terça-feira, 7 de julho de 2009

No Jardim

Hoje foi um dia muito produtivo. Eu consegui finalizar o poster que apresentarei no ROSAE (I Congresso Internacional de Linguística Histórica, que acontecerá aqui em Salvador daqui a um pouco mais de duas semanas...). Eu já havia desistido por achar que não conseguiria compactar decentemente meu TCC em um painel de 1m X 80cm, mas Américo me deu umas orientações e umas injeções de ânimo, que foram fundamentais para que eu conseguisse produzir um bom trabalho... ROSAE, eu vou! (eu iria de qualquer modo, afinal, foram meses de muito trabalho para os que se envolveram na organização do evento... mas vou expor meu poster!) ;-)
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Devido a meu envolvimento nessa atividade acadêmica, hoje releguei minha lembranças a um quase-segundo plano... Só agora sento aqui para olhar para elas...
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Quando abro o blog, meus olhos recaem sobre a capa de O Cruzeiro... E eu fico imaginando se JK não tirou todo o aproveitou politicamente todos aqueles fatos de 58... Não sei como a coisa se passava na época, mas sei que hoje Lula, ou quem quer que estivesse no lugar dele, faturaria alto com as figuras daquela capa...
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Voltando às reminiscências de Lucinha... Sim... quase todas as coisas que entraram aqui nesse blog até o momento foram vistas e vividas por Lucinha... Eu já fui Lucinha!! Acho que não existe mais ser vivo que me chame assim, mas tenho uma toalhinha de mão com esse nome bordado em vermelho. O bordado é bem simples, na realidade, ela está "marcada" em ponto de cruz. Não tenho certeza se foi mamãe, Maria Sônia ou Joana (uma das poucas empregadas que lembro ter morado conosco por muitos anos... Joana marcou bastante minha memória... falarei sobre ela um dia!) quem bordou aquela toalhinha para eu levar na minha lancheira, quando entrei para o Jardim de Infância, mas sei que ela prova que já fui Lucinha!
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Apesar daquela toalhinha, existe uma outra, maior, onde aparece Carmen Lúcia... e era Carmen Lúcia que estava bordado também no meu "avental" (uma roupinha, na verdade, uma espécie de farda bem estranha que a gente usava lá no Jardim... não lembro se os meninos vestiam aquilo também, mas acredito que não... será que havia uma versão masculina? Não lembro! Parecia um roupão daqueles que a gente veste em consultórios médicos... fechado, abotoado, nas costas e com o nome bordado no peito...).
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Não era minha intenção, mas tenho que falar de meu primeiro dia de aula... Foi em 1956, eu tinha 4 anos e um já velho sonho de ir para a escola! Afinal, todos os meus irmão mais velhos iam e era todos muito sabidos!
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Antes de entrar para o Jardim, quando todos saíam (não sei onde Felipe estudava, acho que Bartolomeu estudava numa daquelas "escolas particulares" e Carlos e Marcelo já deviam estar no Pio X) eu arrumava uma pasta escolar velha que me fora dada para guardar meu material de desenho e ficava sentada no terraço, sozinha... eu esperava que o ônibus das Lourdinas passasse e imaginava que ia para a escola nele... (acho que queria estudar lá! Como fui, anos depois... até pedir para sair...)
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Acho que só a Velha de Capa me fazia entrar em casa antes que o ônibus passasse...
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Bem, um dia eu fui mesmo para a escola, não para as Lourdinas, mas para a Escola Modelo do Estado, para onde também foi Felipe (que já estava no primeiro ano primário). No meu primeiro dia, fui com mamãe. Era tudo encantador, naquela escola! Até a professora tinha um nome gracioso: d. Gracilda! A mobília do Jardim era toda em tamanho reduzido e até os vasos sanitários eram próprios para o nosso uso. Era mesmo um lugar maravilhoso!
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O que eu não entendia, era porque havia crianças chorando... Eu até perguntei a mamãe (pelo menos assim ficou registrado) a razão do choro deles... Bem, naquele dia eu descobri que me chamava Carmen... foi uma revelação surpreeendente! Não lembro quanto tempo eu demorei para me acostumar a ser Carmen, nem se foi difícil aprender a ser duas... Em casa, e na família mais ampliada, continuei sendo Lúcia (a medida em que eu crescia, ia deixando de ser Lucinha e outros nomes menos carinhosos me iam sendo impostos...). À medida em que eu desenvolvia minha capacidade de transgredir, passei a ser Carmen Lúcia nas ocasiões em que era repreendida e acho que é essa a razão pela qual eu prefiro não ser chamada assim...
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Bem, meu primeiro dia na escola foi deliciosa, até o momento em que eu percebi que minha mãe já não estava mais por lá... Havia uma parede de cobongós no fundo na sala e era atrás dessa parede que ficavam as mães. Eu estava adorando tudo, mas não deixava de conferir se aquele rosto amado estava lá... Quando dei por sua falta, abri um berreiro que só parou nos braços dela, no final da manhã. passei o resto do tempo chorando no colo de d. Gracilda...
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Não sei se demorei a me acostumar na escola, acho que não... só lembro de ter chorado naquele dia... Além disso, eu sempre quisera "estudar"!
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A foto que associo à lembrança de hoje é de 1957. Estamos, eu e Felipe, de farda e prontos para ir para a escola, mas naquela época eu já era veterana... estava na "Classe Intermediária", isto é, numa classe pós-Jardim, mas pré-Primário. Algo que corresponderia a Alfabetização (pelo menos na escola de Erick...).

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