quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"Não tem mosquito"?

Moro bem distante do "chão"... o décimo andar do meu prédio corresponde ao décimo-quinto, pois temos cinco andares de garagem... Assim, seria possível imaginar que o Aedes aegypti não teria oportunidade de nos fazer visitas, uma vez que sua autonomia vertical de voo seria de dois metros...
.
Um dia, eu estava no hall de entrada no condomínio esperando uma carona que me levaria para a faculdade, quando chegou uma garota vestindo a camiseta amarela da campanha de combate à dengue. A menina falou para o porteiro que já havia concluído o trabalho dela, tendo visitado todas as unidades dos três edifícios do condomínio...
.
Eu estranhei a conversa, pois não havia recebido aquela visita, que era até frequente no meu antigo endereço... Interpelei a garota dizendo que ela não fora no meu apartamento e obtive a explicação: a visita ficava restrita aos andares inferiores (até o segundo andar), pois acima deles não haveria risco de se encontrar o mosquito...
.
Bem, acho que os mosquitos "pitubanos" são diferentes dos parentes... talvez sejam superalimentados, talvez mais audaciosos, mas, com certeza, aqui eles voam mais alto e eu já tive oportunidade de matar alguns "à tapa"...
.
Sempre que consigo sucesso em minhas investidas "musqui-assassinas", eu examino o "cadáver" com minha lupa para verificar se usam aquelas meias listradas que até podem parecer as da Emília, mas que me metem um certo medo, pois podem representar uma temporada em cama de hospital, coisa que abomino!
.
Visitas de equipes de combate a endemias estão presentes em minha vida desde os anos 50...
Aliás, eu conheci a palavra quando depuseram uma plaqueta na parede de nossa casa no Gonçalo... Era uma plaqueta metálica vermelha, com, se não me falha a memória, as letras CEM, que significariam algo como "controle de endemias e malária"...
.
A mata, o rio, as fossas domésticas (nem sempre bem cuidadas) e a proximidade de pequenos estábulos, faziam da região um ótimo habitat para mosquitos e insetos de várias espécies... Lembro que tínhamos muito medo de "impaludismo", pois conhecíamos pessoas que haviam contraído a doença...
..
Para afugentar as muriçocas que invadiam nossa casa ao entardecer, a gente chegava mesmo a coletar cocô de vacas para queimar ao redor da casa... Para tentar impedir que a invasão, fechávamos as janelas quando a tarde começava a cair... Mas elas sempre davam um jeitinho de entrar... e até achavam escondirijos seguros para permanecerem em casa durante o dia...
.
Não lembro de usarmos mosquiteiros, acho que mamãe não gostava deles... além da incineração fecal, lembro de combatermos os insetos com Flit, um venenos muito fedorento que papai usava, principalmente embaixo de nossas camas... Maria Sônia detestava aquilo e lembro de brigas delas com papai por causa daquele costume não muito agradável ao olfato... nem à saúde, como pudemos constatar mais tarde...
..
Outra lembrança que tenho é de tentarmos expulsar as bichinhas malvadas que ficavam sob as camas, abanando ferozmente um lençol velho... Tudo aquilo era muito ineficaz...
.
E eu devia ter alguma alergia às picadas daqueles insetos, pois minhas pernas estavam sempre cobertas de feridas... As picadas coçavam muito... Não adiantavam os "carões" e os "muxicões" que eu recebia para não me coçar... Eu não conseguia evitar, coçava o local até ferir! (e depois, sofria ainda mais, com as aplicações de Elixir Sanativo!)
.
Na época também havia quem queimasse em casa um tipo de "incenso" chamado Espiral Sentinela... Conheci esse na casa de vovô Gentil, em Recife... o cheiro lembrava o do cocô de vaca... e a fumaça era escura... Não lembro de ter sido usado lá em casa...
.
Em compensação, quando apareceram os matadores elétricos de insetos, papai aderiu, com grande apoio de mamãe, a outro veneno... o Fulminset... Confesso que também uso, vez por outra (principalmente em Praias do Flamengo!), um desses veneninhos básicos... só procuro fazê-lo antes de usar o ambiente...
.
Bem, toda essa bicharada entrou aqui hoje depois que consegui matar um mosquito que voava no meu quarto... mas que não usava as meias listradas!

3 comentários:

  1. Carmen, vc não tem idéia do que foi que vivi qdo cheguei em 1978 aqui em Aracaju. A cidade era cheia de canais fedorentos, abertos para serem usados em qualquer situação nada normal.Não tinha misquiteiro, serpentina ou qualquer veneninhos básicos que nos levassem a uma noite bem dormida. Passamos 3 meses na casa e fomos para o alto no décimo andar. Melhorou sim, mas o vento se encarregava de levar o cheirinho horroroso lá para cima.
    Hoje a situação melhorou um pouco, pq já revestiram alguns canais e o bairro onde moro antes chamado de Praia Treze de Julho, hoje não tem nada de praia, muito mangue alimentado pela esgotos oriundos dos grandes edifícios!
    Marcondes tbem é phd em dizimar estas bicharadas!

    ResponderExcluir
  2. Lú, eu sei muito bem como era aí!! Foi mais ou menos nessa época que meu irmão Felipe mudou para AJU...
    Não lembro do nome do bairro em que ficava sua primeira casa, mas lembro que mosqueteiros eram artigos de primeira necessidade por lá... Qdo eu ia ver os meninos (eu era muito apegada a meus sobrinhos, que antes moravam aqui...), dormia num colchonete no quarto deles, mas dentro de um mosqueteiro! Um dia, passeando lá por perto, vimos uma família reunida em torno de uma mesa, jogando carta... sob um enorme mosqueteiro!! ;-)
    Bem, ele construiu uma casa nova na Atalaia Velha e todas as portas e janelas tinham tela...(acho que o nome da praia era esse, ficava do lado contrário ao do Celi, qdo se chegava na Orla por uma avenida que eu achava semelhante à Epitácio...)
    Pouco lembro daí...

    ResponderExcluir
  3. Espiral Sentinela tinha cheiro de cocô de vaca? Aonde! Eu lembro desses espirais, tinha cheiro de qualquer coisa como fumaça de incenso, nada a ver com bosta de vaca.

    ResponderExcluir