domingo, 13 de setembro de 2009

Na sombra das gameleiras

Atualmente, uma das primeiras coisas em que penso, ao acordar, é no tema que abordarei aqui naquele dia... Em geral, acabo esquecendo a ideia original e escrevendo sobre alguma outra bobagem... Um dos problemas que essa minha falta de organização (eu já pensei em anotar o tema, mas sempre fui muito improvisadora mesmo...) acarreta é a provável repetição de assunto...
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Aninha já me falou que isso não é problema, desde que eu conte novamente a mesma versão... ;-)
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Hoje, lendo o maravilhoso A Soma dos Dias, de Isabel Allende, sinto-me autorizada até a mudar a versão... Como diz a autora, o que vale é que é contado, é não o que realmente aconteceu... e a gente sempre pode contar de um modo diferente... focalizando um ou outro aspecto da lembrança...
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Bem, desde o início eu alertei sobre a criatividade atribuída à minha memória!
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Erick está lendo o livro de seu "tio Bartô" e tem vindo constantemente a mim, perguntar sobre divergências entre o que Bartolomeu registrou no livro e o que ele me escutou falar desde pequeno... (ele sempre mostrou muito interesse pela família, provavelmente porque seu convívio com os tios e primos sempre foi limitado ás férias escolares...)
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O mesmo fato, contado por narradores diferentes, muitas vezes parece ser outro fato... Acho que são "instantâneos" tirados com câmeras diferentes, de diferentes ângulos!
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Das lembranças que trouxe da viagem de João Pessoa, gostaria de falar sobre a "gameleira"... Essa árvore frondosa e de tronco enorme que oferece uma sombra generosa à calçadinha de Tambaú já teve a companhia de algumas "irmãs", lembro que eram "as gameleiras", no plural!
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Lembro também que foi ao bater na raiz de uma delas que papai virou o jipe numa noite (acho que era noite de Natal...), voltando de uma visita á um de seus primos prediletos (o único deles que eu gostava de visitar: Luiz, cuja mulher era minha madrinha Bezinha). Em seu livro, Bartolomeu diz que a virada aconteceu em 1963, mas eu acho que foi em dezembro de 1960, antes de mudarmos para o Recife...
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Como Bartolomeu vasculhou os livros contábeis de papai, deve ter razão, mas eu ainda acho que em 63 Fernando já era muito grande para estar no colo de mamãe... enfim, como ele era tratado com muito "dengo", por causa do tratamento que fazia para a dilatação do esôfago queimado, é possível que estivesse mesmo no colo e Martinho atrás, comigo...
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Voltando à gameleira, fiquei cismada com esse nome... Sempre chamei o fruto que caía dela de "castanhola", achei que deveria ser, então, "castanholeira"... Resolvi investigar e vi que o nome é devido à aplicação da madeira da árvore (fabricação de gamelas) e não a seus frutos. Aqui na Bahia a situação é bem mais regular... a árvore é chamada amendoeira e o fruto é a amêndoa...
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Aqui, aliás, aprendi que aquela frutinha travosa era comestível... Nunca me passara pela cabeça comê-la! Eu até "catava" algumas, mas era para usar nas brincadeiras de "(a)cademia" ou "pedrinha"...
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Pergunto-me agora se os frutos eram mesmo da gameleira, pois as fotos das "castanholeiras", que também vi no "Google imagens", não correspondem exatamente àquelas árvores imensas...
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Se eu rejeitava as castanholas, como compensação, comia uma frutinha de paladar duvidoso (era salobra) que brotava em arbusto á beira-mar (no Bessa) chamada "guajiru" (não lembro se já mencionei isso por aqui...). Há uns cinco anos, conheci um médico de Recife que foi criado em Goiana e que me contou que em cada guajiru mora um "tapuru" (bichicho que dá em fruta podre e que aqui na Bahia é chamado de "morotó"), que se eu comi guajiru, comi tapuru... (argh!!) ;-)

3 comentários:

  1. geeeente, quando eu era criança adorava amêndoas!!! na ilha de itaparica tem um povoado chamado Gameleira... será por causa da quantidade de árvores?!

    ooh, obrigada, tbm adorei o seu. está muito lindo!!

    e sim, eu ñ sei como seguir os outros blogs nem o seu :(
    eu favorito nos links ao lado dos posts, assim posso acessá-los.

    beijos

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  2. Caty!
    Para seguir é só clicar em "seguidores"...
    Essa coisa da gameleira deve ser mesmo amendoeira... ;-)
    Só que lá em Jampa ninguém chama de amendoeira, não!
    Bj!

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  3. Gameleira querida tua imagem faz me sentir vivo, animado, contente, alegre com a certeza da gratuidade da vida...

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