segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Afinada com o Finados

Finados... eu nunca tive o costume de ir a cemitérios... não que eu não tenha saudades das pessoas queridas que já não estão ao alcance do meu abraço, apenas não sinto vontade de visitar aquele lugar de tanta dor e de memórias tão tristes.

.
Eu considero que só tive contato próximo com a morte quando morreu meu avô Gentil. Ainda assim, não lembro de ter ido ao velório dele. Tenho uma vaga lembrança de ir ao enterro, mas não é uma cena que posso rever com nitidez... Na época eu morava em Recife, no nosso apartamento de estudantes (acho que eu ainda cursava o terceiro ano colegial).
.
Daquele dia, o que lembro bem é de ter pedido a Sóstenes para fumar um dos cigarros dele. Ele avisou que era Continental sem filtro e que era forte, mas eu insisti... Gente... senti um troço diferente na primeira tragada! Com mais um pouco, eu fiquei tonta e tive vontade de vomitar... Não sei se tenho um "organismo sábio", como um amigo já disse que tenho, ou se sou apenas fraca, mas acho que aquele cigarro me mataria, se eu resolvesse fumá-lo inteiro!
.
Daquele dia, também lembro de ter saído da casa de vovó com minha prima Carmo. Fomos ao cinema assistir "2001, uma odisseia no espaço", mas eu estava muito cansada e dormi o filme inteiro... tive que assistir de novo...
.
Meu outro avô, vovô Berto, morreu quando eu ainda era muito pequena e eu me acostumei a ouvir falar no "finado Berto" há muito tempo... Eu nem sabia o que significava "finado"... achava que tinha a ver com o fato de vovô ser muito magro... Eu sempre tive mania de querer entender o que significavam as palavras estranhas que eu ouvia...
..
Em relação a mortes e enterros, lembro de como eram bonitos os cortejos fúnebres que passavam em frente a nossa casa, na Pedro II... O carro fúnebre era muito lindo, com uma parte de vidro que deixava que se visse o caixão que carregava... E colocavam uns penachos roxos em cima, nos cantos, para enfeitar a capota... Atrás desse carro bonito, seguiam outros, todos pretos... não sei de onde saíam tantos carros, nos dias dos enterros que vi do terraço lá de casa...
.
Lembro que também vi pelo menos um enterro em que o caixão era branco (em geral, eram pretos)... mamãe disse que era de um anjinho... Depois daquele, assisti a outros enterros de anjinhos, só que em caixõezinhos azuis carregados por umas poucas pessoas que seguiam a pé...
.
Não faço ideia de como foi o enterro de meu irmãozinho Antônio Leonardo, que morreu bebê... Eu era muito pequena e não vi nada!
.
O "carro de defunto" (era assim que a gente chamava) era, talvez, mais bonito que os carros enfeitados de confetes coloridos, que passavam em direção à Lagoa para fazer o corso no carnaval...
.
O cortejo fúnebre, no entanto, seguia outra direção. Naquela época, eu não imaginava como era um cemitério... Mais tarde, depois da morte de Martinho, acompanhei mamãe em visitas ao seu túmulo algumas vezes... Mas era sempre muito dolorido ir àquele lugar...
.
De minha parte, já pedi a Erick que depois de minha morte autorize a doação de todos os órgãos que ainda forem úteis em meu corpo. O resto quero que seja cremado. Não faço questão de escolher um lugar para serem lançadas minhas cinzas, mas acho que o mar seria um bom lugar para isso...
.
Eta... o papo hoje foi bem condizente com a data!

2 comentários:

  1. Eu tambem não gosto de cemitérios.As minhas lembranças daqueles q já se foram estão bem guardadas dentro de mim. Entretanto na minha adolescencia eu estava toda segunda lá, dia das almas, fazendo uma novena para elas acompanhada por uma tia que acreditava que elas resolveriam qualquer problema, imagina!! Mas enquanto nós resarvamos o terço ou o rozário( 3 terços na época), eu gostava mesmo era de olhar aqueles túmulos enormes e lindos que pareciam verdadeiras capelas,principalmente quando encontrava algum de familia ilustre. O Senhor da Boa Sentença tinha disso...hoje passo longe dele!!

    ResponderExcluir
  2. Os túmulos eu também acho bonitos... Ano passado, até fui visitar um cemitério em Buenos Aires, como atração turística... Só não sinto que meus entes queridos estão ali... não... com certeza não... apesar de sentir falta física, por exemplo, de minha mãe, e de sentir que ela continua olhando por mim a partir de algum lugar, não sinto que esse lugar seja aquele túmulo (ou aquela gaveta em que vi colocarem seus ossos, quando meu pai morreu e eu tive que assistir a exumação do corpo de minha mãe...)
    Beijo!!

    ResponderExcluir