segunda-feira, 6 de julho de 2009

1958

Segunda-feira é dia de trocar a roupa de cama, aqui em casa... Executar essa tarefa me fez recordar de muita gente que passou pela minha vida... Os prestadores de serviços (especialmente, as cozinheiras e as lavadeiras de roupas) e os fornecedores regulares que abasteciam a cozinha (de leite e carvão, não lembro se havia mais algum produto que fosse entregue lá em com regularidade...). Falaria sobre alguns deles, cujas imagens ainda são vivas na minha memória que já perdeu muito de sua capacidade de armezenamento e que às vezes comete imprecisões terríveis!
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Bem, meus planos mudaram quando passei na frente da TV e vi uma senhora sendo entrevistada na Sport TV... Um rosto muito enrugado associado a um cabelo de aparência jovial, seja pela cor, seja pelo corte. Achei muito bonita, aquela mulher!
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Imediatamente, pensei em Maria Esther Bueno (afinal, hoje o tênis está em evidência, por causa de Federer, que está sendo endeusado no mundo inteiro... e parece que merece, pois seu feito foi realmente notável...). Logo veio a confirmação, era ela a entrevistada!
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Comentei com Erick sobre a capa de O Cruzeiro, que vi em 1958, mas que ficou registrada para sempre na minha memória visual...
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Graças a tecnologia e às pessoas que não só guardaram, como também resolveram compartilhar seus tesouros na internet, encontrei a imagem da capa que hoje posso mostrar aqui...
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A revista homenageava os grandes feitos do esporte brasileiro daquele 1958.
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Aliás, naquele ano o País também veio a ter destaque nos concursos de beleza. A Miss Brasil, Adalgisa Colombo, foi a segunda colocada ao concorrer a Miss Universo (concurso de miss era coisa muito importante naquela época!). Lembro que Adalgisa Colombo visitou João Pessoa e nós fomos vê-la (quem será que nos levou?) desfilando em carro aberto e acenando elegantemente para todos... Fernando, que devia ter 4 anos, ficou impressionado pois ela "tinha a mão preta"... Minha memória não registrou a misse como detentora de beleza maior que a das moças todas (inclusive minha irmã!) que eu invejava por serem grandes, usarem baton, rouge e saias godê... Já naquela época, meu conceito de beleza não coincidia com o da maioria...
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Voltando à revista, aquele número teve uma capa de formato especial, dupla e desdobrável. Fechada normalmente, a revista destacava as figuras de Maria Esther e Pelé. Os outros apareciam quando desdobrávamos capa. Confesso que o rapaz vestido com uniforme de caça submarina nunca me chamou a atenção, mas os outros ganharam minha admiração sem que ao menos eu soubesse exatamente o que faziam...
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Muito o que lembrar dessa época em que o Brasil ganhou sua primeira Copa (para mim, aos 6 anos, copa era aquela sala em que fazíamos as refeições... eu não entendia o que era "copa do mundo" nem a razão de tanta confusão lá em casa por causa disso...). Lá em casa, faziam-se "bolos" a cada jogo que o Brasil disputava... eu, a partir de minha enorme ignorância, apostava também... acho que era mamãe que pagava por mim... Só sei é que faturei Cr$ 2,00 quando o Brasil ganhou da Rússia por 2 X 0... E ainda tive direito a comemoração: mamãe decorou um "pirex" de canjica, escrevendo com canela aquele placar que os deixara tão contentes (e a mim também, pois eu ganhara dinheiro!) ;-)
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Quanto a Maria Esther, já naquela época eu a achara muito bonita e quando, no ano seguinte, já morando na praia, ganhei um parte de raquetes de "tênis de praia", passei a sonhar ser igual a ela...
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É... 1958 foi um ano muito marcante em minha vida.
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Martinho, nascera em novembro de 1957. Pela primeira vez, eu via a família crescer, pois o outro irmão que eu vira nascer, Antônio Leonardo, morrera antes mesmo de eu ter oportunidade de gravar suas feições... Dele só lembro que um dia eu acordei e ouvi Sóstenes falar: "Tonheca morreu"... Demorei muito para decifrar o significado dessas palavras...
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Fernando sofrera o acidente, ao engolir soda cáustica e ter o esôfago queimado, em dezembro, no dia em que mamãe retornava da maternidade, depois de seu primeiro parto cesariano... A saúde, na realidade, a sobrevivência de Fernando passou a ser, naturalmente, o foco principal da atenção de papai e de mamãe.
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Eu fui estudar numa "escola particular" (um dia falarei sobre como funcionavam... não guardam nenhuma semelhança com as atuais!) pertinho de casa. A professora, d. Sindá, era assustadora!
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Ao chegar a época do veraneio, fomos, como sempre, para nossa casa de praia e ficamos por 2 anos morando lá, onde gozávamos de uma liberdade inimaginável na Manaíra atual... A foto ao lado ilustra essa liberdade!

4 comentários:

  1. Prima
    você está me fazendo viajar no tempo !
    Quase todos os dias me encanto vendo você desfiar histórias que me remetem a uma época já esquecida. Acho linda sua forma de resgatar pequenos momentos e fazer deles a continuidade de uma história ...
    Você tem talento !
    Abraços
    Rosário (de Recife)

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  2. Rosário,
    Que bom tenho companhia nessa minha viagem... e companhia tão valiosa quanto a das pessoas que já passaram aqui e leram essas minhas memórias!
    Um dia, uma terapeuta de florais me sugeriu que eu escrevesse sobre mim e sobre a vida, mais ou menos isso que estou fazendo agora, em uma agenda velha... eu não quis fazê-lo para não ser lido por alguém não autorizado... 15 anos depois, aqui estou, sem o menor pudor, me expondo sem os meods de outrora...
    Beijo, menina!

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  3. Carmen...vc tem talento mesmo como sua prima Rosário falou...não posso perder nenhum dia...o que mais estou adorando é reviver as palavras tão esuqecidas de tempos idos...obrigada por isso!!
    Bjinbjin
    Lú - Aracaju/Se

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  4. Lu, que tal estudar letras e mergulhar (como eu) no estudo do Léxico?? ;-) Vc iria adorar, viu, menina!
    Bj!

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