domingo, 12 de julho de 2009

Cenas bucólicas, ou não...

Preocupação para quem resolveu viver até ver se ainda restará algo do planeta Terra no em 2050... resolveu fiscalizar a redução da emissão de gases poluentes... enfim, de quem quer vir a ser centenária: minha circunferência abdominal teima em não chegar à medida segura!
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Resta-me não relaxar, não deixar de despender, no mínimo, meia hora diária na esteira... Ainda que seja um domingo em que acordei tarde...
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O domingo é um dia complexo, para mim: dia em que tomo minha dose semanal de alendronato de sódio, o remédio mais chato que já me mandaram tomar! O comprimido tem que ser ingerido em jejum, com um copo cheio de água pura (para fazê-lo descer direto para o estômago, uma vez que seu contato com o esôfago pode causar úlcera, que pode evoluir para um câncer) e não se pode voltar a deitar depois de sua ingestão... Assim, não posso levantar da cama com um restinho de sono para ser consumido depois de fazer xixi...
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Levanto e vou cuidar das plantas, arrumar algumas coisa que esteja bagunçada demais em casa... enfim, evito até me sentar, para não acabar deitada... já falei para o médico que trata minha osteopenia (eu não imaginava quanta coisa estranha a idade traria... minha saúde é cada dia mais departamentalizada!), que tenho medo daqueles comprimidos!
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Passada a meia hora, posso tomar meu comprimido para a tireóide e começar a fazer o café, pois depois de mais meia hora estou liberada para tomá-lo! (bem como continuar com os outros remédios normais do dia-a-dia de uma mulher menopausada, portadora de osteopenia e tireoidite de Hashimoto...) ;-)
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Américo, meu orientador, que é 10 anos mais moço que eu, costuma fazer piada com essas pequenas peculiaridades de minha idade, mas eu já disse para ele que esse é o preço da longevidade... Dá trabalho, mas tem valido a pena! ;-)
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Bem, passada uma hora do café da manhã, vou para a esteira cheia de disposição e esperança de reduzir a bendita circunferência...
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Hoje Erick não quis me acompanhar e não havia mais ninguém na academia... caminhei ao ritmo de forró, tentando dançar mais do que caminhar e até cantei em voz alta! Nada como estar em um ambiente do condomínio em que ainda não instalaram as câmeras... nenhum porteiro assistiu minha performance artística! ;-)
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Pela janela que fica ao lado da "minha esteira", pude observar os micos brincando nas árvores... Pena que não apareceu nenhum cavalinho hoje...
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É... eu moro em uma região bastante pitoresca de Salvador: além dos micos (que estão em toda a cidade) as ruas da Pituba são rota de passagem de cavalos que pastam pelos canteiros, praças, terrenos baldios... eles circulam livremente pelo asfalto, não se pertubem com as pessoas nem com os carros (cujos motoristas precisam ter cuidado, principalmente á noite, para evitar possíveis choques...).
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O "bucolismo pitubiano" me faz lembrar nossa casa no Gonçalo, onde, diariamente, uma vaca malhada que chamávamos de Boneca, vinha se alimentar... Ela chegava na porta dos fundos (da casa que aparece na foto ao lado), que era bipartida e cuja parte superior permanecia aberta durante todo o dia, e, como que, cumprimentava quem estivesse na cozinha, pedindo algo para comer... Eu, que nunca tive muito traquejo no trato com animais de espécies diferentes da minha, me assustava, mas sempre havia por lá alguém capaz de atender o pedido de Boneca (que eu achava linda, quando estava a uma distância segura...).
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Além de Boneca, apareciam outros bovinos lá por perto, mas só ela se aproximava, os outros eram ariscos e metiam medo não só a mim!
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Engraçado... naquela época, para ver macaquinhos eu ia à Bica... não havia micos nas árvores da nossa mata...
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Outros animaizinhos que me assustavam ali eram os "gansos de d. Maura"... D. Maura era nossa vizinha de fundos e sua casa tinha um enorme quintal onde ela criava vários animais domésticos (em geral, cuidados por Antônio, um rapaz que sofria de alguma deficiência mental e que também era criado por ela). Eu gostaria que aqueles gansos usassem guisos ou que alguém me avisasse quando eles passariam na nossa rua... O medo deles também era generalizado e eu acho que meus irmãos maiores, os corajosos, devem ter experimentado a perseguição deles algumas vezes!
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O curioso é que nós tínhamos um cachorro... Hope... meu convívio com ele foi praticamente nulo... O que eu lembro é de um cachorrão gordo e muito peludo que ficava deitado perto das portas, sempre do lado de fora de casa... Lembro que ele era da idade de Marcelo, que é 9 anos mais velho que eu (considerando-se que cada ano de um cachorro grande equivale a 7 de um humano e que eu só tenho registros de memória a partir dos 3 ou 4 anos... Eu lembro de um Hope bem ancião!). Lembro que mamãe se encarregava de tosar seu pelo e que não era fácil... Lembro também que quando mudamos para Recife, no início de 1961 ela já não estava conosco. Não tenho certeza, mas acho que ele foi sacrificado a pedido de papai, pois estava bem doente. mas não lembro quando foi isso... Em geral, não lembro que vivi numa casa que tinha cachorro!
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Quem me conhece minimamente, sabe do meu pavor pelos caninos... mas esse pavor não foi, de modo algum gerado pelo contato com Hope, mas com os cachorros do vizinho lá da praia... que na época era o governador da Paraíba, Pedro Gondim... Eu era amiga de sua filha e frequentava a casa, mas sempre com muito medo, pois ele criava vários cachorros em casa... (a foto ao lado é, mais ou menos, da época em que nasceu meu pavor aos caninos... O que importa é que mostra a praia onde cresci!)
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Aliás, os moradores daquela casa adoravam criar feras... Depois dele, apareceu outro que criava uma raposa e um lobo... mas esses viviam em jaulas (o IBAMA ainda não fora criado...) e eu não tinha tanto medo em entrar lá para brincar com minha amiga Flávia nem para ver TV (em especial, Aventuras Submarinas, com Lloyd Bridges... pense em uma série nova!!) ;-)
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Novamente acabo divagando mais do que o que planejara...
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Minha lembranças estão guardadas não só naquele armário de roupas ao qual me referi ontem... tem também uma estante cheia de livros e revistas e tem um guarda-louças... Só que parece que todos esses móveis virtuais estão interconectados e mexer em uma lembrança que peguei em um deles sempre implica mexer nos outros também... Ainda pretendo remexer em todos os armários e baús disponíveis na minha memória!

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