quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lembranças indigestas

Mais uma vez Erick acorda sem estar com a saúde 100% em ordem (como eu gostaria que estivesse!)... Está com uma leve amigdalite que me deixa ligada em sua cura...
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A dor de garganta de Erick, aliada à releitura da experiência traumatizante do mingau de farinha do Maranhão, leva meu pensamento para um outro pequeno (?) trauma de infância, este associado a remédios...
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Foi em Santa Luzia, a terra natal de meus pais, no sertão paraibano... Como já devo ter falado neste blog, eu frequentei muito pouco aquela cidade... Acho que a primeira vez que fui lá foi depois da morte de vovô Berto, quando eu tinha quatro ou cinco anos... Creio que toda a família viajou para lá, na ocasião, mas eu só lembro dos irmãos que ainda eram crianças e que passavam o dia "molecando" na rua com os amigos.
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Lembro de Bartolomeu e Carlos com "baladeiras" novas, enfiadas nos bolsos traseiros das calças (não sei se a memória não foi contaminada pela imagem do Pimentinha...), compradas na feira que funcionava em frente à casa de nossos avós. Acho que eles iam caçar passarinhos e matar lagartixas (meninos malvados!)... Aliás, quando eu era pequena ouvi dizer que as lagartixas choravam quando nascia um menino, que representava perigo para elas; mas sorriam quando nascia uma menina, que, por serem medrosas, eram garantia de diversão para qualquer lagartixa... Pense no mundinho machista em que fui criada!
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Também lembro que eles catavam pedrinhas (seixos) polidas para jogarem "gera", uma brincadeira infantil muito comum, naquela época; e que jogavam bola de gude no meio da rua...
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Pois é... eu estava, é claro, excluída das brincadeiras deles... Devo ter brincado com Felipe e Fernando, mas não lembro...
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Lembro que foi nessa ocasião que conheci outros dois primos queridos: Conceição e Hamurabi (na época, Bi... hoje, Hamurábi...). Esses seriam ótimas companhias para mim, pois nossas idades eram muito próximas, mas eles, acho eu, moravam na cidade e não estavam hospedados na casa de vovó, como eu... Não lembro de termos brincado muito juntos... eles deviam ter suas amizades locais!
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Hamurabi tem a minha idade e anos depois viemos a compartilhar amizades feitas no mesmo colégio (não chegamos a ser colegas, pois eu já havia ido estudar em Recife quando ele foi para João Pessoa e "caiu" exatamente na turma que eu abandonara, no Lyceu Paraibano... uma turma da qual não consigo, nem quero, me separar...). Também chegamos a ser colegas de trabalho, na Petrobras, mas ele pediu demissão e a partir daí nosso contato diminuiu (ainda que não tenha diminuído o carinho que tenho por ele!).
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.Já Conceição (a prima que todo mundo acha, ou achava, que é minha irmã gêmea), foi para João Pessoa antes do resto da família (estudar Medicina) e tivemos um certo contato na adolescência, que eu gostaria que tivesse sido maior! Na foto abaixo, além de Conceição (à esquerda, a mais alta!), estamos Carmo (de quem já falei antes), eu (como sempre, cuidando de Paulinho...) e Martinho (meu irmão, que morreu tão menino...). Estamos na Ponta de Seixas, que era assim em 1968... Eu frequentei muito o lugar em criança, quando íamos a pé, do Gonçalo até lá... No dia da foto, tínhamos ido de carro (ou, talvez, de jipe... que a gente não chamava de "carro"...), acho que com Bartolomeu...
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Bem, de volta ao Sertão... Durante aquela curta temporada em Santa Luzia eu tive uma diarréia (segundo papai, uma infecção intestinal) muito violenta e havia o risco de uma desidratação. Não sei a razão da diarréia, mas desconfio que a culpada foi uma "buchada" que me deram para comer lá... Alguém disse que teria sido porque eu comi muita groselha (uma frutinha que havia por lá, mas que não guarda relação de semelhança com o xarope que hoje conheço com o mesmo nome...) quente... Sempre falavam que "fruta quente" (isto é, tirada do pé, saboreada na hora e sob o sol...) era prejudicial à saúde, mas eu nunca acreditei! (nunca fiquei doente por causa dos cajus e dos araçás do Gonçalo!)
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A buchada é minha principal suspeita daquele atentado à minha vida! Pois é... minha cura foi muito complicada... Apareceu um primo de meu pai (como todos os demais habitantes da cidade!), segundo minha memória, que era farmacêutico e, segundo minha memória, chamava-se Belmiro... Ele levou uns comprimidos enormes que eu deveria tomar (ali eu criei um pavor enorme àquele cara! Morria de medo dele e ainda bem que poucas foram as outras vezes em que tive que encontrá-lo!)... Tentaram de todos os modos fazer com que eu engolisse aquilo, mas era totalmente impossível! Chegaram a tentar fazer com que eu ingerisse o remédio embrulhado em bala "puxa-puxa", que eu adorava... Mas eu punha a bala na boca, chupava até chegar ao comprimido, que eu cuspia fora!
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Não lembro como fui curada, mas fui! E lembro que depois daquela vez eu só provei a tal buchada já com 22 anos, na casa de uma amiga, no interior de Pernambuco. Novamente minha reação foi uma diarréia e eu, que não sou praticante de esportes radicais, não voltarei jamais a comer aquilo!
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Tanto na casa de meus avós, como na casa de Antonieta, o preparo da buchada incluiu o abate do carneiro no quintal, à vista de todos... Acho que todo o meu ser já começa a rejeitar o prato a partir daquela triste cena... Eu também não gostava de ver quando mamãe matava galinha, cortava o pescoço e deixava a bichinha pendurada, o sangue escorrendo para depois virar "molho de cabidela"... Eu sentia algo entre nojo e pena...

2 comentários:

  1. Huummm...então qr dizer q existe uma médica na família....rs...
    Descobri tbm da onde veio a antipatia por remédios....rss....será q isso é genético?Rs..
    Bjos tia!!!
    Mari

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  2. Mari,
    Na minha família (entre os primos) existem muitos médicos!
    Mas que remédio é coisa ruim, é, né não? ;-)
    Hoje já vi Erick colocando aquele spray de garganta sem necessidade... espero que não fique "viciado"! ;-)
    Bj!

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