segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mais vizinhos...

Se todos nós temos nossas idiossincrasias, eu poderia dizer que uma das minhas é observar os comportamentos que não consigo entender direito... aprendo muito com isso!
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Hoje pela manhã fui à faculdade entregar aqueles trabalhos, que já não são mais pendentes!! (como é boa a sensação de não devê-los mais!!) A monografia eu entreguei a Américo, que disse que vamos continuar o trabalho... Tudo bem, eu REALMENTE gostei muito de analisar a semântica dos verbos de punição em um Flos Sanctorum trecentista!! (aliás, tenho esse grande problema... adoro todos os trabalhos que faço em meu curso de Letras... Olha aqui uma das minhas idiossincrasias!!)
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Pois bem, só para contrariar o que falei de meu vizinho dos telefonemas misteriosos, hoje eu (ainda) não o vi na garagem ao telefone...
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No prédio em que eu morava antes morou um cara muito simpático... Ele morava com a mãe, que eu conheci muito antes de conhecê-lo... Aliás, quando a conheci pensei que ela morava sozinha... nunca a tinha visto acompanhada por ninguém. Ela era uns 10 ou 15 anos mais velha que eu e era muito bonita.
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Um dia, conheci o filho... que eu só vim a saber que era filho dela um pouco depois. Como falei antes, era um cara simpático e muito conversador. Logo ficamos amigos... tão amigos quanto eu consigo ser de meus vizinhos!! ;-) Não gosto de muita aproximação com eles... sei lá... parece que se me aproximo muito eles já vão querer ter uma participação maior do que a de espectadores da minha vida...
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Meu vizinho-amigo era, como eu, petroleiro aposentado. A princípio, eu estranhei o fato, pois ele era uns 10 anos mais novo do que eu, que já me aposentara (segundo as más línguas) muito novinha... mas, como ele trabalhara na Refinaria, devia ter lá os privilégios dele...
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Outra coisa que tínhamos em comum era o colégio de nossos filhos. A filha também estudava no Portinari... e foi a partir desse fato que eu descobri que ele era filho daquela gaúcha que sempre que me encontrava no elevador parecia que estava me conhecendo naquele momento...
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Além disso, como eu, ele voltara a estudar depois de aposentado. Estudava Filosofia na UFBA e às vezes conversávamos sobre a Universidade.
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Bem, eu só comecei a achar o rapaz estranho quando comecei a encontrá-lo colocando o carro na garagem... Naquele prédio, não é tão fácil se chegar a qualquer garagem... O acesso à minha vaga (e à dele, que ficava um pouco depois da minha, colada na parede) exigia que colunas fossem evitadas com um movimento em zigue-zague... (aliás, outra das minhas idiossincrasias era "batizar" naquelas colunas todo carro novo que eu tivesse!) Meu vizinho achava mais fácil entrar na garagem usando a marcha ré... Eu nunca o vi fazer aquilo durante o dia, mas à noite, sempre que meu horário coincidia com a volta dele para casa eu ficava preocupada em chegar antes, para não ter que esperar os, cerca de, 15 minutos que ele levava manobrando o carro até chegar à sua vaga... Àquela altura, eu achava que era porque ele era engenheiro e gostava de fazer tudo do modo mais complicado.. (que me desculpem meus colegas de primeira profissão!!) ;-)
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Mais tarde eu soube, por uma amiga comum, que ele sofria de problemas mentais e que às vezes se tornava agressivo... desde então eu fiquei com medo de estar sozinha com ele no elevador... Minha amiga dissera que quando ele cismava que alguém o estava perseguindo, tornava-se violento para com a pessoa, que, em geral, não lhe fizera mal algum...
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Ele mudou-se antes de mim, nunca mais o vi, mas tive notícias de outras crises dele... que exigiram internações... Espero que ele esteja bem...
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Eu mesma sempre tive medo de me perder de mim... de ser vizinha de mim mesma...
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A "conversa" tomou um rumo que eu não planejara... mas é sempre assim, quando começo a escrever aqui, meus dedos (o médio, ou "maior-de-todos", da mão direita e o indicador, ou "fura-bolo", da mão esquerda) obedecem a uma outra entidade que não sei precisar quem ou o quê é...
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Um papo assim meio estranho merece ser ilustrados à altura... Esse "caminho das pedras" pareceu-me adequado!
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Acho que vou que marcar meu caminho assim... com pedrinhas... para não me perder em mim nem de mim! Se bem que... por que não me perder? Quem sabe, novos caminhos possam ser descobertos se eu estiver mesmo perdida!!
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Viajei!

2 comentários:

  1. Oi prima querida,
    agente só se perde dagente se não se acompanhar.
    Estando aonde estivermos, só estaremos sós, se não estivermos lá, atentas a nossa presença, na direção do carro que nos leva na vida para o que quer que se nos apresente.
    Este tem sido um aprendizado recente meu.
    Beijos da prima Carmo

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  2. Carmita!
    É muito bom te ter aqui!
    Beijo!

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