sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Presentes


Dia 23 de dezembro e eu quase não pensei em presentes... Comprei apenas lembrancinhas para Mirella, minha fisioterapeuta, e Marinês, minha podóloga e manicure... "Para variar", comprei brincos... Gostaria de ter comprado algo tamb´[em para André, meu professor de hidroginástica, mas tenho muita dificuldade quando se trata de presentes para rapazes, especialmente quando não o conheço bem...


Gosto de dar presentes que gostaria de receber, mas sem nunca esquecer que o presente não é para mim... Adoro brincos... especialmente, os que são prateados, não muito grande e ficam pendurados nas orelhas, presos por ganchos e não com tarrachas... com algumas variações, foram brincos assim que comprei para essas meninas que cuidam de mim...

Acho que essa minha dificuldade de escolher presentes para pessoas que conheço pouco, ou que sei que são muito diferentes de mim (como é o caso do André: homem, jovem, farrista, pouco amigo das leituras...) é devida ao fato de nunca ter recebido muitos presentes... me acostumei a me dar tudo que preciso ou que simplesmente quero ter... Esta foi uma vantagem que minhas independências, principalmente a financeira, me concedeu...

Mamãe nunca teve recursos próprios para comprar "seus alfinetes" e adotava o antigo costume de "fazer pinto" (essa prática feminina ainda era muito comum no início do século passado.. consistia no confisco de qualquer valor encontrado nos bolsos do marido, na hora de preparar a trouxa de roupas sujas para a lavadeira) para ter uns trocados, que ela investia em sua coleção de vasinhos dourados (onde terá ido parar aquela coleção de jarrinhos??) e em outras coisinhas para as quais papai jamais liberaria verba alguma...

Com o passar do tempo, com os filhos crescidos e já trabalhando, ela passou a ganhar presentes deles e sempre fazia questão de dizer quem havia lhe presenteado com cada peça de roupa... Engraçado é que no Instituto de Letras eu conheci uma professora supercompetente, reconhecida como autoridade em sua área até mesmo fora do Brasil, que tem o mesmo costume de mamãe... Sempre que eu elogiava alguma roupa ou colar (ela adora colares!) que ela estava usando, ela respondia prontamente: Foi presente de Fulano...

Eu não sei se tenho pena ou inveja destas mulheresque não compram as roupas que usam...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Visita ao ninho

Hoje vivenciei pela primeira vez, uma coisa que era bem comum a minha mãe... Recebi meu filho, que já mora fora, para passar uns dias em casa...

Lembro de como mamãe esperava nossas visitas (quer dizer, lembro mesmo de como ela esperava os meninos, quando eu ainda morava em casa, mas, provavelmente, depois eu também fui esperada)... Ela praparava o prato predileto do filho que voltava, me mandava bater um bolo (inicialmente, antes de ganhar, de Marcelo, uma batedeira, o bolo era batido em uma "gamela de barro" com uma colher de pau grande... era um trabalho que eu fazia direitinho e do qual eu gostava muito) e esperava ansiosa... chamando, vez por outra, o nome do filho esperado, na tentativa de apressar o encontro...

Acho que nenhum de nós valorizava como devia, cada visita que fazíamos à casa materna...

De minha parte, eu não me aprimorei tanto para receber a pprimeira visita de Erick à "casa da mãe"... Mas procurei arrumar o quarto dele como se ainda morasse aqui e abasteci a geladeira e a "despensa" com itens que eu não comprava desde que ele saiu...

Não precisei ficar chamnado o nome dele em voz alta, usei o celular e continuei perto dele... Penso em como devia ser difícil para mmamãe, viver longe dos filhos aos quais ela era tão dedicada...

Ela esperava visitas esparsas... cartas que raramente chegavam... Depois que voltamos a ter telefone, esperava por breves ligações (muitas vezes cheias entrecortadas por linhas cruzadas)...

Quando ainda morava em João Pessoa, lembro de acompanhar mamãe a um posto telefônico, para que ela ligasse para um dos meninos... Era tudo muito difícil, mas ela ficava muito feliz com o crescimento dos filhos...

Neste ponto, somos iguais: sinto muito orgulho e uma deliciosa sensação de missão cumprida, ao ver Erick formado, trabalhando e morando sozinho... Tenho apenas que procurar "assistir o filme" quietinha, para não atrapalhar!!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

2012

É... não está muito distante o tempo, na linha de minha vida, em que nos referíamos ao ano 2000 como um tempo muto distante no futuro...

Com "apenas" 60 anos, eis que vejo aquele ano outra vez representar um tempo longínquo... só que, agora, no passado...

E estes meus 60 anos hoje me parecem tão pouco... Com 15, eu almejava ter 20, mas achava velho qualquer um que tivesse mais que duas décadas...

Hoje, olhando para o século passado, na distante época dos meus 15 anos, vejo como Foi marcante aquela idade...

Não tive festa de debutante... Talvez eu quisesse tê-la, mas era muito retraída na época e não ousaria pensar em tal coisa...


Me contentei em estar estudando no Lyceu, ter saído do domínio das freiras que me faziam lembrar que eu poderia acabar igual a elas (me colocar em um convento foi plano de mamãe!!), deixar de frequentar as missas dominicais (para alegria de mamãe, comunguei na igreja de Lourdes, no dia de meu décimo-quinto aniversário... foi uma espécie de rito de passagem... não voltei a comungar depois daquele dia e, aos poucos, deixei de ir à missa, uma vez que não me identificava com aquele ritual...) e ganhar uma saia plissada e um blusão de helanca estilo navy... ;-)


O violão eu ganhei um pouco depois, no fim de ano, em uma viagem de jipe para Recife... Papai o comprou em uma loja que ficava, pelo menos como está registrado em minha memória, atrás do cinema Moderno... Foi uma realização para mim!! Viajei de volta abraçada naquele instrumento que, juntamente com aquela roupinha, me faria, no mínimo, parecida com Nara Leão... (mas eu queria mesmo era aprender a tocar como minha prima Carmo!!)

Aquele violão, bem como outro, que comprei quando comecei a trabalhar, foi passado para um dos meus sobrinhos, que, espero, fez melhor uso que eu, que nunca consegui aprender a tocá-lo!!

Pois é... não tenho saudades dos meus 15 anos... não lamento tê-los multiplicado por 4 e quero continuar a multiplicá-los!!

Aliás, uma das motivações do meu retorno ao blog, tem a ver com essa multiplicação da idade, com o passar do tempo, com a relatividade de tudo na vida... Ainda não é hoje que vou falar sobre a morte de meu irmão Marcelo, aquele que classificou minha memória como criativa, que foi meu ídolo por muito tempo e com quem ainda encontrarei em outras vidas, uma vez que não tivemos muito tempo para conviver desta vez... Para esta pirralhada ao lado, 2012 jamais chegaria... Marcelo desistiu de esperar... Dizem que o mundo vai acabar este ano... Será??

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Cidade parada...

Hoje, como na maioria dos dias, meu carro ficou quietinho na garagem...

Acordei em torno das 8 horas (ainda não consegui, desde que voltei a morar sozinha, criar uma rotina que me faça dormir antes das 2 da madrugada e me tire da cama, se despertador, antes das 7!), recomecei na minha tarefa de descarte de papéis inúteis e só saí para fazer hidroginástica às 11 horas... À tarde, continuei com minha missão descarte (adorava fazer isto na Empresa também!!) e, às 3 e meia, fui para o Pilates... Todas estas atividades eu faço sem a companhia de meu amigo Léo Jr. (meu carro...)

Lá no Pilates, eu soube que a cidade estava totalmente parada por engarrafamentos... Parece que é o espírito natalino da atualidade... Prefiro o Natal que mamãe preparava lá em casa!!

Hoje lembrei que ela fazia bolo Souza Leão e pudim Luiz Felipe... Vou colocar as receitas aqui...

BOLO SOUZA LEÃO

Ingredientes:
5 1/2 xícaras de açúcar
2 xícaras de água fria
2 xícaras de manteiga
1 colher (chá) de sal
1 kg de massa puba (massa de mandioca)
16 gemas
3 xícaras de leite de coco.

Modo de preparo:
Pré-aqueça o forno em temperatura alta (220º C).
Unte com manteiga uma forma grande de buraco no meio.
Em uma panela, coloque açúcar, água, misture, leve ao fogo alto e, mexendo sempre, deixe o açúcar se dissolver e a calda começar a ferver.
Pare de mexer e deixe a calda ficar em ponto de fio brando (consulte a receita Bolo Luiz Felipe, em cozinha regional Ceará, no site).
Tire do fogo, junte imediatamente a manteiga e o sal, misture e deixe esfriar.
Em uma tigela, coloque massa de mandioca, alternadamente, junte gemas uma a uma, leite de coco, amasse bem, acrescente a calda fria, misture e coe três vezes em uma peneira fina.
Coloque na forma, leve ao forno e asse em banho-maria por cerca de 50 minutos ou até ficar dourado.
Tire do forno, deixe amornar, desenforme, deixe esfriar, coloque em um prato de servir e leve à mesa
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BOLO LUIZ FELIPE

Ingredientes para a Massa:

5 ovos
1 xícara de leite de coco
1/2 xícara de queijo parmesão ralado
1 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de manteiga.

Ingredientes para a Calda:
5 1/2 xícaras de açúcar
1 1/2 xícara de água.

Modo de preparo da Massa:
Pré-aqueça o forno em temperatura alta (220º C).
Unte com manteiga uma forma de 25 cm de diâmetro.
Em uma tigela refratária, junte ovos, leite de coco, queijo ralado, farinha de trigo, misture bem, junte manteiga e misture novamente, reserve.

Modo de preparo da Calda:
Em uma panela, coloque açúcar, água, misture, leve ao fogo alto e, mexendo sempre, deixe o açúcar se dissolver e a calda começar a ferver, pare de mexer, deixe a calda ficar em ponto de fio brando e tire do fogo.
Despeje a calda fervente sobre a mistura na tigela e mexa até obter uma massa homogênea.
Coloque a massa na forma, leve ao forno e asse por cerca de 50 minutos ou até o bolo ficar dourado.
Tire do forno, deixe amornar, desenforme, coloque em um prato de servir e leve à mesa.


Não tenho certeza se a receita do Luiz Felipe que mamãe preparava era esta que encontrei por aqui e usei... Enfim, ela chamava de "pudim"... Já o Souza Leão era mesmo este assombro de colesteral... Lembro que eu, já adolescente, fazia várias formadas de suspiro, que papai adorava, mesmo não sendo os suspiros mais perfeitos do mundo... ;-)

É... nosso Natal também era muito doce!! E o chocolate não era o ingrediente predominante nas receitas lá de casa... apesar do costume que sempre tivemos de consumir achocolatados no café da manhã e na ceia do início da noite (como muitas famílias nordestinas não tínhamos o costume de jantar... e eu ainda não tenho até hoje!). Agfora que minhas memórias gustativas foram acionadas, lembrei de oiutra coisa... Antes de conhecer o leite condensado como ingrediente para receitas de doces, conheci como substituto do leite de vaca que tomávamos com Nescau (eu) ou Toddy (meus irmãos)...


Quando íamos veranear no Gonçalo (longe de tudo!!), como leiteiro que fornecia o leite "na cidade" não ia até lá, bebíamos leite em pó, que mamãe preparava no liquidificador e servia na leiteira igualzinho ao in natura ou pelo leite condensado diluído em uma proporção que só mamãe conhecia... Eu, que nunca fui fanática por leite, não via diferença entre os três tipos... eram todos detestáveis, mas eu bebia por obrigação... para aproveitar aquela praia e as brincadeiras com "os meninos" valia a pena engolir aquilo!! ;-)

Preparando o Natal

Considero que comecei hoje a preparar o Natal aqui de casa...

Não haverá uma grande festa, mas espero passar a data com meu filho, que está com chegada prevista para o fim da tarde do dia 22 (e tomara que a greve dos aeroviários e aeronautas não estrague os nossos planos!!).

Hoje à tarde eu fui comprar lembrancinhas para duas garotas que cuidam de mim: minha podóloga e minha fisioterapeuta. Por incrível que pareça, não havia engarrafamento até a chegada ao shopping e ainda foi bem fácil encontrar uma vaga no estacionamento coberto... Claro que não fui a nenhum dos maiores shoppings da cidade, mas fiquei satisfeita com minhas compras!!

Quando cheguei em casa, coloquei na porta a guirlanda que a enfeita há 3 Natais... Pronto, que o espírito natalino seja bem-vindo!!

Aliás, o espírito do Natal que conheci na infância era bem diferente...

Lá em casa não havia a tradição da troca de presentes... O único Natal que lembro de ter encontrado um presente embaixo da cama, foi o de 1958 (ou seria 1959??), quando ganhei a minha segunda boneca... (talvez eu já tenha comentado anteriormente: naquele Natal, Felipe e Fernando também ganharam presentes... cada um, um caminhãozinho baú de lata carregado de biscoitos Pilar... Eu fiquei mais encantada com o presente deles do que com o meu...

O Natal, lá em casa, era época de montar a lapinha, de comprar as peças que haviam sido danificadas enquanto estavam armazenadas, de fazer a manjedoura onde ficaria o Menino Jesus e de montar a árvore de Natal (a nossa era linda, feita de penas tingidas de verde escuro e tinha dois estágios, podendo ser armada em tamanho menor ou maior...) com as bolas de aljôfar que mamãe guardava com muito carinho.

Era uma decoração muito simples, sem festões, sem laços vermelhos... Mas às vezes papai colocava um pisca-pisca colorido na nossa arvorezinha...

Também não tenho grandes lembranças do que comíamos no Natal... Lembro que papai comprava um peru na feira, meses antes do Natal, pois era preciso cevar o bicho antes de matar,,, (e tome-lhe comida empurrada goela abaixo... probrezinho!!)

Lembro que papai comprava queijo do reino, passas (que mamãe adorava e eu detestava!), ameixas secas, bombons Sonhos de Valsa (outra paixão de mamãe, mas essa eu herdei!!) biscoitos Duchen (em latas decoradas muito bonitas) e outros gêneros que não me chamavam a atenção...

Papai costumava abastecer nossa despensa em um armazém que ficava na parte baixa do comércio de João Pessoa (como era lá que funcionava a zona de meretrício da cidade, nunca íamos com ele...) e que mandava, na época do Natal, uma cesta cheia de itens que nunca ou apenas muito raramente apareciam em nossa mesa (engraçado que entre esses itens estavam as salsichas e a goiabada em lata, que, mais tarde, sofreram uma inversão de valores, perdendo a sofisticação que eu lhes atribuía...)

Sim... Natal era dia da Missa do Galo, que não aparecia, mas que estava na lapinha...

Não lembro de ter esperado Papai Noel... nunca me falaram que ele viria lá em casa de trenó (eu não saberia o que era um trenó!) e me traria presentes feitos por duendes (eu também não havia ouvido falar em duendes...)

domingo, 18 de dezembro de 2011

Tentando voltar...

Sempre tive dificuldade em voltar a frequentar um ambiente onde ia amiúde, me sentia "em casa", conhecia as pessoas e do qual me afastei sem sequer saber a razão...

Surgem dúvidas, hesitações... Será que serei bem recebida de volta? Será que ainda conheço as pessoas de lá? Será que ainda se lembram de mim? Será que ainda existe lá alguém que me conhece?

Com certeza, nada será igual ao que já vivi ali... Afinal, não sou a mesma e, assim como eu, mudaram também as pessoas e as coisas de lá...

Mas a saudade muitas vezes me faz retornar e aqui estou novamente...

Hoje não foram as memórias de tempos idos que me motivaram, mas a vontade de voltar a mexer com elas... Talvez tenha sido a maratona do descarte de documentos antigos - tarefa que me tomou boa parte do dia de hoje - que me levou a querer buscar meu saquinho de lembranças, meter a mão dentro dele, sentir as que estão mais lisinhas e mais bem conservadas e que só precisam ser admiradas... e as que estão ásperas e meio recobertas de poeira e maresia, precisando ser lustradas e mais bem guardadas...

É... mas antes vou ter que procurar onde guardei meu saquinho de lembranças... Aliás, considerando o tempo que o deixei abandonado, as lembranças coloridas devem estar bastante desbotadas... Vou procurar algo parecido com um saco de arroz!! ;-)

Pronto... voltei a escrever bobagens aqui... será que voltarei a fazer disto um hábito??