quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Não gosto de leite!

Quando eu era menina, era obrigada a beber leite todos os dias... pela manhã e à noite... Havia uma vigilância muito grande em relação a ingestão daquela bebida que nunca me atraiu. Acho que já comentei aqui: todos os dias eu tentava sair da mesa sem usar a xícara e era chamada de volta para beber aquele leite morno (quente eu não suportaria!) com Nescau (pelo menos havia o Nescau, para amenizar o gosto ruim...). No dia em que não me chamaram (geralmente era papai que chamava) eu me senti livre daquela penitência.
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Ao mesmo tempo em que beber leite era uma obrigação (quase um castigo) para mim, era um grande prazer para meus irmãos... Lembro que Maria Sônia bebia leite quente e puro... aquilo me revirava o estômago!
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E ainda havia a opção da coalhada (que papai tomava no lugar do leite) que tinha um gosto diferente, mas não menos ruim... Eu ficava com o café! Só quando surgiu o iogurte industrializado, já na minha idade adulta, eu comecei a beber uma bebida láctea...
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Lembro que meus pais contavam maravilhas sobre dormir na fazenda, acordar cedinho e ir ao curral beber leite "no pé da vaca" (eu sempre achei muito nojenta essa história, pois vaca tinha pés muito sujos, pisava em lama e no próprio cocô!)...
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Como falei anteriormente, em toda minha vida, eu fui "ao sertão" muito poucas vezes e a frequência de minhas visitas às fazendas de lá é ainda mais insignificante... Mas um dia eu fui tive oportunidade de vivenciar aquela maravilhosa aventura... Estávamos na casa de Tia Lilia e fomos a Santa Clara (a fazenda dela) bem cedinho... a ideia era que o café da manhã fosse lá... e isso incluía o leite no curral...
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Lembro que era ano "de fartura" no sertão, que havia chovido muito e a paisagem era verdinha. Lembro que fomos para a fazenda, como sempre, em um jipe que nossa tia contratava (meu pai já havia vendido o nosso) perto do mercado.
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A "viagem" foi uma verdadeira aventura... tivemos que atravessar um riacho (outras vezes, quando não havia chovido o suficiente, eu já tinha ido por lá sem aquele riacho), passar em barreiras enlameadas que faziam o jipe andar meio de lado... Uma autêntica trilha de "rally"!
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Chegamos lá diretamente para o curral, uma vez que estávamos sendo esperados para o banquete... Gente, sentir o cheiro e olhar para aquele copo de leite espumoso (nojento!) e fedido que deram para meu pobre irmãozinho beber (tive muita pena de Paulinho naquela hora! Mas o pior é que ele só pediu para colocar Nescau...) foi o bastante para passar minha fome ou vontade de comer algo! Sei que devem ter me achado "metida a besta", mas saí de lá sem sentir o gosto do famoso "leite no pé da vaca"!

2 comentários:

  1. Não sei se vc lembra de PINDOBAL, uma escola profissionalizante p menores infratores, q ficava perto da cidade de Rio Tinto. Papai era a força policial de lá e era tudo tão organizado, que ele nos levava lá para alguns dias de férias.Falo em PINDOBAL, pq vc falou em leite e leite no pé da vaca tbem não faltava lá. Um detalhe nojento: os menores q tiravam o leite não tinham acesso a casa de hóspedes e então eles deixavam o copo na janela, até q papai abrisse a janela e pegasse o copo, já sem espuma e as moscas sobrevoando aquela pista branquinha...era uma forma de agradarem a gente, mas papai tomava todo o leite na frente deles evitando o pior. Pobre papai!!

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  2. Lú, eu lembro de Pindobal, sim. Eu achava que o colégio de Areia, para onde mamãe dizia que eu iria (interna) também era um reformatório, como Pindobal... Eu era ameaçada de ser interna para aprender a me comportar como menina e para ficar com "mãos de fada"...
    Quanto ao leite, só posso ter pena de teu pai tb! ;-)
    Beijo!

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