quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Engatinhando

Estou fazendo uma oficina de Literatura de Cordel, ministrada pelo grande músico e poeta cordelista Allan Sales.

Tem sido uma experiência fantástica, pois descubro que parte de mim são moléculas de rima!

O isolamento físico e a perspectiva de completar o décimo setênio de vida no planeta Terra, me remetem a uma infância vivida à beira-mar (e a cena como esta!), no doce universo de água salgada que nunca saiu de mim, ainda que – meramente nas dimensões de tempo e espaço – hoje esteja muito distante.

E assim, sigo meus primeiros e cambaleantes passos rimados...

Agora é que quero ver
Quantos paus vou precisar
Pra fazer uma jangada
Que consiga navegar
Nestes mares tão bonitos
Da poesia popular!

Fazer rima até que faço,
Mas tem que metrificar...
(E a porca torce o rabo!)
Fico doida a contar,
Silabando cada verso
Pra na regra enquadrar...

Então me chega a “décima”,
Pra loucura aumentar!
Deste jeito “o alemão”
Não vai me capturar!
Se quiser cabeça boa, 
Venha logo versejar!

E experimento o sabor da décima...

Eu sou neta do sertão,
Mas sequer vivi por lá:
Me criei na beira-mar.
A ciranda é uma paixão
Que trago no coração
E o frevo me alucina
Desde que eu era menina!
Digo em verso e digo em prosa:
Como é bela e grandiosa
A cultura nordestina

Com o repente e a embolada
Que escutava lá na feira
Aprendi não é besteira
A lição que é passada
Por gente que é formada
Na escola pequenina
De uma vida clandestina
Que se faz vitoriosa
Como é bela e grandiosa
A cultura nordestina






 

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