quinta-feira, 16 de julho de 2009

40 anos... 35 anos... mas parece que foi ontem!

Pois é... são passados 40 anos daquele dia em que vimos o homem pisar na Lua (ou melhor, vimos a partida do foguete levando os homens à Lua, a viagem demorou 4 dias!)... é incrível como hoje em dia, depois de vividos bem mais que 40 anos, para mim esse tempo passa tão rapidamente!

Quando eu era guria e ouvia mamãe falar que "a vida começa aos 40", eu achava muito estranha essa fala... afinal, eu pensava que estava viva... ou será que viver era outra coisa?
.
Bem, talvez fosse uma daquelas coisas que os adultos falavam quando se reuniam (em geral, nas visitas de meus pais aos primos que moravam em João Pessoa... frequentemente eu os acompanhava nessas visitas) e que, às vezes, me mandavam sair do recinto, pois estavam tratando de "conversa de gente grande"...

Vez por outra eu ouvia um pedacinho daquele tipo de conversa... não entendia nada, principalmente, não entendia porque tinha que me retirar da sala na hora em que eles falam sobre coisas como "clube da chave" ou "festa do cabide"... Francamente, eu achava aquele povo muito cansativo e em geral acabava dormindo em alguma cadeira e voltando para casa no colo de papai...

Uma coisa que me marcou, naquela época (e que foi um daqueles assuntos de gente grande conversados meio em surdina) foi a história (ou os fragmentos dela que me chegaram) de uma moça, bonita como minha irmã, que havia sido morta no Rio de Janeiro (que para mim era o lugar mais longínquo e estranho do mundo... era lá que morava uma tia que aparecia lá em casa vez por outra e que eu acho que meu pai não gostava muito da presença dela... tia Iná). O nome da moça morta era Aída Cury... eu vi a foto dela em O Cruzeiro!

De volta à Lua... (minhas digressões cansam até mesmo a mim... mas fazem parte do meu modo meio interrompido de ser!)

A primeira lembrança que tenho de viagens espaciais vem de marchinhas de carnaval ("Gagarin, subiu, subiu, subiu... foi até o espaço sideral...", ou "todos eles estão errados, a lua é dos namorados...") e de uma blusa que eu usava estampada com "sputniks" e cheia de "bip-bips"... (impossível alguém imaginar minha blusa a partir da descrição deficiente que acabo de fazer...) ;-), Meus "irmãos grandes" falavam que os russos tinham mandado uma cadelinha chamada Laika em um foguete... eu também vi as fotos nas revistas, mas não entendia a razão daquilo!

Eu já sabia que na lua tinha um dragão e eu pensava que aquelas viagens só podiam ser para matar aquele monstro, que talvez fosse igual aos dos livros de contos de fadas... eles tinham muitas cabeças e quando as cabeças eram cortadas voltavam a crescer, como o rabo das lagartixas que meus irmãos mutilavam...

Em 1969 eu já nem lembrava daquelas fantasias de criança (que agora me voltam tão claras e com tanta frequencia... chegando mesmo a me assustar!).

Em 1969 eu já saíra de João Pessoa e morava em Recife, me preparando para fazer o Vestibular, que seria de Arquitetura, mas que acabou mesmo sendo de Engenharia... Não lembro de ter tido maoires emoções com o feito dos americanos, estava mais preocupada em não ficar maluca morando com Bartolomeu (que quando me via agarrada aos livros, me mandava para um pouco de estudar...) e Felipe (que dizia que eu não passaria no Vestibular, porque não pegava nos livros!). O convívio com meus irmãos foi uma ótima preparação para o futuro enfrentamento das contradições de minha vida adulta! ;-)

Essa história de estudar arquitetura, em acho, foi uma ilusão que alimentei até me conscientizar que não tinha o talento necessário para ser aprovada na prova de aptidão, à qual teria que ser submetida para entrar na faculdade. A Engenharia surgiu como alterenativa bem mais viável... ;-)

Na realidade, acho que as decisões que vieram a definir o meu destino tiveram muito de improvisação... e de intuição, é claro!

Foi assim, meio por acaso, que me inscrevi no concurso da Petrobras e acabei cumprindo uma promessa que fizera a mim mesma ao conhecer esta terra mágica em que moro há quase 35 anos e que adotei como sendo minha também (é... eu sou "parai-perna-baiana... perfeitamente identificada com os costumes e com as pessoas das minhas três "cidades natais"!). Quando os representantes da Empresa foram à minha sala de aula para nos convidar a participar do concurso, dirigiram-se apenas aos meninos, pois, naquela época, a Petrobras não admitia engenheiras em seus quadros... (acho que a primeira contratada foi Regina, da RLAM, uns 2 ou 3 anos depois de minha admissão)


Lembro que o discurso do "preposto" (essa palavrinha eu acho horrorosa, mas aprendi lá na Petrobras...) foi muito machista e causou uma grande revolta em minha colega Graça, que quase o coloca para fora da nossa sala... ;-) Bem, na ocasião ele falou que haveria uma possibilidade para nós, as quatro meninas da turma de Elétrica: a inscrição para o cargo de Analista de Processamento de Dados, mas que a prova só aconteceria em Salvador...

Naquela época, eu já fizera curso de programação COBOL na IBM e já me identificara muito mais com aquilo do que com as matérias que estudara na faculdade... Lamentei que não pudesse fazer o concurso...
.
Poucos dias depois, meu irmão Carlos, que estava deixando a UFPB, onde era professor, falou que iria fazer o concurso da Petrobras, mas em Salvador... Era só o que eu precisava... uma companhia, mais que isso, uma carona para Salvador! Vim com ele, que depois desistiu de fazer a prova e foi para a Acesita, fiz minha inscrição e voltei para fazer as provas... (só depois eu fiquei sabendo que a informação daquele "preposto" estava errada... Hamurabi, meu primo, fez a prova em João Pessoa!)
Foi assim, com a ajuda da sorte (e talvez dos orixás) que as peças do jogos se arrumaram de modo a me permitir que a "menina" magrinha de calça branca que aparede na foto mudasse para a terra (e permanecesse nela!) que conhecera em janeiro de 1971 e pela qual se encantara sobremaneira!
.
Uma coisa interesasante, da qual eu nem lembrava mais, que me caiu recentemente nas mãos, foi um guia da cidade de Salvador publicado em 1951 (ano de meu nascimento)que me foi dado por papai (ele ganhara de um tio) quando vim morar na Bahia... Adorei reencontrar o livrinho, que hoje fica na minha cabeceira. Acho que , de algum modo, papai sabia que eu havia encontrado o meu lugar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário