Primos

Longe de minha vida rotina durante o dia inteiro... Acordei cedinho, tomei café e fui para a praia (isto é, fui passar o dia em Praia do Flamengo, mas nem cheguei a ver o mar...).

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Meus planos incluíam iniciar o relatório que preciso apresentar até o início do próxim semestre letivo sobre a disciplina que acabo de cursar na faculdade... (é... continuo estudando... agora como aluna especial do Mestrado... Será que farei mesmo exame de seleção no final do ano? Quem sabe... Ando meio desanimada, mas meu orientador deixou suas atividades administrativas no Instituto e diz que voltará a me orientar...)

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Sirlene, terminaria a faxina que começou no sábado passado e eu só faria o almoço e estudaria... Por via das dúvidas, levei uma Recreativa (vício herdado de papai!) para relaxar quando estivesse cansada.

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Até as oito e meia, meus planos não sofreram desvio algum, mas os vizinhos começaram a acordar... Em meio à história da formação da língua portuguesa, escutei alguns casos de tribunais e que tais, discutidos por um casal de advogados na casa que fica nos fundos da minha (pense num condomínio onde a privacidade é nula!). Parei os estudos e fui cuidar de outra tarefa que havia levado para fazer lá: a reforma de um xale que eu nunca mais havia usado.

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Terminada minha tarefa, eles também já não debatiam sobre como funcionam os tribunais russos... (não me perguntem sobre o assunto! Àquela altura, enquanto eu extraía as franjas do meu xale, meus sentidos foram dominados pelas minhas queridas reminiscências...)

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Lembrei de um tempo muito bom, um período que deve ter sido muito curto, mas que me proporcionou ter contato com a amiga mais antiga que tenho: minha prima Carmo (ou Carmita, como ela se assina hoje...)

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Naquela época, já éramos oito irmãos (eu sou a sétima da série, mas não lembro de nada antes da chegada de Fernando, para mim, no começo éramos oito...) e morávamos naquela casa perto do Mercado... Foi quando vieram minha tia Judith e família passar uns dias lá... Tia Judith tinha nove filhos... e as idades eram ainda mais próximas que as nossas... imaginem como ficou animada aquela casa!!

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Eu acho que tinha 4 anos e nunca havia tido muita companhia para brincar... vivia tentando me incluir no mundo dos meninos, mas era uma luta um tanto inglória... Adorei ter meninas de minha idade (eu ficava exatamente entre Carmo e Gracinha) para brincar! Lembro que Carmo "cuidava" de Tonho, seu irmãozinho menor e eu logo quis ser cuidadora de Fernando também. Em uma cena que é bem viva na minha memória estamos as duas brincando com "nossos bebês" num outro terraço que havia na casa, do lado oposto àquele onde eu olhava as formigas por horas (para mim...). Brincávamos com uma bola enorme (para os bebês), talvez aquela com que posei na frente da casinha da praia...

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A presença dos primos lá em casa foi inesquecível, mesmo meus primos grandes (Sérgio e Nicolau) brincavam comigo ao invés de tentarem se livrar de mim... Ser primo é sempre mais fácil que ser irmão!

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Eu fiquei muito triste quando eles foram embora... Anos mais tarde, quando fomos morar em Recife, eu esperava ansiosamente pelo dia em que iríamos visitá-los no Cabo...

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Talvez, para meus irmãos, acostumados a conviver com primos na casa de vovó Xixica, no sertão, aquele contato não tenha tido o mesmo significado, mas para mim foi uma delícia ampliar a família, principalmente porque pude brincar com meninas, o que era diferente e muito gostoso.

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No ano seguinte eu entrei na escola e ganhei novas amiguinhas, mas Carmo continua sendo a meu referencial de amizade duradoura e intensa, ainda que a gente demore a se ver!

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Daquela época, adoraria ter uma foto com a turma toda... não tenho... Mas tenho essa aqui... onde mamãe está com Fernando (lindo, não?)