domingo, 25 de julho de 2021

Há saltos e há rasteiras...

Sim, ainda há saltos e há rasteiras, para além de assaltos e arrastões!!

Costumo dizer que sou uma eterna aprendiz. Mas minha eternidade – como a de todo ser vivente, animado ou desanimado – é finita.  


É inevitável: com o avançar do tempo, a gente vai perdendo acuidade visual. No meu caso, até já fiz três cirurgias oftalmológicas e uns procedimentos corretivos (e também faço, vez por outra, ginástica para os olhos!) , mas não posso dizer que não sinto falta da visão dos meus  “verdes anos”.


Agora... enquanto aumentam as dificuldades para enxergar com clareza objetos concretos – especialmente se estão muito próximos –, cresce a capacidade de visualizar a linha de chegada, que se aproxima!


Talvez seja tempo de fazer inventário... inventariar o que aprendi na existência no Planeta, para que tudo possa fazer algum sentido. 


Segundo já me falaram amigos astrólogos, nasci num signo regido pelo elemento Terra.

Talvez seja por isso que gosto , e preciso, tanto de andar descalça, de estar em contato com o chão!


Na adolescência, tentei aprender a “usar salto alto” porque achava bonito e porque aqueles sapatos carregavam um simbolismo que eu, secretamente, sonhava realizar.

Nunca consegui... sempre me senti uma pata desengonçada, toda vez que tentei... 


Com o passar do tempo, dei pra observar como tem gente que gosta de calçar sapatos de saltos altos. E posso também ver que são raras as pessoas que sobem nos saltos com propriedade. 


Muitos calçam sapatos que não são adequados – nem para seus pés, nem para o terreno em que estão pisando – e saem por aí com aquele andar torto, bambo e muito feio que eu preferi evitar.


E eita que aqui passo a misturar os saltos reais e concretos dos sapatos com “saltos” feitos de teoria – que considero ainda mais difíceis de serem usados, mas que tenho visto serem calçados com uma “naturalidade” absolutamente artificial!


Me parece que muitos usam aqueles saltos altíssimos para se distanciar do chão, onde habitam criaturas inferiores que merecem ser esmagadas por saltos afiados!


De cima dos saltos, enxergam e escutam apenas os seus pares. 


Narcisos, se consideram iluminados e buscam ambiente espelhados onde possam se deliciar com as imagem que conseguem projetar; mas também lhes agrada projetar algumas sombras. (Será que aprenderam a brincar com as sombras em suas infâncias não tão remotas?!)


Não sei se estas criaturas sabem consertar saltos quebrados, nem sei se estão prontas para as possíveis quedas. 


Às vezes, me inspiram nojo, pela arrogância que transpiram, mas às vezes tenho pena delas, que não conhecem o prazer, o conforto e a segurança de calçar um chinelo de rabicho, ou mesmo uma alpercata rústica... acho que – na vida real, fora de uma tela – nunca foram numa feira (apesar de serem capazes de “formular” teorias ”perfeitas” sobre o assunto).

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