terça-feira, 18 de agosto de 2009

Lembrança cinzenta, áspera, sem brilho...

Como minhas lembranças atualmente tomaram forma de miçangas, posso selecioná-las por tamanho, cor, formato, material, brilho...
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Tem umas que são tão lindas que até ofuscam. Essas são transparentes e brilhantes. São de vidro (tenho que ter cuidado para não se quebrarem!) colorido e são muito fáceis de serem usadas... combinam com tudo!
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Outras existem, que não são tão preciosas nem tão bonitas, mas, dependendo de como são usadas, se tornam muito vistosas e podem agradar à vista.
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Minha lembrança do tempo em que vivi afastada de minhas sobrinhas queridas não é nada bonita, mas tem reflexos encantadores!
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No entanto, tenho, pelo menos, uma "peça" que só serve mesmo para valorizar infinitamente qualquer que seja posta ao seu lado!
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Pois foi exatamente essa lembrança que me veio à mente, quando ouvi a história do "médico-monstro", que estuprava as paciente...
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Não! eu nunca conheci nenhum médico da espécie dele nem nunca fui estuprada!
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Minha lembrança é de um dentista que se aproveitava das meninas que sentavam na sua cadeira... não sei se ele tentava algo mais avançado além de "toques letárgicos" (lembro que ouvi comentários lá em casa sobre o assunto... eu era muito pequena e não fazia a menor ideia do que isso poderia ser...)... Ouvi falar que o tal dentista praticava hipnotismo para substituir a anestesia... Mas também ouvi falar que ele tomara uma surra dos irmãos de uma paciente na qual ele teria aplicado tal método...
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Eu sei que nunca simpatizei com o cara (como toda família tem de tudo, esse tal cara era primo de meus pais...) e devo a ele boa parte do meu medo de dentistas (que não tenho mais, diga-se de passagem!!)... claro que outra parcela desse medo veio daquele tratamento de canal precoce...
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Bem, era a esse dentista que eu era encaminhada quando menina... Como mamãe ficava sempre na sala conosco, acho que eu não um grande risco, mas lembro da última vez em que sentei naquela cadeira: eu tinha 17 anos e estava só, ele reclinou a cadeira até que eu ficasse completamente deitada, apoiou o braço sobre meu corpo e começou a mexer em minha boca com movimentos que me incomodaram, pois o braço dele roçava meus seios...
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Quando ele se virou para pegar algo numa mesinha de apoio, eu pulei dali e saí correndo pra casa! Nunca mais coloquei os pés lá! Fiquei um tempão sem cuidar de meus dentes (a não ser com um outro dentista, da Universidade, que fez a extração e cirurgia em meus incisivos danificados...). Se era aquela a única opção de dentista que eu tinha, não tinha nenhuma!
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Eu nunca contei em casa porque havia fugido de lá (acho que tinha muita vergonha!). O cara (cara de pau!) frequentava nossa casa (ainda bem que raramente!) mas eu procurava não aparecer na frente dele. Ele era professor da UFPB e, pouco tempo depois, eu soube (por uma aluna dele) que ele era mesmo conhecido como tarado... Esse tipo de "profissional de saúde" merece prisão mesmo!!
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Quando Erick nasceu, eu fui passar minha licença maternidade na casa de papai. Na época, minha madrasta foi embora e ficamos só eu e Erick com ele. Um dia, o tal dentista apareceu para uma visita. Eu, graças a Deus, estava no andar de cima, no quarto onde estávamos alojados. Papai me chamou, pedindo que viesse ver a visita e trouxesse Erick. De lá mesmo eu falei que não podia descer, inventei uma desculpa qualquer e tranquei a porta do quarto...
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Lembro que ele não demorou muito, mas que teceu (quando soube que eu era mãe solteira) o seguinte comentário: "devem ter colocado alguma coisa na bebida dela..." Tive vontade de ir lá dizer que nem todo mundo tinha o costume de se aproveitar dos outros, como ele... e que meu filho era fruto de um amor intenso, ainda que não duradouro... mas fiquei quieta... "rezando" pra ele ir embora logo... Eu tinha muito, muito nojo dele mesmo!
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Hoje, excepcionalmente, não vou ilustrar minha postagem!

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