quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Viciada!

Não tem mais jeito... assumo publicamente que sou uma viciada!
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Eu sempre me achei superior a qualquer vício. Estaria imune à fraqueza que atormentava tanta gente... Afinal, meu acervo de fraquezas já causava inveja a qualquer colecionador, não havia mais espaço para uma nova... Mas as coisas não acontecem sempre como a gente quer ou pensa!
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O vício me pegou sem que eu percebesse... no início, quis experimentar a droga só para ver se "dava barato"... Como sou medrosa, minha dose inicial foi pequena...
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Gostei do "troço"... não doeu (muito), não foi difícil encontrar um lugar onde eu pudesse experimentá-lo, não incomodei ninguém, nem fui incomodada com minha nova experiência... No final, não senti "barato" senti um caríssimo alívio!! Aliás, nunca soube exatamente o que significa "barato", mas, pela associação ao nome daquele bichinho nojento que tanto me assusta, procurei evitá-lo!
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Depois de minha iniciação, nas primeiras 24 horas seguintes, várias vezes me peguei desejando ardentemente uma nova dose... Resisti e só me permiti repetir a experiência depois de passado um dia inteiro da "estréia". No entanto, repetir aquele ato não foi algo corriqueiro... a vontade de fazê-lo era cada vez maior, mas eu não lembrava onde havia guardado tudo que eu precisava para poder chegar àquele clímax novamente... a ansiedade atrapalhava meu raciocínio e a memória me traía... de repente, lembrei!!
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Pude então voltar a abrir o site onde havia, na noite anterior, perdido minha virgindade de blogueira... Encontrado meu blog (eu até esquecera que nome, exatamente, lhe havia dado...), salvei seu endereço para não mais depender de uma memória que já não consegue guardar todas as novas informações que precisaria, uma memória que está precisando passar por um processo de "dumping", "descarregando" tudo para um outro meio; e de uma reorganização das lembranças nela armazenadas...
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Pois é isso... estou viciada em escrever aqui... como meu vício (o primeiro ao qual me entreguei sem reservas) não atrapalha a ninguém além de mim mesma (e assim mesmo só um pouco, quando uma lembrança surge muito saliente e provoca tanta coceira que eu tenho que parar qualquer trabalho para lhe dar o tratamento adequado...), o vou assumindo e nele me consumindo... Há pouco tempo, eu não mostraria a ninguém todas as bobagens que escrevo aqui, mas hoje, tendo, inclusive, percebido que não sou a única dependente dessa "droga", até já divulgo para amigos...
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Acho que, depois de quase 58 anos vividos, tenho o direito de cometer esse pecado sem precisar correr para o confessionário contar a um padre que me mandaria rezar 5 Ave-Marias e 5 Pai-Nossos...
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Era essa a minha penitência semanal, quando eu, até meus 12 anos, humildemente me ajoelhava e confessava que havia "pecado por pensamentos, palavras e obras"... Eu não fazia a menor ideia do que significava pecar-por-pensamentos-palavras-e-obras, mas era esse o texto que me ensinaram que eu devia repetir ao padre toda vez que me ajoelhasse ao confessionário... e eu cumpria exatamente o que esperavam de mim...
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É engraçado como eu podia ser tão submissa em alguns aspectos e tão rebelde em outros...
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Se bem que, lembrando um livro horroroso que caíra nas minhas mãos e me fizera ter medo até de respirar, pois "a mão peluda do demônio" poderia me apertar o pescoço a qualquer hora, é fácil entender o porquê de minha submissão ao que me era imposto pelas freiras e por mamãe... Que, como já falei, sonhava em me ver de hábito...
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O livro horroroso chamava-se "Confessai-vos bem!" e eu acho que me foi passado para ler pelo colégio... O Maria Auxiliadora foi marcante em minha vida por ser o colégio que mais me traumas me deixou... enquanto o Lyceu Paraibano deixou-me marcas de libertação.
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Na foto ao lado (no Parque de Dois Irmãos, o passeio predileto de nossa infância recifense), eu realmente pareço uma noviça com dor-de-dentes, alguém poderia imaginar futuro diferente da vida em um convento para essa menina? Felipe, que está ao meu lado, seria o padre da família... mas ele não tinha muito cara de padre...
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Qualquer pessoa desavisada, ao ler aquele livro fica achando que viver é pecado e esperando encontrar o demônio em qualquer esquina. Os efeitos que ele causou em mim, que na época vivia a difícil fase em que os hormônios tentavam fazer de uma adolescente, foram por demais devastadores!
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Francamente, eu acho que se eu não tivesse estudado em colégios de freiras seria hoje uma seguidora fiel de alguma religião pré-estabelecida, ao contrário do ser religiosamente independente que hoje sou! Ao invés de me ajoelhar aos pés de um padre e confessar meus "pecados", escrevo aqui tudo que passa pela minha cabeça. Minha penitência é atender ao vício que já me domina! (sei que algumas das pessoas que acabaram de ler o que escrevi hoje não gostaram nem um pouco... peço desculpas!) ;-)

2 comentários:

  1. Tia, pior sou eu que tenho como novo vício ler teu blog :) É uma boa maneira de te sentir pertinho...

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  2. Aninha, que bom saber que você está pertinho de mim!
    Eu estou com muitas saudades, mas pretendo matá-las no final de agosto... Pena que não posso ir para teu aniversário (já perdi o de Laplace e o de Lucas, não deveria perder o seu também!!)
    Te amo, menina!

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