sábado, 11 de julho de 2009

Roberto Carlos

Hoje tem show de Roberto Carlos no Maracanã. Vou assistir pela TV. Ele já não me agrada como quando eu era adolescente e eu não sei se iria vê-lo ao vivo, mas deixei a TV ligada para não acabar perdendo a hora, uma vez que vim escrever aqui...
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Nos anos 60, acho que em 66 ou 67, não lembro bem, fui assistir a um show de Roberto em João Pessoa. Acho que foi no ginásio do Astréa (clube onde eu viria a brincar alguns carnavais mais tarde...). Fui com Fernando, que também era adepto da Jovem Guarda e usava um anel com uma caveira (meus irmãos maiores, os machões, não usariam anel algum!). É só o que lembro... e olha que eu era fanzona... Levava meus livros e cadernos para o colégio em uma "escacela" da marca Calhambeque que tinha a foto dele...
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Meus irmãos diziam que ele era "afeminado" e que eu era alienada... Preconceituosos "os meninos" sempre foram e, naquela época, eram também muito politizados e de esquerda... Eu não ligava para a opinião deles, já havia desistido de ser aceita por eles e tentava conquistar meu próprio espaço no mundo. Para a política, só despertei aos 16 anos, quando estudava no Lyceu Paraibano, entre 67 e 68... época das passeatas e greves estudantis de que participei.
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Minha mãe gostava de Roberto tanto ou mais que eu... parece que ela sempre conquistou os corações femininos (embora eu não tenha demorado a trocá-lo por uma paixão muito mais duradoura: Chico Buarque... de quem nunca carreguei fotos estampadas em material escolar, mas com quem eu passei a me identificar muito mais, a partir dos meus 16 anos...
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Entre os 12 e os 15 anos, curti muito as músicas da Jovem Guarda. Foi a época em que ganhei meu irmão mais novo, Paulinho (hoje nos tratamos mutuamente por Bola, apelido que teve um longo processo de criação...), que chegou para ser um pouco filho de todos nós...
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Nossa mãe já tinha 46 anos, quando teve aquele seu décimo-segundo parto... o segundo cesariano... Depois do parto, ela teve algumas complicações que a levaram de volta ao hospital e fui eu e Bartolomeu os escolhidos para cuidar do bebê. Aprendemos a trocar fraldas, dar banhos, preparar e dar a mamadeira... Eu realmente me sentia mãe daquele irmãozinho tão querido! (e, como se pode ver ao lado, tão lindo!)
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Foi ao som das músicas da Jovem Guarda (cantadas por mim!) que Paulinho foi embalado durante o período em que cuidei dele... E, pasmem, até hoje ele adora aquela trilha sonora de sua primeira infância! Não teve Boi da Cara Preta, nem Cuca... era Calhambeque, Parei na Contra-mão, Spleash-Splash, Quero que vá tudo pro Inferno... Eu ficava horas ouvindo as músicas para copiar as letras em um caderno, pois não tínhamos vitrola. Quando me era permitido, eu assistia o programa na TV também...
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Mas para isso eu enfrentava um obstáculo... a novela... papai adorava assistir novela (eu acho que a razão de meu pouco interesse por elas vem daí... eu queria ver a Jovem Guarda!) e era o dono do único televisor lá de casa... Essa disputa motivou o maior problema que tive com meu pai em toda minha vida, mas não vou falar sobre ele agora...
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Roberto Carlos não foi o meu primeiro "ídolo" musical... Antes de gostar dele, bem antes, eu adorava Juca Chaves cantando "caixinha, obrigado".
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Depois vieram Cely e Tony Campelo, que vi pela TV (na casa de um primo de meus pais, onde íamos ver os programas de auditório que eram apresentados no Canal 2, de Recife...). A imagem devia ser um horror, mas na época foi o máximo! Depois de conhecer a dupla, uma das minhas brincadeiras passou a ser imitá-los... em parceria com Felipe (sim, Felipe foi meu primeiro parceiro artístico! Além de imitarmos essa dupla, mais tarde viríamos a imitar Zé Bonitinho em esquete humorísticos onde eu atuava como coadjuvante... Não sei onde foram parar nossos talentos artísticos!) ;-)
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Ainda antes de conhecer Roberto Carlos, na época em que moramos em Recife, eu fiquei fã de Rita Pavone e tive minha fase de Datemi un Martello... com direito a usar suspensórios e tudo! Lembro de minha indumentária, mas não faço ideia de como consegui os suspensórios... deviam ser de Fernando...
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Bem, minhas lembranças são muito ligadas às roupas que eu usava... é engraçado, mas posso abrir um armário na minha memória e lá estão meus vestidinhos bordados por mamãe (ou por alguma bordadeira que ela contratasse), os de festa eu não gosto... são de organdi e "espinham"... gosto dos de fustão, dos de algodão xadrezinho e dos de cambraia...
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Mas nesse eu armário também estão as saias godê de Maria Sônia e os boleros que ela usava e que eu invejava... Está também um vestido de minha mãe que a fazia parecida com a mãe de Wendy (quando eu via mamãe saindo com aquele vestido, sempre esperava que Peter Pan viesse me buscar para passear na Terra do Nunca...)... Está uma "fofa" que Fernando usou quando bebê (era de fustão branco e tinha um Pecos Bill bordado no peitilho, linda!)... Estão até duas "camisolas de batismo"... uma parece que foi usada pelos meus irmãos mais velhos (desde Marcelo) e era belíssima e outra, também muito bonita, que teria sido usada por mim e por Fernando, as duas eram de um tecido sedoso... acho que "lingerie"...
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E assim, mais uma vez, eu já desviei o rumo da "conversa" ao sabor das lembranças... Na realidade, ainda tenho muita lembrança mais antiga que as de hoje para colocar aqui...

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