sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dieta

Hoje é o dia da pizza... atualmente, há dia para tudo!
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Eu, lutando corajosamente para não ser encontrada pelos seis quilos dos quais me desvencilhei desde o início do ano, hoje pretendo ficar bem longe da dona do dia... certamente não vai faltar quem a homenageie!
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Meu método de emagrecimento foi inspirado no modo como papai nos livrava das inconvenientes ninhadas de gatinhos que apareciam no jardim lá de casa... coloquei os quilos excedentes em um saco bem fechado e os levei a passear bem longe de casa... abri o saco para que saíssem e tratei de voltar por um caminho diferente e bem mais longo... Espero que eles demorem um pouco a voltar para mim!
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Na realidade, o que descrevi acima foi só um sonho... não foi e não é tão fácil reduzir o peso aos 57, quase 58 anos! Tenho mesmo é procurado gastar mais calorias do que ingiro e a esteira aqui do prédio tem sido minha grande aliada!
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Minhas lembranças, quando me chegam para me visitar e me encontram naquela esteira, devem achar que fiquei maluca... caminhando feito louca sem sair do lugar... suando desesperadamente e ainda parecendo feliz, com aquele fiozinho enfiado no ouvido... ;-) Na realidade, 50 anos não é um tempo tão longo, no entanto, se minha Lucinha fosse trazida repentinamente do Gonçalo de 1959 para a Pituba de hoje, talvez não chegasse a se perpetuar na minha memória... O choque a mataria, creio eu!
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Voltando á pizza do dia... Não lembro quando conheci essa delícia que hoje faz parte do meu cardápio semanal... Erick cresceu comendo pizza uma vez por semana e eu conheço muita criança cujo prato predileto é pizza (o meu era tomate "inchado" tirado do pé! Eu mesma plantava os tomateiros no quintal e colhia os frutos que eram devorados in natura na hora, ás vezes em substituição ao almoço... era só consegfuir burlar a vigilância de meus pais que achavam que eu tinha que almoçar "comida de panela"...), mas eu não lembro de ter comido pizza antes da adolescência...
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Aliás, eu era muito "biqueira", pelo menos era o que eu ouvia mamãe falar de mim... Hoje tem muita gente que me considera gulosa... ;-) Na verdade, em se tratando de doces eu sempre fui gulosa mesmo!
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Lembro que adorava pão com manteiga e açúcar... ou com goiabada, enquanto meus irmãos se deliciavam com aquela manteiga de garrafa e com aquele queijo de manteiga, eu preferia comer meu pão doce (que podia ser coberto de coco) ou adoçar o pão que comeria...
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Aliás, pão sempre foi um alimento que eu comi com prazer! Quando eu era pequena, padeiro, para mim, era aquele homem que vinha pela rua carregando nos ombros uma armação de madeira com um cesto de lata pendurado de cada lado e com uma buzina que tocava para anunciar sua chegada com nosso pão "fresquinho". Mais tarde aquela armação foi substituída com um carro de mão, depois por bicicleta... não vejo mais padeiros nas ruas... hoje vamos ao pão, já que o pão não vem a nós!
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Bem, não tínhamos pão "fresco" nos finais de semana... mas isso não fazia muita diferença... ou, às vezes, fazia... para melhor! Mamãe fazia maravilhas com pão dormido! Uma dessas maravilhas era o "pão de coco" (ela assava fatias grandes de pão ligeiramente embebidas em leite de coco com açúcar e eu adorava...), mas bom mesmo era quando ela fazia as "fatias douradas" (era asssim que chamávamos rabanadas!)... Nunca provei rabanada melhor que as que mamãe fazia para a ceia de domingo!
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Também nunca enjeitei um pedaço de bolo, um suspiro (quando eu saía com mamãe, ás vezes a gente passava numa mercearia, ou padaria..., que vendia uns suspiros enormes... adorava quando mamãe resolvia comprr um para mim!)... Uma outra coisa que não era comum na minha infãncia era brigadeiro... pelo menos, eu lembro que gostava mesmo era de olho-de-sogra... que comia nas festinhas de aniversário que me levavam...
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Essas doces lembranças açucaradas estão me levando a uma outra coisa que sempre degustei com muito prazer - rapadura! (afinal, sou sertaneja por descendência!) Taí um doce que nunca faltou lá em casa e que raramente eu compro aqui, pois o sabor das que encontro por aqui não se aproxima ao das que eu guardo na memória gustativa!
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Mamãe derretia as rapaduras para fazer mel, que eu gostava de comer com pão (é, ou era, um doce versátil... lá em casa, havia quem preferisse com farinha ou com batata doce cozida)! Mas papai sempre partia uma para ser devorada ao natural... (mamãe dizia que havia quem chamasse aquela delícia de "doce de martelo"...)
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O uso mais nobre do mel de rapadura, lá em casa, era para acompanhar os filhoses da segunda-feira de carnaval (segunda-feira gorda, como mamãe chamava... e aqueles filhoses realmente deviam fazer engordar um bocado, mas isso é totalmente secundário, não havia essa preocupação naquela época!).
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Não sei de onde veio a tradição de se comer filhoses no carnaval lá em casa... pelo que vi na internet, seria um costume português (alentejano, mais especificamente...). Bem, como lá em casa se falava em "batata do reino" e em "arroz da terra", pode ser que seja herança sertaneja... resquícios do colonialismo português...
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Pena que minha mãe entendia que só se devia comer filhoses naquele dia... (depois mudou um pouco, ela fazia para homenagear os filhos que moravam fora, especialmente Marcelo)
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Mas nunca faltava doce lá em casa... Os mais frequentes eram as compotas de frutas (mamão verde, caju, banana... o de laranja era meio "amargoso" e eu não gostava, mas era considerado "papa fina" pelos meus pais... e dava muito trabalho para ser preparado!). Essa doce fartura era promovida principalmente por papai, de quem herdei o amor aos doces! Não raro, sua sobremesa era composta por três ou quatro tipos diferentes de doces... e mais alguma fruta da estação... ;-)
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Bem, ao sentar aqui para alimentar minhas lembranças, não fazia idéia que o tema seria comida... relamente, não sou eu que escolho o tema! ;-)
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A foto ao lado é de meus pais... muito elegantes, para quem comia tanto doce, não é não? Papai adorava usar esses ternos brancos... eu achava muito bonito e acho muito adequado ao nosso clima... quando se tem mesmo que usar terno... ;-)

2 comentários:

  1. Querida, passei alguns dias sem abrir a internet e hoje,16/07, te procurei pra te ler e, só parei aqui.
    Que lindas memórias, e que jeitinho legal que tu tens de escrever.
    Estou fazendo esta viagem contigo, viu!
    E adorando!!!!
    Beijão e até amanhã!
    Carmita

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  2. Uau!! Estou viajando muito bem acompanhada! ;-)
    Tem sido muito bom escrever... além de ajudar a combater o Alzheimer!! ;-)
    Beijão, menina!

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