sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A lapinha

Continuando com a minha visão dos natais de minha infância... (volto hoje, quase 10/01/10, para concluir meu texto de antes das "férias de fim de ano")
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Além da árvore de Natal, a gente montava o presépio, que chamávamos de "lapinha"... Mamãe tinha muitas figuras de gesso e dedicava uma atenção muito especial à lapinha...
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Quando, passeando à beira-mar, a gente encontrava uma daquelas pedras calcárias com forma, cor ou tamanho que nos chamasse a atenção, levávamos para casa para ser usada no cenário que mamãe montava cuidadosamente.
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Lembro que às vezes o tabuleiro de gamão (que ela adorava jogar!) servia de base para a montagem. O trabalho de preparação dessa base envolvia um chão, feito sobre um enorme papel de embrulho (meio amassado, o que dava um efeito muito legal) no qual se passava grude de goma (usávamos muito essa cola nos nossos trabalho, lá em casa!) e jogávamos areia da praia e pó de pedra colorida vinda da Ponta de Seixas.
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Lembro também que houve um ano em que os meninos fizeram uma linda cabaninha de madeira para servir de abrigo para a família de Jesus. A cabaninha foi cuidadosamente coberta de palha de coqueiro e ficou mais linda ainda!
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Eram muitas as figuras que participavam da nossa lapinha: havia o menino Jesus, que já vinha deitadinho em seu "bercinho"; Maria, de manto azul, e José, de marrom, apareciam ajoelhados e eram colocados ao lado da manjedoura.
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O anjo Gabriel "lindo e loiro" era colocado sobre a choupana (onde também se colocava uma estrela de rabo...). Também havia alguns pastores aparecia para ser colo, alguns pastores , uma vaquinha, patinhos (que ela colocava "dentro" de um lago feito com seu espelho de toucador...)
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Não lembro de montarmos a lapinha sem o menino Jesus, que, em muitos presépios só é colocado no dia de Natal... lá em casa ele estava presente desde o início... Mas os reis magos (com seus imponentes camelos), esses sim tinham data certa para entrarem em cena... o dia de Reis (o6/01)... Se bem que depois a gente deixou de obedecer esse ritual, uma vez que eles só ficariam expostos por muito pouco tempo, pois tudo era desmontado e reempacotado logo nos primeiros dias de janeiro... (os pobres Baltazar, Belchior e Gaspar mereciam uma exposição mais demorada...) ;-)
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Nosso ritual natalino, além da lapinha doméstica, envolvia uma verdadeira pereguinação pelas igrejas da cidade, para visita aos presépios que eram sempre muito bonitos e cheios de detalhes bem cuidados...
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A igreja das Mercês, a do Rosário, a de Lourdes, a da Misericórdia e a Catedral... essas eram visitas que nunca faltavam no nosso roteiro natalino... Mesmo quando morávamos na praia, íamos às igrejas, então, distantes para admirar os presépios (é engraçado, mas a esses eu não lembro chamarmos "lapinha")...
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Nos anos em que moramos em Recife, na minha infância, o número de igrejas que visitamos foi ainda maior... Eu adorava esse programa!
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Mais tarde, quando eu já era adolescente, lembro de ir com mamãe ver um presépio grande que a Prefeitura montara na Lagoa... naquele, os animais eram vivos, mas a montagem não superava a beleza dos que havia nas igrejas... será que ainda existe essa tradição?
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Aqui em casa eu gosto de expor meus dois pequenos presépios, na época do Natal (ainda que esse ano eu não o tenha feito...). Um é bem reduzido, de vidro e deve ter sido feito na China... O outro foi comprado no mercado de artesanato da Casa da Cultura, em Recife, e é de cerâmica colorida "a la Vitalino"...
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Uma coisa me ocorreu agora... lembrei que sempre associava "presépio" e "presepada/presepeiro"... Provavelmente, esses itens lexicais teem étimos distintos, mas na minha lógica infantil estavam muito próximos (ainda que eu não entendesse a razão!)...
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Será que a lógica de Lucinha faz sentido??
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Acabo de consultar o dicionário etimológico de A. G. Cunha... o étimo é mesmo o mesmo, para os dois itens...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A árvore!

Mais uma vez, desisti de tentar ir às compras hoje... Até havia combinado com Erick: iria ao shopping sem carro e ele me pegaria lá, quando estivesse voltando do estágio...
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Mas, quando penso em como é desagradável o clima das catedrais de consumo na sua data magna, preferi ficar em casa, ler um pouco, escrever outro pouco... e jogar FarmVille (essa é uma mania que tem me tomado tempo, recentemente... Depois falo dela... e de como me livrei dela!) ;-)
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Bem, voltando aos natais de minha infância, lembro de ajudarmos mamãe nas montagens das duas peças que, para mim, eram o Natal lá em casa...
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A árvore de Natal de mamãe era linda!! Muito delicada, feita de penas tingidas de verde escuro (acho que ela tinha dois estágios, mas não tenho clareza sobre isso...). Não lembro onde aquela coisa tão linda ficava guardada o ano inteiro, talvez fosse numa das estantes de papai, protegidas por aqueles grossos volumes de Revista Forense... Com certeza, era em um lugar que me era inacessível!
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As bolas, de aljôfar, muito frágeis, eram estocadas em uma lata azul enorme (era uma espécie de cubo de cerca de 60 cm de lado), bem velhinha... acho que a lata havia, um dia, contido biscoitos... tinha o formato aproximado das caixas de biscoitos Confiança que papai sempre nos levava...
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Cada bolinha (ou mesmo bolona!) era cuidadosamente protegida com papel de jornal, as maiores ficavam embaixo e as menores sobre elas... Era sempre uma alegria montarmos aquela árvores, desembrulhando com cuidado cada bola e, às vezes, lamentando que uma ou outras se houvesse quebrado...
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Quando encontrávamos uma bola quebrada, sabíamos que não haveria uma substituta à altura... Mamãe, vez por outra, comprava algumas bolas para repor as perdas, mas as novas nunca eram tão bonitas (com o passar dos anos, as novas já eram inquebráveis, uma heresia... bola de Natal há que ser frágil!!)... Nem vinham acompanhadas de uma história, como as que saíam da lata... É... muitas delas mereciam comentários de mamãe, antes de serem colocadas em seu devido lugar na árvore...
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Montar a árvore era um ritual gostoso e havia uma ordem certa para a colocação das bolas. Nossa árvore não costumava ter outros enfeites além das bolas... nada de laços ou festões... Lembro que um ano ela foi iluminada por lampadazinhas coloridas, mas acho que as luzes não eram uma regra...
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Se bem que eu lembro de ter ganho, sei lá de quem, um pequeno moinho de vento metálico, azul com a hélice rosa schoking... Pois esse moinhozinho virou peça de nossa árvore!! Eu ficava toda feliz por contribuir com algo meu para aquela beleza!!
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Ao montar a árvore, começávamos colocando as bolas maiores nos galhos inferiores (as mais simples, ficavam na parte menos visível e as mais rebuscadas ficavam bem na frente!). A distribuição das bolas obedecia sua variação de tamanho, ficando as pequeninas bem perto do topo, onde mamãe enfiava aquela linda ponteira!
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Acho que aquela árvore de Natal era muito antiga e que algumas daquelas bolas eram mais velhas do que eu! (talvez a maioria delas fosse...)
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Havia bolas simples, de tamanhos e cores variadas, mas havia outras trabalhadas... sextavadas, com gomos, com apliques de purpurina... As mais diferentes eram uma que tinham incrustações coloridas... Eram muito bonitas!! Aliás, a ponteira da nossa árvore era desse tipo!!
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Com "o progresso" aquela árvore tão linda, que foi tão importante na minha criancice, sumiu de minha vida... Quando Paulinho era pequeno, lembro que ela ainda era armada... eu mesma tomava a frente para a execução daquela prazerosa tarefa... A gente, pelo menos eu, sempre esperava com ansiedade o dia de montar a árvore... Quando e porque ela foi aposentada??!!
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Lembro que surgiram algumas modas e que mamãe quis aderir, pelo menos a uma delas... a do galho seco envolto em algodão... Aquela não era uma árvore de Natal, para mim!!
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Não sei onde foi parar a nossa árvore e seus enfeites... Não lembro de tê-los visto na casa de nenhum de meus irmãos... Ficou na minha saudade e na minha lembrança!




terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Comilança (pré-)natalina

Vésperas de Natal... Falta tempo e sobram festas!! Não vou à confraternização da Faculdade hoje... Pela manhã, fizemos o "amigo secreto do baixo clero" do nosso grupo de pesquisa, já saí de lá depois das 13:00h e soube que o pessoal que estava lá não vai ficar até a tarde... Como ainda terei a última aula de Pilates do ano hoje às 18:00h, também desisti de comparecer...
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Pois é... Eu gostaria muito de não ser exposta a tanta comilança no Natal... Não acho que confraternização tem que ter comida... Muito menos a quantidade e a variedade excessiva que acaba sendo oferecida nas festinhas de fim de ano... Parece que ninguém gosta de mim... que todos me querem ver gordona!! (ainda recebi de presente de amigo secreto uma enorme caixa de bombons de chocolate Ferrero Rocher... Como posso resistir a eles e continuar na minha incansável luta em busca dos 63 quilos??)
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Não lembro de haver, quando eu era pequena, toda essa (como diria minha amiga Elcinha) orgia gastronômica natalina...
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Lembro que papai comprava, talvez um mês antes do Natal, um peru vivo, na feira. O peru ficava lá em casa sendo especialmente tratado por mamãe, que o alimentava com milho para e, às vezes com um preparado cozido que lhe era "oferecido" goela abaixo... SE não me falha a memória, o procedimento era, não só para engordar o bichinho, como também para deixá-lo mais saudável...
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O peru, conforme minha lembrança, ficava amarrado com uma cordinha, pelo pé, em um cano que havia no meio do quintal lá de casa... era um cano com uma torneira, que era usada para ligar a mangueira e molhar as plantas... só não lembro é das tais plantas...
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Quer dizer, lembro de fruteiras, no quintal lá de casa... e dos pés de tomates que eu plantava... Tomates eram meu almoço predileto!! Sempre que podia, eu trocava o arroz-com-feijão por alguns (na época eu diria "algumas") tomates inchados... ou "de vez", como se fala aqui em Salvador...
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Lembro que papai ganhava (ou comprava e eu achava que ele ganhava??) cestas enormes de Natal... Era cesta mesmo, não era como umas modernas, que veem sem a cesta, não... Daquelas cestas, o que eu mais gostava era de uns biscoitos que vinhas em latas decoradas (acho que a marca era Duchen)... os biscoitos eram deliciosos, mas o que eu almejava mesmo era ficar com uma daquelas latas... Acho que nunca consegui... Mamãe tinha uma lata daquelas que eu achava linda! Era lá ela guardava coisinhas que lhe eram preciosas... Eu também queria construir o meu tesouro!!
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Pois é.. lembro daquelas cestonas, e lembro que vinham cheias de coisa que eu não gostava, como passas e uma latona de doce onde havia marmelada e "figada"... Eita docinhos ruins!! Eu preferia a goiabada...
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Mas essa também não era comum lá em casa... Os doces que costumávamos consumir era os feitos por mamãe... a goiabada "de corte" era comprada vez por outra, para ser derretida e servir de recheio para o bolo de rolo...
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Aí sim!! Esse eu adorava!! Mas não lembro se fazia parte do cardápio do Natal... Nessa época eu lembro que mamãe fazia um tal de "pudim Luiz Felipe" e um outro bolo tradicional por lá, o "bolo Souza Leão"...
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Eu gostava do Luiz Felipe, mas não do Souza Leão... A receita desse bolo é uma afronta a qualquer portador de uma taxa de colesterol maior que 100... Lembro que levava cerca de uma dúzia de gemas de ovos!! O bom é que sobravam claras para serem transformadas em suspiros!!
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Nos natais de minha infância, graças a Deus, ainda não nos haviam imposto (pelo menos no Nordeste, ou pelo menos lá em casa...) o consumo de panetones...
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Para mim, Natal tinha sabor, não só dos bolos que citei, como do peru, que era servido no almoço, pois não tínhamos Ceia e que não era desgostoso como os que encontro hoje; de passas, que mamãe adorava e eu tentei descobrir a razão mas nunca consegui; de queijo do reino, que eu era proibida de comer exatamente a parte bonita, que era aquela cobertura cor-de-rosa forte; de bombons Sonho de Valsa, que papai comprava para agradar à mamãe; e dos biscoitos amanteigados das latas bonitas...
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Definitivamente, eu não associava aquela festa diretamente a comidas... Aliás, os presentes também não eram o forte dos natais de lá de casa, quando eu era menina...
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O que mais me marcava eram a árvore e a "lapinha", mas sobre isso falo amanhã...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Carcará!! (o título foi colocado após a digitação...) ;-)

Será que ainda sei escrever aqui?? Será que eu já o soube algum dia??? O que sei mesmo é começar um tema e acabar em um outro... bem diverso do original.... Tomara que um dia eu aprenda a manter o foco, ao escrever e deixe de cair em digressões contínuas!! ;-)
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Bem, da última vez que postei algo aqui, estava em pleno processo seletivo para o Mestrado em Língua e Cultura da UFBA... era véspera do resultado da prova de língua estrangeira e eu nem imaginava que hoje voltaria como "selecionada"... ;-) Pois é... amanhã faço minha pré-matrícula e posso me considerar mestranda!
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Apesar de sempre ter gostado de ler e de estudar, nunca fui, exatamente, o que se considera uma aluna aplicada... Nunca tive uma meta bem definida e sempre fui dispersiva também nos estudos... Vou precisar mudar, ou não conseguirei cumprir os prazos do mestrado...
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Bem, mudar nunca foi um problema para mim... sempre me identifiquei com o Raulzito, ao cantar a Metamorfose Ambulante... ;-)
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Meus dias atuais teem sido de confraternizações natalinas e de preparativos para os 10 dias que passaremos com a família, em Recife e João Pessoa.
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Com isso, minhas lembranças aparecem e somem com uma velocidade não usual... mas posso curti-las, nem sei onde é o atual esconderijo delas... e já posso antever que me darão trabalho para recolhê-las espalhadas como a poeira que tem entrado pelas janelas aqui de casa vez por outra, devido a uma reforma no apartamento que fica diretamente sobre o nosso...
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É, morar em apartamento, principalmente em um condomínio onde "as torres" ficam tão próximas, traz contratempos que Lucinha jamais imaginaria enfrentar... ;-)

Por falar em enfrentamento e vizinhança, há uns dez dias tivemos por aqui um vizinho um tanto raro de se encontrar em plena zona urbana... um gavião... provavelmente, um carcará!

Eu só soube da chegada do vizinho pela TV... estava assistindo ao telejornal local, quando falaram do gavião que estaria assustando os moradores da Pituba... Como poucos dias antes havia sido capturado aqui perto de casa, um jacaré de 1,5m, achei que seria aqui por perto...

A imagem seguinte (a primeira foi do gavião no topo de um coqueiro, onde teria feito seu ninho) foi da parede de um prédio, muito parecida com a do nosso... logo após, apareceu uma das vítimas do gavião: um dos porteiros do nosso condomínio, que teve ferimentos no braço...

Nos três a cinco dias que se seguiram, pudemos assistir aos belos voos solitários da ave e ouvir seus piados que pareciam chamados... acho que o pobre carcará estava perdido... Há alguns dias ele não é visto ou ouvido por aqui, provavelmente o IBAMA conseguiu capturá-lo...

Espero que meu ex-vizinho, de quem fiquei fã - pela coragem, determinação e beleza - tenha sido relocado para um local onde possa ter uma vida digna!

Bem, esse meu retorno hoje foi apenas uma tentativa de retomar uma rotina (e para atender minha leitora mais assídua, minha sobrinha Aninha, a mãe do rei Lucas!).

Espero voltar amanhã, depois das três confraternizações às quais comparecerei!! ;-)







domingo, 29 de novembro de 2009

Véspera

Ando muito relapsa. Quase não tenho colado lembrancinhas neste meu álbum!!
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Hoje de manhã, enquanto eu esperava a hora de tomar meu café, respeitando os intervalos de cada remédio (que processo, viu!), eu assisti ao Saia Justa (programa do qual já gostei muito, mas que está insuportavelmente PSDBtizado, para meu gosto...). Em um dos blocos, as participantes do programa conversaram exatamente sobre as memória e seu processo criativo...
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Como elas, eu também tenho lembranças que são só minhas, pois foram criadas pela minha cabecinha, a partir de caquinhos de acontecimentos remotos. Outras pessoas, presentes aos mesmos acontecimentos, podem ter guardado em suas memórias imagens diferentes das minhas...
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Ontem fiz mais um passeio (turismo doméstico) com Cleide, Luzia e Márcia. Fomos ao Forte São Marcelo, lugar que eu sempre tive vontade de visitar! Fomos a tarde, para vermos o sol mergulhar livremente no mar, sem nenhum obstáculo que pudesse atrapalhar o percurso do mergulho...
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Foi um espetáculo lindo, como é o pôr-do-sol de cada dia... Lembrei muito de mamãe, que costumava assistir emocionada a descida diária do sol... e que sempre nos convidava a acompanhá-la naqueles momentos...
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Além do pôr-do-sol, aquele forte me lembra mamãe porque ela também o queria visitar, quando vinha aqui.
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Acho que ela gostava mesmo era do nome do lugar... mas não sei se gostaria de conhecer aquelas celas minúsculas, de pé-direito mínimo, sem ventilação nem iluminação alguma, onde eram "depositados" até mais 100 homens... Nesse aspecto, o local é deprimente!
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Na visita guiada ao museu do Forte, o guia teve uma crise de riso que quase não consegue conter. No meio das explicações que nos dava sobre o funcionamento do forte, das armas, da prisão... o garoto começou a rir... algumas vezes ele teve que retomar a explicação do começo, para poder continuar... Foi engraçado, mas ao mesmo tempo constrangedor, porque eu achava que ela ria de mim, enquanto outras pessoas pensavam que era delas... ;-)
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Outra coisa que me fez lembrar muito mamãe, hoje de manhã, foi o canto dos bem-te-vis. Apesar de morar em uma região muito urbana, como já comentei algumas vezes aqui, tenho uma vizinhança bastante ecológica e hoje os pássaros, que costumam fazer concertos ao amanhecer, cantaram até próximos ao meio-dia.
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Apesar do passarinho do qual mamãe falava sempre ser o vem-vem, ao qual ela dizia pedir que chamassem quem ela queria por perto (ela dizia que pedia por papai, quando era noiva e depois, quando meus irmãos maiores já moravam fora de casa, ela pedia por eles, quando a saudade apertava); era o bem-te-vi que eu achava com um canto mais adequado a um chamado...
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Hoje eu estou completamente sem inspiração para escrever, o que fiz aqui foi uma tentativa, já que também não estou com disposição para outras atividades mais produtivas (acho que estou em "crise pré-resultado da prova de língua estrangeira"... ;-) O resultado sai amanhã...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Saindo do forno

Hoje eu acordei às três horas da madrugada. Minhas vias aéreas estavam totalmente obstruídas e eu não conseguia respirar (isto é, estava de nariz entupido!).
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Não lembro de ter passado por situações desse tipo quando era pequena, acho que estou virando uma idosa alérgica! ;-)
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Depois de tentar encontrar alguma posição na cama que me permitisse respirar, e por conseguinte, dormir, levantei e fui deitar na rede, onde, na verdade não fico deitada, mas recostada... só assim consegui minha reconciliação com o sono... Resultado: estou muito cansada e sinto meu rosto inchado.
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Quando eu era menina, não ouvia falar em alergia. Nem lembro, na verdade, quando essa palavra entrou em minha vida... só sei que parece que veio para ficar!
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Na verdade, talvez já fosse devido a reações alérgicas a picadas de insetos que eu ficasse, quando pirralha, com as pernas cobertas de feridas ("perebas"... acho que já falei sobre isso aqui...). Parece que eu era a única lá em casa e ser perebenta... os meninos não tinham o mesmo problema.
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Bem, aqui em casa não sou a única a penar com alergia respiratória, ainda que Erick proteste, dizendo que não é alérgico... ;-)
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Só espero mesmo que essa minha crise alérgica não seja devida à memória empoeiradas... Tenho procurado, dentro do possível, manter meu saquinho de memórias em ambiente arejado e exposto á luz solar!!
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Por falar em luz, e voltando às perebas, lembrei de uma época em que Fernando também teve umas perebas bem feias... mas as deles foram das que precisam de médico...
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O que ficou registrado na minha memória, foi que ele pegou verme de cachorro, porque brincou em um monte de "areia de construção" que havia em frente à casa de nossa vizinha Dona Ondina...
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Lembro que ele teve até que tomar "banho de luz" no consultório de Dr, João Medeiros... eu, sei lá porque, ia acompanhando, quando ele ia para o tratamento e ficava morrendo de inveja porque não podia ficar sob aquelas lâmpadas coloridas de verde ou vermelho... Vai ver aqueles banhos luminosos não curavam minha "mijonite aguda"... ou talvez até a tivessem curado, se fosse tentado o tratamento... Lembro vez por outra, lá em casa, alguém precisava daqueles banhos... ;-)
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De minha parte, lembro que, muitos e muitos anos depois, quando eu já parira e já lutava contra a barriguinha que viera para ficar, fui fazer um "tratamento" com massagem e forno, para redução de medidas...
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O "tratamento" era uma verdadeira tortura... Eu, de biquine, deitava sobre uma maca e ficava sob "os cuidados" (ou os apertões) de duas mulheres que enchiam suas mãos com minha barriga e cintura e amassavam até as lágrimas me correrem pela face...
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Depois, eu era levada para outra sala, lambuzada com uma substância estranha e enrolada em filme plástico... então, me deitavam (eu ficava impossibilitada de qualquer movimento, parecia uma múmia plastificada!) em uma outra maca, me cobriam com um cobertor grosso e colocavam um "forno" sobre minha barriga... Só que o tal forno que me aplicavam, tinha o côncavo recoberto de lâmpadas incandescentes!! Gente, aquilo era muito quente!! (além de perigoso, pois duvido que fosse protegido contra choques...)
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Bem, o tratamento que eu contratei, seria de 15 sessões, das quais eu paguei 8 no início e pagaria as demais no dia da nona... Mas antes disso eu me descobri cheia de hematomas, que doíam muito, provocados pelos apertões das "massagistas" e caí fora de lá...
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Antes de sair, no entanto, ainda tive oportunidade de experimentar a variação de forno que era a preferida de minhas "colegas de tratamento"... O tal forno que elas preferiam era fixo e muito maior que o outro... ao invés de ser colocado sobre a barriga da pessoa, éramos "enfiadas" nele , dos pés ao tórax... Um horror!!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mata-borrão, o que é isso?

Decididamente, a gripe me tira qualquer disposição para o estudo... Como eu posso ser aprovada na prova de Inglês, deveria estar estudando para a prova específica, mas ainda não consegui me concentrar na tarefa...
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E minha cabeça, dolorida, prefere voar para um passado remoto, onde eu passava tardes inteiras lendo, sem que meus olhos pesassem ou eu sentisse fome, sede ou qualquer outra necessidade fisiológica...
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No último sábado, comprei um livro como os que eu lia há 50 anos... A obra completa de Hans Christian Andersen... O livrão é em inglês e tem cerca de 170 contos de fadas... Não tem a qualidade que tinham os nossos velhos "livrões de história", em papel resistente, que permitia que coloríssemos as gravuras... Pensando bem, aqueles livros não eram nada ecológicos...
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Meu livro atual é impresso em papel-jornal... também tem muitas ilustrações em preto-e-branco, mas eu desconfio que não resistem a um lápis de cor... Qualquer farei um teste... afinal, não me desfiz dos lápis coloridos da infância de Erick... Sempre fui apaixonada por lápis de cor!!
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Acho que era por isso, pela oportunidade de poder colorir ao meu bel-prazer, que eu gostava tanto daquelas revistinhas em preto e branco... Não eram bem revistinhas, eram uma espécie de almanaque que distribuíam nas escolas públicas (pelo menos eu recebia aqueles livretos na Escola Modelo...) e que eram cheios de passatempos maravilhosos...
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Os almanaques infantis continuaram existindo e sendo vendidos nas bancas de revistas, mas aqueles da Maizena eram muito melhores!! Só neles eu vi um passatempo que consistia em uma série de segmentos de retas, que, quando olhados de perto e com um determinado ângulo, revelava um desenho sempre surpreendente... Gostaria de ver aquilo novamente!
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Bem, toda essa digressão foi motivada por uma coisa que ouvi na minha aula de sexta-feira: que "mata-borrão", tanto no interior da Bahia quanto no Acre, é usado como sinônimo de borracha...
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Pois é, meus colegas, mesmo a Márcia, que tem filho mais velho que o meu, nunca viu aquele papelzinho absorvente que havia aos montes lá em casa... que papai recebia, acho que nas farmácias, com propagandas de remédios e que usava em um equipamento (como o mostrado aqui ao lado) que eu achava muito bonito... O procedimento era para absorver o excesso de tinta e evitar que seus escritos ficassem borrados...
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Lá em casa, os mata-borrões também eram usados pelos meus irmãos filatelistas. Na época a correspondência postal era intensa e os meninos eram especialistas em aproveitas os selos das cartas (lembro bem de Felipe fazendo essa operação, já que tinha uma coleção, então, de iniciante e não podia perder nenhum daqueles selos da série "vovozinha"...).
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Os envelopes eram recortados e o pedaço onde o selo estava grudado era colocado de molho - com o máximo cuidado, para não danificá-lo - em um pires com um pouco de água. Quando a cola amolecia, o papel, molhado, afundava e o selo ficava flutuando. Com uma pinça especial, diferente daquelas que mamãe e Maria Sônia usavam para depilar as sobrancelhas, o selo era resgatado da água e colocado no mata-borrão para secar... Será que já não se faz nada parecido hoje em dia?
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Bem, confesso que quando Erick colecionou selos eu optei por comprar todos... frequentávamos a feirinha dos colecionadores que havia nos Correios, pertinho de nosso apartamento, todos os sábados.
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Eu, na verdade, pouco escrevi com caneta-tinteiro. Pelo menos até o quarto ano primário, era proibido o uso de tinta, nas escolas em que passei. Quando entrei para o Admissão (quinto ano primário) meu pai me presenteou com um conjunto de canetas Compactor (talvez eu preferisse uma Parker 51, como as que via nas revistas, mas a minha caneta vermelha já me auferia status de "gente grande", pelo menos na minha cabeça...).
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Eram lindas minhas canetas cor-de-vinho! Mas, como sempre fui muito desajeitada, não consegui me adaptar à caneta-tinteiro... usava muito força e "escarrupichava" a pena... Tive que me contentar com a esferográfica, que na época ainda não era de uso tão generalizado.

domingo, 22 de novembro de 2009

Cuidando de mim, sem descuidar de você...

Doente. Gripada... Não sei de onde me apareceu tudo isso, mas desde ontem comecei com uma tosse seca e irritante, que não passava... Além disso, minha cabeça doía, não intensa, mas constantemente. Como ando evitando a automedicação, aguentei firme e dormi com aqueles sintomas incômodos.
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Hoje eu acordei meio sem voz, tossindo bastante e me sentindo realmente gripada. Tive que cancelar minha visita de retorno à exposição de Sophie Calle, que está aqui, no MAM, até hoje...
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A exposição é chamada Cuide de Você e é o que resolvi fazer hoje... cuidar melhor de mim, para curar a gripe e poder voltar à normalidade o mais rápido possível.
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O motivo central da exposição de Sophie é uma carta de desamor que ela recebeu do namorado. Sem conseguir entender direito a carta e todos os seus significados, ela resolve pedir ajuda a 107 outras mulheres. Eu gostaria de ter visitado a exposição com mais tempo e de ter, eu mesma, refletido um pouco mais sobre o tema: a rejeição...
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Para mim, esse não é, de modo algum, um tema novo. Conheço bem a sensação de ser rejeitada e, mesmo sabendo que ainda passarei por novas experiências de abandono, sei que nunca conseguirei agir naturalmente frente a elas.
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De todas as rejeições que experenciei, a mais cruel foi praticada por um menininho de pouco mais de um ano. Claro que ele apenas reagiu a uma situação em que se achou abandonado, mas todo o sofrimento que passamos, juntos e separados, me marcou para sempre.
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Eu não costumo ter arrependimentos, mas se me fosse possível voltar ao tempo em que deixei Erick em João Pessoa e voltei para Salvador sozinha porque não conseguira fazer minhas férias coincidirem com as férias coletivas da creche em que ele passava seus dias, eu haveria de encontrar outra solução para o problema...
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Tudo aconteceu depois de uma temporada em que passamos o natal em Maceió, com boa parte da família e fomos para João Pessoa, onde comemoramos seu primeiro aniversário, já que em novembro só havíamos tido aquele "bolinho" com os amigos mais próximos, aqui de Salvador...
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Sinto que fui a responsável pelo primeiro grande sofrimento emocional dele, que deve ter pensado que eu o abandonara com Odinete e que só apareceria ali esporadicamente... A reação que teve, foi de rejeição total àquela mãe desnaturada...
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Nosso sofrimento foi muito intenso e a reconquista lenta e dolorosa... Acho que depois daquele episódio, até que ele fosse grandinho e entendesse minhas razões, nunca mais nos separamos!
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Ele sempre passou as férias na casa dos padrinhos, mas sempre teve certeza de que voltaria para casa que tinha uma mãe... exatamente a que ele escolhera, já que uma amiga espírita me falou que são os filhos que escolhem os pais...

sábado, 21 de novembro de 2009

Pré-idosa sonhadora

A última quinta-feira, além de ter seu lugar certo entre os dias que não esquecerei, por aquela prova meio maluca e aquela sensação estranha de desejar de coração que muitos dos meus concorrentes tivessem sucesso na prova (o que representava a redução de minhas chances de aprovação), pois eram meus amigos e companheiros da caminhada acadêmica que decidi iniciar em minha idade pré-senil... ;-)
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Caminhada que também inclui momentos de lazer, como o turismo acadêmico que juntos fazemos, em congressos como o da Alfal, no Uruguai, ano passado... Na foto ao lado, estou com três dessas "concorrentes", que desejo, sinceramente, que sejam aprovadas: Irani, Sônia e Carol. ;-)
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Além das amigas citadas acima e das companheiras de time (do time Americano) - Isamar e Ionaia -, ali estavam várias outras pessoas que me são queridas e que não quero ver, de modo algum, reprovadas... (posso citar Andréa e Alberto, pois estavam sentados bem próximo a mim, na hora da prova, mas são muitos os nomes dos que eu gostaria de ver no Mestrado... de preferência, é claro, ao meu lado!) ;-)
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Bem, antes do início da prova, alegando que precisaríamos nos identificar na entrada, o professor que cuidava da sala pediu que nos retirássemos e que entrássemos um a um, para que ele conferisse se nossos nomes estavam na lista dos participantes da seleção.
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Na porta do PAF I, o comportamento dos candidatos a Mestrado ou Doutorado em Letras da UFBA foi bem próximo ao que pude observar no dia seguinte... de adolescentes ansiosas para assistir á primeira sessão do filme Lua Nova, espremidas no hall de entrada do Cinemark, no Salvador Shopping... As raras pessoas pré-idosas ali presentes, foram sistematicamente deixadas para trás, como se houvesse, no auditório, problema para a acomodação dos candidatos e seus dicionários...
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Isso aconteceu exatamente no dia em que, pela primeira vez, tive, sem precisar solicitar, um tratamento preferencial devido aos meus cabelos brancos (ainda que devidamente pintados). Esse fato é o que quero registrar aqui!
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Foi no Laboratório Leme, que costumo frequentar para atender à sede dos médicos por exames, principalmente, por exames de sangue... (será que tem algo a ver com o tal Lua Nova? Costumo deixar litros de sangue naquele laboratório!)
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Bem, cheguei relativamente cedo ao laboratório, mas encontrei a sala de espero repleta e soltei um gemido profundo, mas surdo... Minhas doze horas de jejum tendiam a se transformar em catorze... A recepcionista, no entanto, de modo muito simpático, disse que me daria uma prioridade...
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Confesso que eu quase digo que só tinha 58 anos, afinal, sou acostumada a ouvir falarem que não aparente toda essa idade e fiquei um tanto chocada com o fato de, para aquela moça, eu aparentar mais de 60...
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Mas me contive, deixei os documentos e a requisição com ela e fui procurar um cantinho vago naquela sala lotada... por sinal, lotada de cabeças brancas... Logo descobri que quase todos ali teriam atendimento prioritário, e que eu teria mesmo (como tive) que esperar uma boa hora para entregar meu bracinho a uma daquelas "sanguessugas"...
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Bem, o que importa mesmo é que no dia 19/11/2009, fui oficialmente reconhecida como idosa! Importa também dizer que isso não me foi, de modo algum, desagradável!
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Para ilustrar o status recém-adquirido, coloco aqui uma foto de uma coleguinha, que apesar de ainda não ter completado seus 50 anos, já aparece idosa, sem perder o charme...
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Aproveito o tema e incluo mais uma ilustração... que remete a meu sonho infantil - nunca concretizado, portanto ainda sonho - de ser uma bailarina. Posso manter o sonho, apenas atualizando o modelo (que bem poderia trocar a roupinha cor-de-rosa por uma vermelha!). ;-)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Fazendo vestibular

Estou participando do processo seletivo para o Mestrado... ontem eu fiz prova de inglês... A situação me fez reviver, de modo bastante intenso, meu primeiro vestibular... há 40 anos...
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Antes mesmo de ir para o prédio onde seria realizada minha prova, conversei com minhas jovens amigas bolsistas do PROHPOR sobre meu vestibular de Engenharia. Contei que o processo acontecia em uma única etapa e que as provas não eram realizadas em dias consecutivos; que prestei vestibular simultâneamente para a UFPE e para a UFPB e que na manhã do dia de minha prova de Desenho da UFPE eu tive uma outra prova em João Pessoa...
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Naquele dia papai e Felipe levaram a mim, Hamurabi e Zé Estevão, no nosso velho AeroWillys, para Recife, assim que acabamos a prova no Pio X... Papai não era o melhor motorista do mundo, mas tomara para si a responsabilidade de nos conduzir. Felipe seria apenas seu co-piloto, já que conhecia melhor os caminhos recifenses. Quando viajávamos de carro com papai, ele não gostava de "terceirizar" a direção...
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Lembro que Cristina também estava presente. Acho que ela voltava de uma breve temporada na nossa casa de praia... Lembro também que mamãe mandara um lanche para que comêssemos na viagem, pois não teríamos tempo para almoçar. Se não me falha a memória, comemos frango assado e farofa, ali mesmo... dentro do carro...
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Lembro que quando saí do colégio, depois de ter feito a prova de modo bastante apressado, encontrei papai muito nervoso, achando que o tempo era curto e que estávamos atrasados... Hamurabi já estava lá, mas ainda tivemos que esperar Zé Estevão (contra a vontade de papai...).
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Naquela época, pelo menos na UFPE, o vestibular para Engenharia ainda tinha prova de Desenho... eu portava meu material na mão, durante a viagem... Quando já estávamos pertinho do nosso destino, no acesso que leva à Avenida Norte e também à Cidade Universitária (nosso destino), sofremos um acidente... Não lembro a razão, mas lembro, de modo meio confuso, que o carro caiu da pista em uma espécie de barranco e que saímos todos ilesos (eu machuquei um pouco a mão, mas não cheguei a ficar impedida de fazer a prova) e que papai gritou que fôssemos embora os três, para não perder o horário da prova...
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Como seguimos, eu não tenho certeza... provavelmente de carona, pois ali não conseguiríamos um táxi... Depois da saída meio louca do carro, pela porta que estava virada para o chão, só lembro de minha chegada, em cima da hora, na Escola de Engenharia... Não lembro se deu tempo para Zé Estevão, que estava prestando vestibular para Arquitetura e deveria estar fazendo provas no prédio de Filosofia...
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Bem, fiz a prova e fui aprovada... Naquela época a gente não esperava tanto pelo resultado de cada prova... Até acho que toda prova era eliminatória, o que exigia rapidez nas correções... Se bem que o período do vestibular era um tanto longo... Nem lembro se as provas eram marcadas com antecedência ou se depois do resultado da anterior... Com certeza minhas colegas lembram de tudo isso com mais clareza que eu... ;-)
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Isso tudo aconteceu entre janeiro e fevereiro de 1970. Lembro que minha primeira prova, do vestibular da UFPE, foi no dia dois de janeiro. Naquele ano, eu passei o Ano Novo na casa de tia Judith, onde tivemos uma festinha muito animada... lembro de ter ido para lá ainda durante o dia e de ter participado, com Carmo, dos preparativos...
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De volta ao presente... Ontem eu fiquei muito surpresa com a prova de Inglês... sempre me falaram que a prova de língua estrangeira é o "bicho-papão" da seleção para o Mestrado, mas o texto era muito simples e bastante curto... As perguntas simples e o tempo longo demais... Isso tudo me deixou confusa e eu não fiquei satisfeita com meu desempenho... Não sei o que esperar daquela prova, portanto, nada espero!
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De todo modo, tentarei ler um pouco cada dia, procurando estar mais bem preparada para a prova específica, se tiver que fazê-la...
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Também espero voltar a cuidar de minhas preciosas lembrancinhas... Ultimamente tenho tido muito pouco tempo para elas. Hoje eu vi aquele saquinho de filó onde as coloquei há alguns meses... Como elas me pareceram empoeiradas e sem brilho... Não é justo que eu as deixe assim, uma vez que manipulá-las é algo tão gratificante!

sábado, 7 de novembro de 2009

Madre de Deus

O dia de hoje foi diferente e muito agradável. Fui a Madre de Deus com Cleide, Márcia e Luzia.
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As lembranças que tenho dali são todas da época em que trabalhava na Petrobras. Nos meus últimos tempos "na ativa", eu estive no Terminal (Temadre) algumas poucas vezes a trabalho. Na verdade, não cheguei a criar vínculos de amizade ali, como criei com os colegas de trabalho, por exemplo, da Refinaria, que frequentei regularmente em diferentes épocas de minha vida profissional.
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Mas nas vezes em que fui a Madre de Deus a serviço, "invejei" quem tinha aquela vista maravilhosa à sua frente, sempre que levantasse os olhos do trabalho.
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Lembro que uma outra vez, fui lá (na cidade, não no Terminal) almoçar com os colegas da Refinaria em um lugar chamado, se não me falha a memória, "Pensão de D. Celina". A comida era muito gostosa e feita sob encomenda.
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Hoje eu até perguntei por lá se a tal pensão ainda existia. A primeira garota a quem perguntei, não conhecia, a outra, que trabalha no clube e que se mostrou muito simpática, interessada em que comprássemos ingressos para o show de arrocha que aconteceria ali à noite, indicou onde ficava a pensão, mas eu não cheguei a entender (na realidade, depois do almoço eu já perdera o interesse em localizá-la,,,) ;-)
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Madre de Deus é uma cidadezinha que me lembrou minha praia da infância (aliás, é a praia da infância de uma das minhas amigas e companheiras de passeio... a praia da infância de Márcia).
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Como é uma ilha, lá o mar é muito calmo e nisso não parece com o Gonçalo, mas lembra o Bessa.
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O Bessa, que hoje é um bairro bastante urbanizado e muito populoso, era deserto e muito distante (distante à beça!!) ;-), quando eu era pequena e morava em Tambaú...
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Ir ao Bessa com mamãe e meus irmãos quase todos, era um passeio demorado e cansativo, ainda que muito gratificante. Fazíamos isso vez por outra, caminhando e correndo pela praia, catando conchinhas e búzios e comento guajiru... Como a mata de cajueiros também se estendia por lá, aproveitávamos para colher e nos deliciarmos com seus melhores frutos (os de lá eram maiores que os dos pés que ficavam perto de nossa casa), provavelmente, por estarem mais preservados de visitantes diários...
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Saíamos a passear pela praia, em longas caminhadas que duravam horas e não nos preocupávamos em levar lanche... não lembro sequer de levarmos água! Se tínhamos fome, comíamos alguma fruta "do pé" (além dos cajus, havia mangas, araças... e os tais guajirus...)
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Em Madre de Deus encontramos aquela mesma areia finíssima que havia no Bessa... branquíssima, na faixa seca da beira mar, e que se transforma em uma lama escura e visguenta na faixa molhada... As mesmas "ondinhas de areia", os mesmos "poros" para a respiração da beira mar... no chão molhado... (Márcia achou que eram buracos de pequenos siris...)
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Também vimos muitas conchinhas e pequenos búzios espalhados na praia... Aliás, os búzios são "a cara" de Madre de Deus... Estão nos orelhões (que lá são bastante numerosos, se compararmos com a situação de Salvador!) e até nas lixeiras...
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Próximo ao ponto onde deixamos o carro, há uma capela bem pequena e rústica. Lembrou-me nossa "igrejinha" do Gonçalo... Não que haja alguma proximidade arquitetônica, mas deu para notar que é ali que os pescadores do local vão acender suas velas e fazer seus pedidos e agradecimentos a São Pedro e à Nossa Senhora dos Navegantes... As homenagens a Yemanjá, provavelmente, também são feitas em frente àquele singelo templo...
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A vida naquela cidade parece ser muito tranquila. Vimos pessoas sentadas conversando em frente a suas casas, como também fazíamos em Tambaú nos anos 60... Eu até cheguei a pensar que gostaria de morar em um lugarzinho como aquele, mas, na realidade, acho que não conseguiria... Cidade grande vicia...
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Bem, ficamos "de molho" no mar de Madre (como diz Cleide, enquanto não vamos a Madri...) por algumas horas... jogamos tanta conversa fora, que quando resolvemos sair e procurar um lugar para almoçar a maré estava bem mais alta! ;-)
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Voltei para casa um tanto mais avermelhada e com a roupa impregnada daquela areia microscópica que penetra até mesmo nas malhas mais fechadas... Mas muito feliz e relaxada... que venham novos passeios com esse grupo... o próximo, deve ser para o Forte de São Marcelo... Viva o turismo "ultra-doméstico"!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Maternidade

Ontem foi o aniversário de Erick... Meu aniversário de maternidade... Na realidade, hoje eu comemoro com muito mais alegria essa data. A data em que pude olhar o rostinho de meu filho...
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Vou colocar duas fotos minhas aqui... Fotos de uma barriga que era bem maior do que a atual, mas que tinha prazo de validade e acabou... A atual é bem mais duradoura... ;-) Uma barriga inútil, mas que resiste a caminhadas e a Pilates... A primeira foto é do dia dos quinze anos de Aninha (Eita!! Agora nem vou poder falar que idade Erick completou ontem, para não comprometer ninguém... né não??) ;-)...
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Bem, eu estava com seis meses e meio de gestação, mas minha barriga até parece maior do que a da outra foto, em que eu estava me preparando para ir para a maternidade...
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Na realidade, aquele nosso primeiro encontro extra-útero foi muito breve... Como ele teve que "ser aspirado" no primeiro instante "ao ar livre", não pude vê-lo tão logo saiu de sua antiga morada... Aliás, ele tentou continuar na barriga... na hora H, ele fugiu das mãos de Dr. Lívia e se escondeu sob minhas costelas direitas... deu um trabalhão para sair dali... foi preciso a participação de muita gente empurrando... lembro que o anestesista e Silvandro (médico de Erick desde "a barriga" até os 14 anos) ajudaram no processo...
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Sobre a luta de um bebê pela vida, essa semana recebi uma mensagem com um vídeo muito lindo e emocionante... Deixo-o aqui para quem quiser vê-lo! O endereço do vídeo no Youtube também fica aqui... www.youtube.com/watch?v=XtGrkhUWE2w
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Já respirando normalmente e apto a sugar os peitos que o alimentaram por um bom tempo (três anos e dois meses... ainda que não como principal fonte), a partir dali, me veio aquele menininho lindo... o mais lindo de todos os que eu já vira! Foi Silvandro que o trouxe para mim, acho que meio embrulhado em um tecido verde...
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Durante a cirurgia, tudo era verde ao meu redor... as roupas dos médicos, o pano que impedia que eu visse minha barriga... (eu assistia a tudo, olhando as imagens refletidas na luminária enorme que ficava sobre a mesa de operação...). Passei um tempo enxergando tudo verde!!
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Pois é... logo me levaram meu filhote para exames, banho, e sei lá mais o quê... Depois levam-no para o berçário e eu só voltei a vê-lo na manhã seguinte... quando uma enfermeira me trouxe aquele pacotinho maravilhoso!! Ele vinha envolto em um lençolzinho descartável e vinha para ficar comigo!!
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Lembro que fiquei muito estressada, pois estava com uma hemorragia muito forte, passara uma noite terrível, perdendo muito sangue e com muito medo de morrer sem poder cumprir a missão de criar aquele filho que Deus me dera...
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Depois que vieram cuidar de mim e que tudo se ajeitou, eu me acalmei e fiquei o resto do tempo a admirar meu filho... Ora com ele nos braços, ora olhando-o dormir no bercinho azul lá da maternidade... Um bercinho muito ridículo, pois parecia uma banheira plástica... Acho que talvez até funcionasse como banheira, eu que só dei "banho de gato" em Erick, enquanto o umbigo não caiu... (fui uma mãe muito barbeira!) A enfermeira que veio trazê-lo ensinou-me a técnica e eu preferi não arriscar uma mais complicada... Acho que não me saí muito mal, não!
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Bem, passamos três dias na maternidade e quando saímos já estávamos bastante acostumados um ao outro. Silvandro falou para mim que Erick saíra de minha barriga para o peito; que sairia do peito para o colo; do colo para a cabeça... e daí não sairia mais... Nem foi preciso muito tempo para ver que ele estava certo...
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Eu juro que não pretendia colocar tanta foto nem vídeo algum, mas, como já falei um dia, nunca sei o que vai sair, quando venho escrever aqui... Na verdade, ia apenas comentar que ontem tivemos uma breve comemoração dos nossos 22 anos de intenso convívio... Mari veio jantar conosco e cantamos um "parabéns" contra a vontade do aniversariante...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Afinada com o Finados

Finados... eu nunca tive o costume de ir a cemitérios... não que eu não tenha saudades das pessoas queridas que já não estão ao alcance do meu abraço, apenas não sinto vontade de visitar aquele lugar de tanta dor e de memórias tão tristes.

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Eu considero que só tive contato próximo com a morte quando morreu meu avô Gentil. Ainda assim, não lembro de ter ido ao velório dele. Tenho uma vaga lembrança de ir ao enterro, mas não é uma cena que posso rever com nitidez... Na época eu morava em Recife, no nosso apartamento de estudantes (acho que eu ainda cursava o terceiro ano colegial).
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Daquele dia, o que lembro bem é de ter pedido a Sóstenes para fumar um dos cigarros dele. Ele avisou que era Continental sem filtro e que era forte, mas eu insisti... Gente... senti um troço diferente na primeira tragada! Com mais um pouco, eu fiquei tonta e tive vontade de vomitar... Não sei se tenho um "organismo sábio", como um amigo já disse que tenho, ou se sou apenas fraca, mas acho que aquele cigarro me mataria, se eu resolvesse fumá-lo inteiro!
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Daquele dia, também lembro de ter saído da casa de vovó com minha prima Carmo. Fomos ao cinema assistir "2001, uma odisseia no espaço", mas eu estava muito cansada e dormi o filme inteiro... tive que assistir de novo...
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Meu outro avô, vovô Berto, morreu quando eu ainda era muito pequena e eu me acostumei a ouvir falar no "finado Berto" há muito tempo... Eu nem sabia o que significava "finado"... achava que tinha a ver com o fato de vovô ser muito magro... Eu sempre tive mania de querer entender o que significavam as palavras estranhas que eu ouvia...
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Em relação a mortes e enterros, lembro de como eram bonitos os cortejos fúnebres que passavam em frente a nossa casa, na Pedro II... O carro fúnebre era muito lindo, com uma parte de vidro que deixava que se visse o caixão que carregava... E colocavam uns penachos roxos em cima, nos cantos, para enfeitar a capota... Atrás desse carro bonito, seguiam outros, todos pretos... não sei de onde saíam tantos carros, nos dias dos enterros que vi do terraço lá de casa...
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Lembro que também vi pelo menos um enterro em que o caixão era branco (em geral, eram pretos)... mamãe disse que era de um anjinho... Depois daquele, assisti a outros enterros de anjinhos, só que em caixõezinhos azuis carregados por umas poucas pessoas que seguiam a pé...
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Não faço ideia de como foi o enterro de meu irmãozinho Antônio Leonardo, que morreu bebê... Eu era muito pequena e não vi nada!
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O "carro de defunto" (era assim que a gente chamava) era, talvez, mais bonito que os carros enfeitados de confetes coloridos, que passavam em direção à Lagoa para fazer o corso no carnaval...
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O cortejo fúnebre, no entanto, seguia outra direção. Naquela época, eu não imaginava como era um cemitério... Mais tarde, depois da morte de Martinho, acompanhei mamãe em visitas ao seu túmulo algumas vezes... Mas era sempre muito dolorido ir àquele lugar...
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De minha parte, já pedi a Erick que depois de minha morte autorize a doação de todos os órgãos que ainda forem úteis em meu corpo. O resto quero que seja cremado. Não faço questão de escolher um lugar para serem lançadas minhas cinzas, mas acho que o mar seria um bom lugar para isso...
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Eta... o papo hoje foi bem condizente com a data!

sábado, 31 de outubro de 2009

De olho no céu

Hoje eu passei o dia "de olho" no céu... um céu extravagante, que não economizou nos tons de cinza com os quais se cobriu o dia inteiro... Foi do mais clarinho, quase transparente (aderente à moda nude), ou mais escuro e fechado, quase roxo... Eu, que pretendia fazer uma caminhada no calçadão da praia, tive que me resignar com a esteira, na academia do prédio...
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Quando veio a noite, no entanto, o céu resolveu surpreender, se não a todos, pelo menos a mim... despiu toda aquela pesada roupagem que usou durante o dia e se mostrou completamente limpo. Despudorado, ele ainda ostentava, como uma jóia solitária, uma bela lua cheia!
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Lua cheia me lembra Tambaú. A Tambaú de minha infância, uma praia bem pouco iluminada, onde era muito mais fácil observar estrelas ou o nosso satélite brilhante e prateado. Naquele céu escuro, era muito bonito ver estrelas cadentes (meteoritos? Fosse lá o que fosse, eu tinha medo que aquilo caísse perto lá de casa!) ou mesmo raios de relâmpagos distantes (quando os relâmpagos eram próximos, eu não achava bonito... corria para a cama de mamãe!) em direção ao alto mar.
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Quando ainda morávamos na casa antiga, muitas vezes nos reuníamos em frente de casa depois do "jantar" (nunca tivemos o costume de jantar, lá em casa. Nossa refeição noturna era mesmo uma ceia típica do sertão, mas a chamávamos de jantar) sentados ao redor de mamãe.
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Não lembro de papai, nessas rodas. Ele nunca foi muito sociável mesmo...
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Lembro de uma época em que nosso vizinho da direita (inquilino de Dr. Severino), era Dr. Morais. Ele era muito alegre e tocava violão. Participava das nossas rodas e mamãe cantava aquelas músicas que eu dizia não gostar, mas que na verdade achava muito bonitas (principalmente quando cantadas por ela!).
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Acho que essas lembranças são de finais de 1960. Na época, papai já vendera a "casinha" para Robson e nossa vizinhança era bem animada. Não lembro se os adultos da casa de Robson participavam da rodinha liderada por mamãe, mas as meninas (Antonieta e Nevinha, minhas amigas) sempre estavam por lá. Além delas, a filha mais velha de Dr. Morais (Flávia, mais ou menos de minha idade) também frequentava aquelas reuniões.
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As noites de lua cheia, naquele verão, pediam sempre uma rodinha musical... Mas. na verdade, eu ficava pouco tempo por lá. Nós, a pirralhada, logo arranjávamos uma atividade mais movimentada, algo que nos fizesse correr (não entendo porque hoje tem tanta criança que não gosta de correr... eu adorava!!).
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Também lembro de algumas, poucas, vezes em que meus irmãos participaram de pescarias em noites de lua cheia. Não lembro qual dos vizinhos tinha rede de arrastão, mas lembro de ficar na beira-mar esperando a rede sair para catar piabas no meio dos sargaços... A maré sempre muito baixa e a água do mar bem morninha... minha vontade era cair na água, mas eu não tinha permissão e tinha que disfarçar, se quisesse mergulhar...
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A gente sempre ia com mamãe ver a lua "nascer"... Aprendi com ela que cada dia a lua nasce diferente... e era mesmo diferente o caminho prateado que ela desenhava no mar cada vez que surgia no horizonte e começava a subir devagarzinho... Às vezes mamãe conseguia levar papai para assistir ao espetáculo, mas ele não demorava por lá...
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Assim como assistíamos a lua nascer todos os dias em que ela vinha ao escurecer (lua cheia), podíamos assistir também, um pouco antes, como se fosse a sessão anterior à do nascimento da lua, ao pôr do sol. Era só olharmos em direção à mata... O sol sempre caía lá por trás dos cajueiros... talvez na lama no rio... onde às vezes íamos pegar caranguejos de casco azulado... (na verdade, só fui uma vez, não achei graça na aventura enlameada)
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Foi de tanto assistir ao pôr do sol em Tambaú, que quando eu fui estudar pintura, já aos 15 anos, tinha essa cena como minha principal inspiração... Haja céu avermelhado!! ;-)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quebrando o jejum...e tentando entrar em forma...

Quando eu era pirralha, ouvia falar em jejum e não entendia exatamente o que significava.
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Lá em casa, falavam que jejum era ficar sem comer, mas papai continuava exigindo que eu ingerisse o tal leite morno... Acho que eu preferiria pão e água... ;-)
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Os pedintes, no entanto, passavam pedindo "um jejum"... No caso, pediam comida... lembro que eu associava jejum a farinha e bacalhau... duas coisas que eu não suportava, por causa do cheiro...
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Sempre rejeitei alimentos cujos aromas me fossem desagradáveis. No rol dos rejeitados estavam , e estão, algumas "delícias" apreciadíssimas pelos meus irmãos, como mangaba e fígado... Quando vim morar na Bahia, incluí o jenipapo na minha "lista negra" alimentar...
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Bem, hoje em dia, o jejum de que mais ouço falar, como ouvinte passiva de noticiários e resenhas esportivas, é o futebolísticos... Volta e meia acontece um "jejum de gols" ou uma "quebra de jejum", no mundo da bola...
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Hoje eu também resolvi quebrar meu jejum... Um jejum de posts... ;-)
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Decidi parar de escrever aqui para concluir o anteprojeto e o memorial para a seleção para o Mestrado. Consegui acabar tudo e fazer minha inscrição na quarta-feira.
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Devia continuar sem perder tempo escrevendo bobagens, pois tenho uma vasta lista de livros para ler até a data do exame... Sei que não devo me confiar apenas nas orações dos franciscanos colegas de meu amigo Alex (que além de ser seminarista deve ter muito prestígio nos céus, pouis é um amor de menino!). Bem, mas como ainda não sei se meu anteprojeto será aprovado... Aqui estou de volta!! ;-)
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Retornarei a meu vício aos pouquinhos, em doses homeopáticas, como convém aos que estavam em jejum... Na realidade, acho que nunca fui uma viciada exagerada... Ou nunca fui sequer uma viciada... parece que sou meio refratária a vícios...
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Bem, hoje tive aula. Foi a última que Américo nos deu esse ano, pois viaja para temporada parisiense no próximo domingo. No intervalo da aula, que acabou abreviando seu final, servimos um lanche para homenageá-lo e acho que ele até gostou de como tudo aconteceu, ainda que nos tenha advertido que não gosta de despedidas...
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Nos próximos quatro meses, seremos orientados via Skype... O que talvez represente uma maior proximidade, um acesso mais fácil a nosso mestre, que não terá que, esperamos, se envolver em assuntos administrativos... ;-)
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Minhas lembranças infantis ficam meio assustadas quando se deparam sozinhas com a vida contemporânea... tenho que cuidar sempre muito bem delas, explicando-lhes que ainda continuamos no planeta Terra, mas uma Terra que parece ter acelerado tanto seu movimento de rotação que muita coisa saiu do lugar...
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Enquanto escrevo aqui, a TV está ligada e acaba de mostrar a chegada de Papai Noel em um shopping daqui de Salvador... Parece que a crise econômica antecipa o Natal... Na quarta-feira eu fui ao tal shopping e pude constatar que a metade das lojas de lá já apresentavam decoração natalina... a outra metade anunciava o halloween...
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A menininha que mora em mim não conhece halloween... até conheceu o Dia das Bruxas, nas revistas de Luluzinha, mas aquilo nunca lhe disse respeito... e ela nunca entendeu aquelas velas acesas dentro de jerimuns com caretas recortadas... Se pelo menos fosse no São João... ai, ai, viu? ;-)
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Bem, vou comemorar o dia das bruxas a meu modo... considerando que sou, como toda mulher, uma bruxinha também... Bruxinha aprendiz, ainda meio incompetente, mas...

sábado, 17 de outubro de 2009

Espera angustiante

Mal acabo de decidir "dar um tempo" aqui e já me vejo de volta...
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Acabo de receber uma ligação de Erick comunicando que foi assaltado e que está bem. Foi na frente do prédio de Mari e só lhe levaram a carteira e o celular. Ele pediu que eu providenciasse os bloqueios necessários e foi à delegacia registrar a queixa.
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Enquanto isso, espero aqui ansiosa para tê-lo em casa e constatar que realmente está tudo bem com ele e com Mari.
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Já fiz os bloqueios e agora não tenho mais com quem conversar... para uma pessoa que não consegue ficar calada muito tempo, essa espera é por demais angustiante...
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Eu já havia ido dormir, acho que mal adormecera, quando o telefone, o fixo, tocou... estranhei que ele estivesse ligando para aquele número e entendi logo que algo errado estava acontecendo, mas demorei um pouco até coordenar as ideias e as ações e tomar as providências que ele pediu.
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Liguei o computador e vim escrever aqui para tentar fazer o tempo passar mais rápido, mas parece que ele se arrasta... Já fiquei na janela olhando para ver se o carro dele aparecia na esquina... já levantei para ver se era a chegada dele que fizera com que a lâmpada do hall acendesse...
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Não adianta voltar para a cama, só conseguirei aquietar meu coração quando ouvir o barulho da chave dele na fechadura aqui do apartamento...
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A mim me resta fazer como mamãe, que chamava os filhos que estavam fora, pedindo que chegassem logo... quando a saudade lhe apertava muito o coração...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Dois alto"...

... ou seria "dois auto"?? Hoje escutei uma criança gritando isso aqui no prédio... Ela estava no playground com os amiguinhos, provavelmente brincado de "picula"...
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Eu conheço a expressão desde o tempo em que Erick era pequeno, mas não antes disso... É usada na picula (pega-pega) quando a criança sente o perigo eminente de ser tocado pelo perseguidor, que está muito mais perto dela do que aquele local que lhe confere imunidade... eu não lembro agora como se chama esse lugar aqui na Bahia...
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Quando eu brincava de "pega", tinha a possibilidade de pedir licença ao "pegador" (ô palavrinha que mudou de sentido!!), se via que estava difícil alcançar a "mancha"... Mas não lembro qual era a palavra que usávamos para isso...
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O que importa é que "dois alto" é um pedido de trégua, de licença... e eu vou pedir dois alto aqui até ter minha documentação da a seleção para o Mestrado toda pronta e aprovada pelo orientador mais exigente que já tive... (não importa se foi o único... é muito rigorosos!!)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pessoinha complicada!

Apresentei meu trabalho no SEPESQ hoje. Estou livre!! Não gosto de apresentações orais, nunca gostei. Acho ótimo escrever a já nem ligo muito se alguém lê o que escrevi, mas falar em público continua me angustiando muito!!
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Américo disse que isso é normal, mas que depois eu me acostumo... Será que isso acontecerá antes dos meus 70 anos?? ;-)
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Acho que ainda é reflexo do meu "complexo de invisibilidade"... me acostumei a ser invisível e não gosto que todos fiquem me olhando ao mesmo tempo... Cada maluco tem sua mania, né não? ;-) Só não sei como poderei (um dia, quem sabe) ser professora com essa minha mania! ;-)
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Bem, eu devia começar a escrever o anteprojeto (e ainda tenho que elaborar também um memorial... seleção para Mestrado dá trabalho!!) hoje, mas estou muito cansada para fazer qualquer texto que me exija maior coerência...
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Tenho acordado muito cedo e dormido menos do que precisaria, desde que mudou nossa rotina doméstica (por causa do estágio de Erick em uma empresa que fica a 50 km aqui de casa...).
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Enquanto me acostumo com essa minha nova condição de mãe de alguém com quem já não posso mais fazer minhas refeições diárias (sim, até a semana passada fazíamos juntos as três refeições principais dos dias de semana...), estranho e tento me adaptar ao "ninho vazio" em que se transforma nosso apartamento durante o dia...
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Bem, espero aproveitar meu tempo para voltar a praticar caminhadas... nem que seja só no simulador que comprei como presente pelo meu aniversário... Hoje "caminhei" meia hora nele...
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É engraçado... fui criada em uma família enorme e sempre almejei ter mais espaço só para mim em casa... hoje fico meio melancólica quando estou sozinha no apartamento...
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Quando eu fui estudar em colégio de freiras, aprendi com minhas colegas a enfeitar meu "caderno de casa"... As meninas usavam muitas decalcomanias para isso. Eu também cheguei a comprá-las, mas lembro que em geral eu mesma desenhava umas florezinhas na parte superior das folhas... e ainda tinha uma mania de colar um santinho na página inicial de cada caderno...
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De santinhos eu lembro que até tive uma boa coleção... Se não me falha a memória, no Maria Auxiliadora as freiras tinham uma espécie de lojinha que vendia lindos santinhos...
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Como podem notar, eu trouxe a mania da ilustração aqui para esse "caderno"... Não sossego se não encontrar um motivo para colocar uma figurinha aqui...