu carro. Eu fui no banco de trás, apoiando sua cabeça... Marcelo guiava feito um louco e buzinava para que abrissem passagem, no que não era muito bem recebido pelos que trafegavam pela Epitácio àquela altura, saindo do trabalho e já planejando não voltar para o expediente da tarde, preferindo viajar para o interior para curtir o São João...
.
Quando chegamos ao hospital, a pressão de papai era zero e ele foi direto para a UTI... Era uma sexta-feira e eu vestia branco, como costumo fazer toda sexta, desde que mudei aqui para Salvador e aprendi que essa era uma maneira de reverenciar Oxalá...
.
De branco e sentada em atrás de uma mesinha à porta da UTI, as pessoas se dirigiam a mim buscando notícias de seus parentes e amigos, queimados pelos fogos da Lagoa... Eles pensavam que eu era enfermeira...
.
Nunca soube muito sobre os feridos naquele acidente, mas, felizmente, as barracas de fogos foram banidas do centro de João Pessoa...
.
Eu estava ali apenas esperando, ainda que com uma esparança muito tênue, que daquela porta saísse alguém com uma notícia boa para nossa família... No entanto, depois de um tempo que não poderia dizer se foi ou não longo, mas que me pareceu interminável, recebi a notícia que parecia uma sentença: Eu estava, definitivamente, órfã.
.
Espero que estes dois estejam em algum jardim, a me esperar!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Há 40 anos...

Acabo de ouvir na TV que foi há exatos 40 anos que o Brasil ganhou o Tri...
.
Então foi há 40 anos que me vesti de macaquinha auriverde para ir ver a festa que se fazia no centro de João Pessoa... Naquela ocasião foi inaugurado antecipadamete o "viaduto" do Ponto de Cem Réis... Aliás, aquela passagem de nível era (pelo que sei, foi eliminada da paisagem pessoense) chamada Viaduto Damásio Franca... (quer dizer, o prefeito de então aproveitou a obra para marcar sua passagem por ali...)
.
Pois é... naquela noite houve muita alegria e muita festa. Nós, lá em casa, não ficamos de fora...
.
Lembro que minha prima Lourdinha estava conosco, havia vindo para ir para Santa Luzia conhecer o tão falado São João... Ela, naturalmente, também foi comemorar lá na Lagoa. Na volta, fomos dormir felizes mas dispostos a acordar cedinho no dia seguinte, para cair na estrada...
.
Eu, que já descobrira há dois anos as delícias do baile de São João do Yayú, estava mais feliz com a perspectiva da festa junina do que com a vitória futebolística...
.
Bem, pouco depois de ter ido deitar - na rede, pois deixara minha cama para Lourdinha, que, provalvelmente nunca dormira de rede - fui acordada por minha prima entrando apressada e assustada no quarto, esbarrando em minha rede e dizendo, ofegante, que o cachorro estava no banheiro...
.
Bem, como lá em casa não tinha cachorro, eu também fiquei muito assustada!! Não lembro se fomos as duas sozinhas conferir o bicho o qual ela contou que pisara ao tentar entrar no banheiro, ou se convocamos papai para nos acompanhar... Só lembro é de termos encontrado Fernando (que na época tinha 16 anos) dormindo deitado no chão gelado (era de pedra miudinha, dizíamos que era de "granito"), sem camisa e com a cabeça molhada...
.
Foi a cabeça, com os cabelos compridos e úmidos, de Fernado que foi pisada por Lourdinha... Ele chegara bêbado, vomitara e tentara molhar a cabeça para curar a bebedeira ... deve ter ficado tonto e caído... Ele nem deve lembrar exatamente como foi que pegou no sono ali, daquele jeito...
.
Fernando sempre foi muito "danado" e deve ter feito tudo aquilo para evitar que papai o repreendesse ou, pior, lhe batesse de cinturão nas pernas, como deve ter feito alguma vez (eu lembro de ameaças)...
.
Aliás, lembro de uma vez que papai o avistou na rua fazendo algo que "não devia"... Papai avisou a mamãe que o receberia com umas cintadas nas pernas... mamãe deve ter avisado Fernando, pois ele entro em casa como um raio e se trancou no banheiro... Depois de algumas chamadas de papai, saiu e entregou-se ao castigo corajosamete... No entanto, havia protegido suas pernas enrolando-as com as roupas que encontrara no "roupeiro" (depósito para roupas sujas que havia no nosso banheiro... para mim, quando bem pequena, um "poço" assustador!)... Aquele meu irmão era "um artista"!! ;-)
.
Bem, mas eu falei no Ponto de Cem Réis e vou aproveitar para contar aqui o que acabo de aprender... Eu, que sempre ficava em dúvida se seria Ponto de Cem Réis ou Ponto dos Sem Réis (por ser um lugar que conheci como ponto de encontro de desocupados, apesar de saber que nem todos que o frequentavam faziam parte de tal categoria), nunca mais errarei o nome!!
.
Li que ali era o ponto final de três linhas de bonde e que as passagens, que custavam 100 Réis, deviam ser pagas até que a viagem terminasse... Assim, quando o bonde se aproximava dali os cobradores gritavam "olha o ponto dos cem réis", para que todos preparassem a moeda que lhes devia ser entregue... Gostei da explicação...

sábado, 19 de junho de 2010

Aniversário chegando...

O tempo anda passando tão rápido, que hoje me surpreendi ao notar que esse espaço já vai completar seu primeiro aniversário...
.
Antigamente o tempo passava vai devagar, "neranão"?? ;-) Provavelmente o tempo tinha mais dificuldade para mover, mecanicamente, os ponteiros finamente trabalhados dos relógios de algibeira, como o de papai... Além disso, vez por outra alguém devia esquecer de dar corda nos relógios e o tempo ia de deslocando devagarzinho... Hoje, quando muitos, como eu, sequer usam relógios de pulso, preferindo o acesso direto à hora indicada pelo celular, parece que já não se consegue enganar o tempo, que corre sempre à nossa frente...
.
Preciso voltar a cuidar das minhas lembranças mais remotas... elas devem estar bastante emboloradas e acho que vou ter que catar algumas por aí... o saquinho de filó deve ter deixado que as menorezinhas escapassem pelos furos... aliás, o próprio saquinho deve estar meio roto e eu devo mesmo é providenciar um novinho... A tarefa parece bastante adequada a uma convalescente meio presa em casa ;-)
.
Além do saquinho para as lembranças miúdas, vou tentar customizar, a partir de uma blusa usada, um uniforme de torcedora da Seleção, caso ela passe para a próxima fase...
...
............................................................... ((((Dois dias depois))))
...
Ontem teve jogo e teve gol... assistimos aqui em casa, apenas eu e Erick... Depois do jogo, muita confusão na rua: um grupo de jovens, fantasiados e bastante alcoolizados, saiu desfilando e atrapalhando o trânsito... talvez fossem em direção ao Farol da Barra, onde Daniela Mercury fazia apresentação gratuita para festejar a vitória do Brasil; muitas crianças e alguns adultos soltavam fogos na pracinha que fica aqui em frente ao nosso prédio...
.
Um pouco mais tarde, ouvimos a sirene de um caminhão de bombeiros que buscava um endereço para atender algum chamado... eles acabaram parando na frente de um edifício aqui perto (onde mora meu amigo Pádua... aliás, hoje em dia muitos dos meus colegas aposentados moram aqui nas vizinhanças...), mas não demoraram a ir embora, já sem tocar a sirene... não deve ter sido nada grave, mas vi muitos fogos serem atirados pelas janelas dos apartamentos, em atitudes que considero absolutamente inseguras!!
.
A comemoração aqui perto, a barulheira toda, não demorou muito a acabar... Foi quase da mesma dimensão da vitória! ;-)
.
E eu lembro de algumas cenas de comemoração de vitórias em Copas...
.
Da de 58, tenho uma vaga lembrança, que bem pode ser exclusivamente fantasia, de um carro "sem capota" saindo com uns rapazes (que seriam amigos de Sóstenes) muito alegres gritando e cantando... Acho que houve corso lá na Lagoa, mas eu comemorei mesmo com Felipe, brincando de rodar até cair tonta (eu adorava brincar disso, pode??!!) no chão vermelho do "terraço da garagem"
.
Aliás, lembro da música da época: "Didi, Pelé, Vavá, bailaram lá na Europa e a Copa veio pra cá... No duro... Gilmar De Sordi e Beline, famoso trio final, fizeram do meu Brasil o campeão mundial..." Vou procurar o áudio para colocar aqui!!
.
Dessa Copa tenho duas lembranças que certamente são exclusivamente minhas e que não faço ideia da razão de se manterem vivas: uma é que Castilho (que para mim era uma caixa de fósforos que Bartolomeu usava no jogo de botão), não era o titular (eu não sei se sabia o que isso poderia significar!!) e a outra é que Orlando fazia aniversário no mesmo dia que eu, o que fazia dele um grande jogador, para mim!!
.
A outro vez que lembro ter comemorado, foi na época do Tri... Naquele dia eu, já estudante de Engenharia, vesti short e blusa amarelos e amarrei uma faixa verde (do meu "vestido de sair" da época) na cintura quando fomos, de bandeira em punho, para a Lagoa...
.
A bandeira havia sido costurada por mamãe e era apenas duas faixas de tecidos emendadas (uma verde e uma amarela), mas era bem grande e nós a levamos estrada a fora quando fomos, acho que no dia seguinte, para Santa Luzia, onde passamos o São João...
.
Bem, vou parar por aqui, voltei ao tema São João... ;-)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um ponto de vista exclusivo!

Quando tirei o tampão, no dia seguinte à cirurgia, minha visão estava bastante turva. Demorou um pouco até que eu conseguisse abrir, realmente, o olho e voltei a ter a mesma sensação que tivera poucas horas depois da cirurgia de catarata, logo após o olho "acordar"...
.
Saí do posto de enfermagem vendo a parede e as janelas, ao longo do corredor do hospital, como que jogadas à minha frente... Tive que me apoiar em Erick para descer a escada e seguir para a sala de espera do médico, que me submeteria à primeira revisão pós-operatória. Foi nessa ocasião, que eu soube, por Erick, que meu olho estava "vermelhão"...
.
Quando cheguei na sala de espera, encontrei a senhora que havia sido operada logo antes de mim... O olho dela estava bem vermelho e eu pude imaginar que o meu estaria parecido... Só mais tarde, quando cheguei no carro e olhei no espelho, vi que o meu estava muito pior!! ;-) (estava muito feio, mesmo!!)
.
Naquela sala, aos poucos meu olho foi se acostumando com sua nova realidade e eu comecei a enxergar usando prioritariamente o olho direito... O esquerdo parecia estar cheio d'água pelo menos até a metade... Era estranho por ele! Além daquela água, eu via verdadeiras nuvens de mosquitos pretinhos e miúdos, que até tentei espantar, antes de perguntar a Erick se também os via e de descobrir eram exclusivamente de minha propriedade...
.
Bem, pacientemente, como me foi recomendado, cuidei desse olho em recuperação e aquela impressão de "água" foi passando... ou eu me acostumando a tê-la comigo... Vi o nível da água baixar a cada dia...
.
O médico explicou que a tal água era, na verdade, a bolha de ar que injetara para proteger a retina. Enquanto que os pontos pretos eram a medicação que também havia sido aplicada no local.
.
Desde a terça-feira, quando fui fazer minha segunda revisão, o que eu via era apenas uma espécie de lente circular, quando abaixava a vista. Dr, André explicou que, na verdade, a bolha estava na parte superior do olho e que a tendência era que desaparecesse em poucos dias... disse também que a bolha poderia se dividir em duas ou mais... Àquela altura, eu me acostumara a olhar através daquela lente, que pouco a pouco foi ficando meio escura, era como uma lente fotocromática interna... eu gostava do efeito!!
.
Pois bem... hoje, quando acordei, tive que procurar minha lente, que havia sumido no olho e que demorou a reaparecer... muito diminuída, mas ainda mais bonita... até lembrava um paetê... e a cor hoje era prata velha... linda!!
.
Agora a pouco, ao anoitecer, perdi definitivamente meu "ponto de vista" particular... Vou sentir muita falta dele, mesmo sabendo que sua ausência sinaliza meu sucesso...
.
Hoje, antes de sumir, minha lente só aparecia quando eu olhava bem para baixo... Ela se projetava na minha face como uma daquelas pintas que se aplicam nas bochechas das meninas quando as arrumam para dançar quadrilha...
.
Gostei de me ver meio pronta para dançar uma quadrilha, o que não faço há muito tempo... Aliás, só lembro de ter vestido roupinha de matuta duas vezes em todas minha vida... Bem pirralha, para o São João da Escola Modelo e adolescente, para a festança do Yayú Clube, da segunda vez que fui passar a festa em Santa Luzia...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Olhos vermelhos

Sempre associei olhos vermelhos a muita tristeza... Inclusive, eu tinha pena daquele coelhinho de pêlo branquinho e olhos vermelhos... Tadinho!! (não parece sofrer de conjuntivite??)
.
Sou chorona e costumo chorar de alegria e mesmo por alguma emoção efêmera, ocasionada por algum "nada"... Mas esse tipo de choro não costuma avermelhar meus olhos, pelo menos, não por muito tempo... Para isso, só choro de dor.. física ou, principalmente, não-física...
.
Desde o dia 09/06, vejo meu olho esquerdo vermelho, sempre que enfrento o espelho para regá-lo com algum dos colírios que estou usando para recuperar (até setembro) uma visão melhorada em "duas linhas"... Só senti um pouco de dor nesse olho na noite do dia da cirurgia, mas foi uma dor branda, que sumiu depois que tomei o comprimido que me foi dado para tomar antes de dormir.
.
Essa condição de vermelhidão ocular, no entanto, acaba afetando meu humor e eu ando tendo que brigar comigo mesma para não cair em tristeza condizente com a coloração do olho esquerdo...
.
Sozinha em casa, sem poder fazer muitas das coisas com que ordinariamente me ocuparia em tal situação (Erick assumiu a maioria das tarefas domésticas e briga quando tento fazer algo que ele acha que não devo... é o espírito de papai atuando forte...), resta-me acompanhar os jogos da Copa... Em geral, apenas escutando a transmissão da ESPN, pois as imagens dos jogos não me prendem a atenção...
.
Lembro de "minha primeira Copa"... foi exatamente aquela que a maioria dos brasileiros faz questão de lembrar... a de 1958! (já falei sobre ela aqui, mas agora brilham entre minhas lembranças alguns pequenos fragmentos daquela época...)
..
Eu tinha 6 anos, quando ganhei meu primeiro "bolo" (acho que foi o único!!)... o jogo era Brasil e Rússia e, se não me engano, ganhei "dois mil réis"...
..
É... lá em casa se falava em "mil réis" e em "contos de réis" e eu desconfio que não fazia ideia do que era "dinheiro"...)
.
As lembranças da Copa vêm com sabor de canjica. Ainda ontem falei para Erick sobre isso... canjica, pamonha, milho cozido e milho assado... esse era o cardápio de Copa lá de casa. Engraçado... não lembro de ter visto entre nossos pratos juninos, em nenhuma ocasião, o amendoim cozido que aqui é tão consumido...
..
Amendoim, para mim, era comprado pronto... e o cozido era condenado por minha mãe, que não confiava na pureza da água usada para o cozimento... Quando íamos passear na Lagoa ou, às vezes, quando passava algum vendedor na porta lá de casa e mamãe dispunha de alguns trocados (em geral, encontrados nos bolsos de meu pai, ao preparar a trouxa de roupas sujas que seria entregue à lavadeira), mamãe nos comprava aqueles pacotinhos de amendoins torrados que eu comia meio sem vontade, pois gostava mesmo era dos proibidos... salgadinhos e suculentos...
.
Outra coisa que nunca vi ser feita lá em casa: pipoca... Sempre comíamos aquelas vendidas vendidas nos carrinhos... na Lagoa, na Bica... ou mesmo no Comércio ou na Festa das Neves... Acho que só Paulo e os netos comeram pipoca feita lá em casa... ;-) Se bem que, em compensação, acho que eles não provaram o "pão de coco" que mamãe torrava no forno a querosene e pouco chuparam as balas de alfenim (puxa-puxa) com que eu me deliciei... ;-)
.
Bem, comecei a escrever aqui hoje para espantar a tristeza que anda me rodeando, mas já não a vejo por perto... Vou voltar a postar bobagens aqui, pois me faz muito bem!!