domingo, 16 de agosto de 2009

Vizinhos

Será que vizinhos são sempre pessoas bem diferentes da gente?? No meu caso, em geral são!!
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Aqui onde moro atualmente eu tenho um vizinho engraçado... Todas as vezes que saio de carro, eu o encontro na garagem (se não encontrar na saída, posso ter certeza que vou encontrar na volta...). Ele está sempre sozinho, em pé, atrás do carro dele, falando ao celular... às vezes também está fumando, mas em geral está só telefonando...
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Talvez ele não tenha telefone fixo em casa... talvez o sinal do celular dele seja deficiente, quando está no apartamento... não sei...
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O certo é que, frequentemente, eu o encontro antes de sair de casa, vou ao mercado ou a um outro local no qual não demoro mais que duas horas e, no retorno ele ainda está lá... Como ele é muito pequeno (mais baixo que eu!), às vezes eu só noto a presença dele quando passo em frente à sua garagem...
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Já me perguntei se é sempre para a mesma pessoa, que ele telefona... Já imaginei que ele deve ter um romance secreto e que telefona escondido da família (mas não das demais pessoas do prédio... pelo menos das que têm garagem no G5!)... e imaginei ainda se o objeto do suposto romance secreto seria uma mulher ou um homem...
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Acho que, se algum dia eu escrever um romance, meu vizinho baixinho, com muita barriga e nenhum charme marcará presença no seu enredo...
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Quando eu era pequena, e nós morávamos na Pedro II, também tínhamos uma vizinha diferente de nós... pelo menos era assim que eu entendia, quando mamãe se referia a ela como "Pescoço de Girafa"... Parece que ela estava sempre pronta a olhar o que se passava lá em casa...
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Hoje eu imagino que fosse porque na casa dela não estaria acontecendo muita coisa (ela morava só com o marido, mais tarde nasceu seu primeiro filho, que era da idade de Fernando), enquanto na nossa, cheia de meninos "arengueiros", os acontecimentos se sucediam ininterruptamente!
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Eu lembro que as relações entre mamãe e aquela vizinha não eram muito amistosas e eu era proibida de entrar naquela casa... mas, quando Fernando e Ricardo (o filho da vizinha) ficaram maiorezinhos (com uns quatro anos), chegamos a brincar juntos... Eu lembro que um dia entrei no quarto de Ricardo e fiquei encantada com a quantidade de brinquedos que havia ali!
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Lembro também que ele tinha babá (lá em casa, pelo menos desde quando eu "me entendi como gente", ninguém teve babá. Os maiores é que ajudavam mamãe a cuidar dos menores) e que ela levava as crianças (depois de Ricardo nasceu uma menina, mas não lembro o nome dela) para passear em locais próximos à nossa casa...
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Ela chamava a gente (eu e Fernando) para ir junto, mas não tínhamos permissão de mamãe... eu ficava só na vontade!
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Mas um dia nós fomos! Não sei se obtivemos a permissão, só sei que fomos brincar no parquinho da Escola Modelo (minha primeira escola,,, aquela em que fui abandonada por mamãe no primeiro dia de aula...)!
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O desfecho daquela aventura foi sangrento... eu voltei para casa com a frente do meu vestidinho de fustão azul bordado com folhas cor-de-rosa empapada de sangue... Chorando de boca aberta, pois não conseguia fechá-la depois de ter caído "de boca" em cima dos canos de "trepa-trepa" onde eu fazia minha exibição de ginástica olímpica (não sei o que eu tentava exibir, mas, como era a maiorzinha, me achava muito mais esperta do que os meninos...).
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Foi um "quedaço" e marcou minha vida para sempre! Eu mal começara a "trocar os dentes", estava com uma enorme "porteira" no lugar onde haviam estado antes meus dois lindos incisivos superiores e os substitutos definitivos mal haviam despontado na minha gengiva... Com a queda, eles quebram antes mesmo de nascer e eu tive que fazer um tratamento muito demorado (dos canais) e bastante sofrido (acho que já falei sobre esse tratamento aqui antes, espero não me estar repetindo!), que me deixou com uma enorme coleção de vidrinhos de anestesia odontológica... (não sei como a perdi, acho que me foi desapropriada por algum irmão mais velho... lá em casa se colecionava de tudo!)
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Vez por outra eu cometo uma besteira assim catastrófica... Como era de se esperar, aquela foi a última vez em que saímos com aquela babá... Na verdade, nem lembro de ter voltado a brincar na casa de Ricardo... Acho que minha queda deve ter acontecido perto na época do veraneio de 1958, quando a gente não voltou para a casa da cidade senão em 1963, depois da temporada em Recife...
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Pois é... eu só ia falar do vizinho idiossincrático... ;-)
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Como se pode ver, a menina da foto tem os dentes quebrados... e um sorriso triste...

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