terça-feira, 14 de julho de 2009

Lembrança maior do que "o cobertor"

Eu volto aqui agora para completar a postagem anterior, pois ao me dirigir para o Pilates fui incomodada pelas lembranças hoje postadas que reclamavam estar incompletas... (minha proposta é escrever apenas uma vez ao dia... espero que a situação não se repita!!)
.
Sobre o mingau embolotado, faltou dizer que talvez seja uma lembrança ainda mais remota do que a das formigas em procissão na varanda... Eu devia ter uns três anos, vovô Berto ainda era vivo e ainda frequentava nossa casa (minha lembrança dele é muito vaga... ele era tuberculoso e nós não nos aproximávamos muito dele... pelo menos comigo era assim... De vovó Xixica eu lembro que, naquela época, eu gostava de pentear seus cabelos brancos e compridos... eu subia num tamborete atrás da cadeira em que ela estava e ficava penteando aqueles cabelos que eu achava tão bonitos!).
.
O tal mingau me foi oferecido em uma mamadeira (eu ainda usava mamadeira na época!) meio diferente... na realidade, era uma garrafa de guaraná (que não lembro ter bebido!) com um bico comprido de uma borracha meio transparente... Lá em casa, eram assim as mamadeiras dos que já não eram bebés (sim, com acento agudo, que era como falávamos!)... O bico de minha garrafa teve que ter o buraco ampliado, para que aquele monte de bolotas pudesse passar por ele!
.
Pode-se ver que tentar tomar aquele mingau foi mesmo uma experiência traumatizante!!
.
Quanto ao leite, era entregue em domicílio... assim como o padeiro nos levava o pão, o leiteiro se encarregava de abastecer a casa de leite... Ele vinha em uma carroça de burro (ou cavalo?). Às vezes entrava até o quintal e eu podia dar um pequeno passeio de carroça até a rua, na hora da saída dele...
.
O leite era entregue in natura e guardado em uns depósitos (não lembro como se chamam esses depósitos, mas vejo uns parecidos aqui no prédio onde moro... numa garagem cujo dono deve ser fazendeiro...) metálicos com tampas que os fechava muito bem. Acho que aquele leite só era fervido na hora de ser servido.
.
O bom era quando, ao ser fervido, ele "talhava"... Aí virava doce e eu gostava!! Claro que não era um doce de leite igual ao que tia Lilia fazia e levava para a gente quando ia lá para casa (acho que era sempre em dezembro, que meus avós paternos e minha tia nos visitavam...), mas qualquer doce era muito melhor que leite!!
.
Uma coisa que me fazia ter repugnância do leite, era a nata que se formava sobre ele ao esfriar... Pois é... eu sentia nojo daquilo, mas lembro que Carlos adorava... eu realmente tinha um paladar diferente do dos meus maninhos... ;-) Meu leite, morninho, tinha que ser bem coado!
.
Na realidade, quase todos nós coávamos o leite para beber... apesar de mamãe retirar a "nata grossa" antes mesmo de colocá-lo na leiteira. Essa "nata grossa" virava um delicioso creme salgado que passávamos no pão (era nossa "manteiga boa"!). Às vezes mamãe "apurava" essa manteiga para transformá-la em manteiga de garrafa, mas eu não gostava... preferia a "manteiga boa"! Se bem que o subproduto da manteiga de garrafa era bem gostoso... A gente chamava "borra"... era a parte sólida que restava depois que a manteiga era "apurada"... mamãe misturava aquela borra com rapadura (não sei se era só com rapadura ou se havia outro ingrediente...) e aí ficava gostoso!
.
Além de virar manteiga, a nata também virava, mais raramente, deliciosos biscoitinhos (que mais tarde eu aprendi a fazer...)
.
Do café, lembro que nunca aceitei bebê-lo com leite (argh!) e que gostava mesmo do que mamãe fazia (depois assumi essa tarefa também, com muito gosto!), porque era forte... segundo meu pai, era "uma górda" (nunca ouvi essa palavra em outro lugar que não minha casa!)! Quando era ele que fazia, o café era meio fraco e eu não gostava muito...
.
Acho que agora esgotei o assunto... (espero!)

Nenhum comentário:

Postar um comentário