sábado, 15 de agosto de 2009

Voltando...

... devagar, para não me machucar... para não tropeçar em uma dessas pecinhas de lembranças que sempre acabam escapando do saquinho de filó e se espalhando pelo chão... um perigo, para quem já não tem mais a resistência dos 56 anos nem o equilíbrio dos 55...
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Voltar é uma arte, mas também é técnica... eu, que, infelizmente, nunca tive talento artístico, tento dominar a técnica!
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Cada vez que voltei, ou que tive que voltar, foi uma experiência única... mas acho mesmo que cada momento vivido é assim único mesmo...
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Na realidade, talvez não haja volta. A gente nunca volta ao mesmo lugar, nem do mesmo jeito... Antigamente eu sofria muito com isso, como quando voltamos a morar em João Pessoa... Hoje eu já não crio, ou tento não criar, expectativas em relação a qualquer retorno... até mesmo ao retorno a minha rotina de escrever sobre "miolo de pote"...
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Parei com minhas postagens exatamente na véspera do aniversário de minha (desculpem-me os outros...) leitora predileta... minha sobrinha Aninha! (ou melhor, a mãe de Lucas!)
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Aninha não é só minha sobrinha. É uma das pessoas que mais me entendem e com quem eu posso falar absolutamente tudo que penso (são pouquíssimas as pessoas com as quais eu não tenho reserva alguma!), sem me preocupar em ser mal interpretada. Sei que ela vai me perguntar antes de formar algum juízo sobre o que falei (ou escrevi), se lhe restar alguma dúvida...
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Tenho muitas sobrinhas e adoro todas elas (e os sobrinhos também!), mas Aninha é diferente, talvez porque não acompanhei seu crescimento, já a conheci (ou melhor, comecei a conviver com ela) adolescente...
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É, eu perdi a infância dela por causa de uma briga besta (não lembro muito bem da briga, pois prefiro esquecê-las, mas em geral elas são mesmo bestas!) com meu irmão Marcelo. Ficamos afastados cerca de 12 anos!
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Às vezes eu penso que não me arrependo de nada na vida, mas é mentira... me arrependo de cada vez que briguei com um dos meninos (já adultos) e perdi, pelo menos temporariamente um irmão (na briga com Marcelo, perdi mesmo a família toda... junto com ele, perdi minha cunhada Sumaia, que é uma das cunhadas-irmãs, e fiquei privada das sobrinhas que nasceram durante o nosso afastamento.
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Lena ainda era menina, quando me apaixonei por aquelas sobrinhas recém-chegadas e já prontas para serem curtidas. Uma menina muito linda e inteligente, que escrevia um jornalzinho chamado A Patada (será que era mesmo esse o nome?), que me ensinou a fazer pavê de biscoito de Maizena e a fritar um ovo... (ela tinha técnica para isso!!)
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Bem, voltando às lembrancinhas do chão...
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Quando eu era menina, uma de minhas leituras prediletas era uma revista muito legal chamada Sesinho (nem sei se já não a citei aqui...). Nela havia um personagem muito bonito, que eu adorava: o João Bolinha... (que nada tem a ver com o apelido que mais tarde veio a servir igualmente a mim e a meu irmão Paulinho)
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João Bolinha era um boneco feito de contas coloridas, uma espécie de Pinóquio tupiniquim. Mais uma vez, consegui, graças à internet e aos que gostam de preservar a memória, uma imagem que eu só tinha na memória... O João Bolinha!!
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Minha mãe costumava fazer joãos-bolinhas para os pequenos, com tampas coloridas (na verdade, acho que foi Maria Sônia que fez o primeiro, não lembro também de quem foi a ideia (quase ponho o acento!), mas o que importa é que ficava muito bonito! Não tinha o acabamento do boneco da revista, mas tinha uma beleza diferente... afinal, como também participávamos da "construção", ele era um pouco nosso filho... e filho tem sempre uma beleza especial!
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Tinha tampas de óleo Palmovive, de pasta (creme dental) Phillips, de remédios variados (sempre tinha alguém doente, numa casa tão populosa!)...
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Pois bem... acho que vou fazer mão um joão-bolinha, mas uma centopéia (como a que levei de presente para Lucas)... uma centopéia-lembrancinha!
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Vou enfiar minhas lembranças com um fio resistente como aquela "linha urso" que os meninos usavam para "soltar coruja" (lá na Paraíba os meninos não soltavam pipas, arraias, piriquitos ou pandorgas, mas sim corujas!) e fazer uma grande centopéia colorida... (acho até que ela será capaz de se mexer, pois as lembranças, muitas vezes, parecem estar vivas...) e vou deixá-la aqui sobre a bancada de onde escrevo... assim vai ficar mais fácil conservar as lembrancinhas juntas e escolher alguma para "usar"...
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Aliás, poderei até usar a centopéia de "miçangancinhas" como colar... Uma daqueles colares coloridos que comecei a usar no meu período "hippie"... no tempo do hoje badalado festival de Woodstock, (onde, naturalmente, eu não estive, mas não foi por falta de vontade...) e que continuo a usar até hoje...

2 comentários:

  1. Ainda tô bege!
    Eu, esta humilde leitora sendo citada no melhor blog do mundo!!!
    Tb te amo minha tia favorita e além de te entender vivo te imitando.
    Um beijo enorme.

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  2. Aninha,

    Não sei quem imita mais quem!! ;-)
    Espero que tenhas confirmado a reserva do hotel!
    Beijos!

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