segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mata-borrão, o que é isso?

Decididamente, a gripe me tira qualquer disposição para o estudo... Como eu posso ser aprovada na prova de Inglês, deveria estar estudando para a prova específica, mas ainda não consegui me concentrar na tarefa...
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E minha cabeça, dolorida, prefere voar para um passado remoto, onde eu passava tardes inteiras lendo, sem que meus olhos pesassem ou eu sentisse fome, sede ou qualquer outra necessidade fisiológica...
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No último sábado, comprei um livro como os que eu lia há 50 anos... A obra completa de Hans Christian Andersen... O livrão é em inglês e tem cerca de 170 contos de fadas... Não tem a qualidade que tinham os nossos velhos "livrões de história", em papel resistente, que permitia que coloríssemos as gravuras... Pensando bem, aqueles livros não eram nada ecológicos...
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Meu livro atual é impresso em papel-jornal... também tem muitas ilustrações em preto-e-branco, mas eu desconfio que não resistem a um lápis de cor... Qualquer farei um teste... afinal, não me desfiz dos lápis coloridos da infância de Erick... Sempre fui apaixonada por lápis de cor!!
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Acho que era por isso, pela oportunidade de poder colorir ao meu bel-prazer, que eu gostava tanto daquelas revistinhas em preto e branco... Não eram bem revistinhas, eram uma espécie de almanaque que distribuíam nas escolas públicas (pelo menos eu recebia aqueles livretos na Escola Modelo...) e que eram cheios de passatempos maravilhosos...
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Os almanaques infantis continuaram existindo e sendo vendidos nas bancas de revistas, mas aqueles da Maizena eram muito melhores!! Só neles eu vi um passatempo que consistia em uma série de segmentos de retas, que, quando olhados de perto e com um determinado ângulo, revelava um desenho sempre surpreendente... Gostaria de ver aquilo novamente!
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Bem, toda essa digressão foi motivada por uma coisa que ouvi na minha aula de sexta-feira: que "mata-borrão", tanto no interior da Bahia quanto no Acre, é usado como sinônimo de borracha...
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Pois é, meus colegas, mesmo a Márcia, que tem filho mais velho que o meu, nunca viu aquele papelzinho absorvente que havia aos montes lá em casa... que papai recebia, acho que nas farmácias, com propagandas de remédios e que usava em um equipamento (como o mostrado aqui ao lado) que eu achava muito bonito... O procedimento era para absorver o excesso de tinta e evitar que seus escritos ficassem borrados...
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Lá em casa, os mata-borrões também eram usados pelos meus irmãos filatelistas. Na época a correspondência postal era intensa e os meninos eram especialistas em aproveitas os selos das cartas (lembro bem de Felipe fazendo essa operação, já que tinha uma coleção, então, de iniciante e não podia perder nenhum daqueles selos da série "vovozinha"...).
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Os envelopes eram recortados e o pedaço onde o selo estava grudado era colocado de molho - com o máximo cuidado, para não danificá-lo - em um pires com um pouco de água. Quando a cola amolecia, o papel, molhado, afundava e o selo ficava flutuando. Com uma pinça especial, diferente daquelas que mamãe e Maria Sônia usavam para depilar as sobrancelhas, o selo era resgatado da água e colocado no mata-borrão para secar... Será que já não se faz nada parecido hoje em dia?
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Bem, confesso que quando Erick colecionou selos eu optei por comprar todos... frequentávamos a feirinha dos colecionadores que havia nos Correios, pertinho de nosso apartamento, todos os sábados.
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Eu, na verdade, pouco escrevi com caneta-tinteiro. Pelo menos até o quarto ano primário, era proibido o uso de tinta, nas escolas em que passei. Quando entrei para o Admissão (quinto ano primário) meu pai me presenteou com um conjunto de canetas Compactor (talvez eu preferisse uma Parker 51, como as que via nas revistas, mas a minha caneta vermelha já me auferia status de "gente grande", pelo menos na minha cabeça...).
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Eram lindas minhas canetas cor-de-vinho! Mas, como sempre fui muito desajeitada, não consegui me adaptar à caneta-tinteiro... usava muito força e "escarrupichava" a pena... Tive que me contentar com a esferográfica, que na época ainda não era de uso tão generalizado.

4 comentários:

  1. Eu gosto de suas lembranças pq reavivam as minhas. Eu tive tbem uma caneta Compactor azul escura, mas de tanto encher a borrachinha condutora da tinta,acabou furando. Essas deveriam ser as primeiras, pq lembro de outras q a gente via "por fora" o nível da tinta.
    Fique boa logo...bjins

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  2. Eu não consegui aprender a escrever com aquelas canetas... Até hoje, imprimo muita força contra o papel, ao escrever, assim, não havia pena que me aguentasse! ;-)
    Minha gripe está virando resfriado... hoje comecei a espirrar!! ;-)
    Bj!

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  3. Adorei ler suas lembranças. Muito interesante descobrir o que é um mata-borrão. Espero ler mais coisas interessantes no seu blog. Beijos

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  4. Muito interessante, adoro ler sobre essas coisas :)

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