terça-feira, 14 de julho de 2009

Dia de chuva

Com a academia cheia, hoje só suportei meia hora na esteira, mas como vou fazer Pilates mais tarde, não fico em débito com minha "personal trainer", que sou eu mesma! ;-)
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O dia amanheceu chuvoso, mas quando abri a janela para respirar um pouco do ar ainda pouco poluído do dia senti o mesmo cheiro de todos os dias... Da minha janela de hoje, o cheiro do ar não muda quando chove... Quando eu era pequena a chuva tinha um cheiro peculiar, que aprendi recentemente, com uma professora muito linda e muito querida, Suzana Cardoso, que é cheiro de "terra sarolha"...
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Dia chuvoso na na Pedro II, com aquele quintal enorme, cheirava a terra molhada. Se a chuva era forte o suficiente para "correr biqueira", a gente aproveitava para tomar banho de chuva. Esse é um costume bem sertanejo que mais tarde eu vi preservado por minha cunhada Odinete, que além de festejar a chuva com os filhos (também acompanhada pelo afilhado, Erick...), ainda pegava a bicicleta para correr sob a chuva, promovendo uma farra parecida com a que mamãe liderava conosco...
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A pirralhinha bochechuda ao lado era adepta de banhos de bica, debaixo da chuva e, sempre que possível, correndo um pouco na lama também! Acho que naquela época não fazia um mal tão grande... ;-) Afinal, nem se sabia ainda o que era poluição...
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Claro que Erick adorava esses animados banhos de chuva! Um belo dia, de volta das férias do meio do ano, que sempre passava em João Pessoa, na casa dos tios, estava na escola (uma escola linda, que parecia um sítio e que permitia aos meninos uma vida muito livre e saudável), esperando que eu chegasse para buscá-lo para casa, quando começou a cair um toró daqueles que dias antes, em João Pessoa, ele comemorara com banho... Pois é... ele correu para o parque para aproveitar a chuva e foi resgatado de lá com uma certa dificuldade...
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Quando eu cheguei, ele estava na diretoria, enrolado numa toalha (mas ainda calçado com as botas azuis de plástico, que naquela época não tirava dos pés...). A diretora e a coordenadora (que nunca deviam ter experimentado o banho de chuva dos sertanejos!) me repreenderam seriamente por deixar meu filho agir daquele modo... Acho que ele não repetiu a dose depois daquele dia! ;-)
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Outra lembrança que dias de chuva me trazem é da praia... Quando chovia e o mar estava sereno... sem ondas... parecia um grande açude... e mamãe nos convocava a um banho de mar!! Era delicioso, mas as formigas de asa me incomodavam, pelo cheiro que sempre achei muito enjoado! Quando a gente voltava para casa, tomava outro banho gostoso: na bomba que puxava água de um poço artesiano... Depois era tirar as roupas molhadas, se enrolar em toalhas ou colchas quentinhas e beber uma dose de "Vinho Celeste" para aquecer. O dia estava completo!
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O Vinho Celeste era uma bebida que mamãe adorava e que eu também gostava muito, apesar do gosto de álcool (o teor alcoólico devia ser baixo, para ela nos oferecer ainda tão pequenos...). Eu não sei se ainda se comercializa o produto, muito menos com esse nome... Era "vinho de caju"... Mas o sabor que ficou na minha memória gustativa não tem nada a ver com o da cajuína, que acho muito enjoativa!
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Além do Vinho Celeste, às vezes mamãe nos deixava beber um pouco de vinho tinto misturado com água e açúcar... ela chamava a mistura de "sangria", mas depois eu experimentei sangrias mais saborosas e com efeitos bem mais "animadores"! ;-)
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É, as bebidas de minha infância deixaram registro forte na minha memória... umas por serem deliciosas, outras por serem intragáveis! Entre as intragáveis eu posso citar o leite de vaca, puro e quente... eu nunca suportei beber leite assim... nada me agradava em tal bebida: nem o sabor, nem a cor, nem o cheiro! Na minha fase de crescimento, fui obrigada a beber leite diariamente, pela manhã e à noitinha... Acho que eu era a única pessoa lá de casa que não gostava de leite... Lembro que alguns eram até comparados, por mamãe, a garrotes...
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Eu bebia minhas xícaras diárias de leite sob forte pressão paterna... mas meu leite era morno (a gente chamava "leite frio", era servido em uma leiteira pequena esmaldada em verde, só "os pequenos" se utilizavam desse leite, para misturar ao "leite quente", da leiteira grande... o meu era todo da leiteirinha verde!), bastante adoçado e com Nescau (meus irmãos tomavam Toddy, mas eu não gostava e papai comprava Nescau para mim...). Todos os dias eu tentava sair da mesa sem beber o leite, mas papai me fazia voltar e bebê-lo... No dia em que ele relaxou, eu deixei o leite de vez! (só voltei a bebê-lo na época em que amamentei, mas era por uma ótima causa!... e aí eu já bebia o leite gelado, o que amenizava o cheiro... e era leite desnatado... não gosto de alimentos gordurosos!)
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Outra coisa que me deram para beber um dia e que eu quase vomitei foi um tal de "mingau de farinha do Maranhão"... Era uma coisa bolotenta horrorosa! Não entendia como as pessoas gostavam daquilo! (disseram que era uma delícia..)
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Bem, eu não lembro quando foi que comecei a beber meu cafezinho tão querido e tão indispensável ao meu bem estar, mas para mim ele pode muito bem ser considerado o oposto ao leite... adoro seu sabor, sua cor e seu sabor! ;-)

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