quinta-feira, 9 de julho de 2009

Divagando

As atividades do Congresso estão me roubando um pouco daqui, mas eu não vou permitir que me impeçam de escrever, nem que seja um pouquinho, cada dia... é um compromisso que tenho com as meninas que habitam em mim!
.
Recebi comentários de minha prima Carmo... Adorei!
.
Ela comentou sobre uma temporada em que, já adolescente, esteve lá em casa e que papai fechava a porta do nosso quarto de manhã cedo, para não nos acordar...
.
É... lá em casa, como parece que é na casa de todo sertanejo, o dia começava cedo...
.
Na nossa primeira fase de residência na Pedro II (anterior à temporada, 1961-62, quando moramos em Recife), não tínhamos TV (que só chegou no Nordeste, se não me engano, em 1960) era o rádio que levava, bem cedinho, as notícias que papai tanto gostava de conhecer... Ele sintonizava a Rádio Nacional (eu acho que era a Nacional!) para ouvir o noticiário, mas antes escutava um programa que mamãe adorava... com músicas cantadas por Orlando Silva, Sílvio Caldas, Dalva de Oliveira... fui acordada por esse pessoal inúmeras vezes!
.
Eu achava as músicas lindas (ainda que mais tarde, quando adolescente, negasse esse fato!), mas preferia quando se tocavam as marchinhas de carnaval... Eram bonitas e bem mais fáceis de entender!
.
Aliás, eu gostava muito de umas músicas que Maria Sônia cantava: uma da "cerejeira rosa", que tinha uma letra estanha ("a cerejeira não é rosa mais...") mas que me agradava muito e a outra era "ai Lili, ai Lô", do musical Lili ("... eu levo a vida cantando... ai lili, ai lili, ai lô..."). Mamãe também gostava muito de cantar (aliás, gostava mais que qualquer um de nós!) e sempre nos embalava sempre com as músicas de seus cantores prediletos. Já papai, acho que nunca o escutei cantar nada! Os dons artísticos de papai eram muito bem escondidos! ;-)
.
Mas em compensação, ele resolvia qualquer problemas em casa, fosse elétrico, hidráulico ou de alguns outros tipos... lá em casa tinha um verdadeiro "arsenal" de ferramentas! Eu era proibida de chegar perto delas... Aquilo tudo pertencia ao fabuloso mundo masculino... ;-) Assim como era desse mundo, do qual eu não fazia parte, a bicicleta... é... foi um sonho de consumo que me acompanhou até a idade adulta... lá em casa, bicicleta era coisa para menino! Como devia ser bom ser menino e poder tudo! ;-)
.
Especialmente, eu admirava meu irmão Carlos... Era o menino mais "danado" que eu conhecia! Também acho que era o mais castigado, mas devia valer a pena receber castigo depois de ter praticado uma traquinagem especial!
.
Lembro que quando ele foi estudar no Pio X voltava para casa sempre com algum problema (acho que era advertido lá) e dizia "o irmão mutuca está me marcando"... Eu, como sempre, ficava tentando decifrar as palavras dele, enquanto o via ser advertido também em casa por papai... Não imagino que tipo de coisas ele aprontava no colégio, mas acho que não era muito amigo dos livros... ;-)
.
Uma coisa que eu sempre achei interessante foi o fato de que apesar de muito levados, meus irmãos nunca quebraram braço ou perna... Acho que meus irmãos eram mais fortes que os das outras meninas! ;-)
.
Só lembro de participar das brincadeiras de Carlos assim: quando morávamos na praia, entre 1959-60, tínhamos uns vizinhos mais ou menos da idade dos meninos lá de casa e eles saíam para caçar na mata (atrás lá de casa, há menos de 100 metros, haviam uma mata de cajus, araçás, mangas...); eles eram os índios e nós (os meninos também tinham irmãs) éramos as índias que ficavam em casa... Pois é... era uma inclusão feita de exclusão! E a gente ficava feliz por "estar brincando com os menino"!
.
Quando ao invés de caçar, eles iam apanhar frutas, nós também íamos... Passávamos a manhã inteira naquela mata e voltávamos cansados e felizes, com uma cesta cheia de cajus... conhecíamos cada pé... o tipo de caju, a cor... Nunca provei cajus mais gostosos do que aqueles!
.
Havia também o dia de assar as castanhas dos cajus... juntávamos as castanhas por algum tempo, colocávamos para secar ao sol e depois assávamos em um caldeirão velho... o fogo era feito com carvão em um fogareiro de barro.. nunca mais vi um daqueles... nem no Museu do Sertão...
.
Aliás, alguns objetos que faziam parte do meu dia-a-dia sumiram completamente!
.
As fotos são das duas situações: no quintal da Pedro II, com os meninos toda feliz porque estava junto de Carlos e com todo mundo (inclusive Sóstenes, Maria Sônia e umas primas com as quais eu pouco convivi...), na mata, chupando caju (eu estou olhando para trás, mas tenho um caju na mão!)

Nenhum comentário:

Postar um comentário