terça-feira, 15 de setembro de 2009

Um defeito de fabricação, um trauma!

Na hora do almoço, gosto de escutar um programa da Rádio Educadora (Multicultura) que me atualiza sobre o que está acontecendo na cena cultural de Salvador. Hoje eu escutei que estrearia uma peça chamada O Homem que Perdeu o Pinto.
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A princípio, achei que se tratasse de uma comédia com título de duplo sentido e que, na verdade, seria apresentada alguma coisa sobre um granjeiro que vendesse pintos na feira e que os perdesse no caminho... algo parecido com uma historinha que eu li em um livro escolar de uma menininha que ia vender ovos na feira e os quebrou no caminho, destruindo o castelo de sonhos que ela construía a partir do que esperava ganhar com a venda dos ovos...
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A peça que vai estrear hoje aqui trata mesmo de um homem que perdeu o pênis. Pelo que ouvi no Multicultura, ele vai a uma festa de Santo Antônio e ao voltar para casa descobre que perdeu o pinto...
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No instante em que ouvi a explicação, disse para Erick que já tinha assunto para postar aqui hoje... Expliquei a ele que quando eu era pequena, naquele mundo masculino em que fui criada, eu esperei muito que meu pinto crescesse...
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Eu nunca vira minha mãe ou mesmo minha irmã sem roupas (também não conhecia a nudez de nenhum adulto do sexo masculino, mas isso não vem ao caso), mas via meus irmãos menores (e os anjinhos que estavam nos altares das igrejas) e ouvia falar que os maiores também tinham pinto... Só eu não tinha um e não podia fazer xixi em pé sem molhar minhas pernas...
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Eu era realmente muito inferior a eles, fraca, chorona, tudo porque não me crescera um pinto... Talvez meu problema de incontinência urinária noturna fosse devido ao fato daquele "defeito de fabricação" que eu tazia comigo e do qual eu morria de vergonha... Minha genitália não tinha nome... era, na realidade, uma ausência...
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Não sei até que idade eu pensei que aquele problema seria resolvido quando eu crescesse... eu tinha esperança de ser uma pessoa inteira quando ficasse do tamanho de minha irmã, mas demorava muito a chegar o dia em que eu seria grande!
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Um dia, é claro, descobri que meninas são diferentes de meninos... acho que foi a lavadeira lá de casa, Zulmira, que me falou algo sobre eu ser "rachadinha"... Era muito azar eu já ter nascido quebrada!
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Hoje, quando eu contei esse meu drama a Erick, ele achou engraçado... Acho que ele não faz ideia do que é ser meio invisível e estar sempre só, no meio de tanta gente, como era minha realidade lá em casa...
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Agora imaginem que um dia aquela menininha desinformada menstruou pela primeira vez... Ainda não consegui elaborar as lembranças que tenho daquela época em que eu achava que tinha uma coisa muito errada comigo, pois vez por outra eu sangrava... Como naquela época eu já lera um livro demoníaco chamado "Confessai-vos Bem", eu imaginava que era o diabo que fazia com que eu sangrasse, ainda que eu nunca tivesse mastigado hóstia alguma!

2 comentários:

  1. Nossa!! que situação hein...
    Bem, vim comentar hoje não pela sua história que vc contou (que é engraçada rsrsrsrs), mas pelo comentário que vc fez sobre a peça que estrou na terça, no caso ontem.

    Meu namorado tá no elenco da peça, eu a vi numa outra montagem e vou vê-la hoje (quarta). Se vc tiver interesse em assisti-la (é um pouco depravada, mas a moral da história é super interessante, acredite !), me avise e me passe um e-mail que te envio o informativo!

    Que coincidência, hein?! rsrsrs

    beijão

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  2. Muita coincidência mesmo, Caty!
    Onde está a peça?
    Eu gosto muito de teatro(já andei fazendo curso tb, mas dei um tempinho... tv volte...), mas tenho que ver se vai dar pra eu assistir...
    Beijo!

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